sábado, 19 de abril de 2008

Entrevista: Shadowside

O Shadowside é uma das bandas brasileiras mais globalizadas do momento. O grupo colhe grandes frutos desde 2005, ano do lançamento de seu debut. Entre eles, está a última turnê que rolou nos EUA na qual o sucesso e a força do grupo ficaram mais do que demonstrados.

Ainda esse ano o Shadowside volta à terra do nosso querido George Bush para participar
de um dos maiores festivais de rock do mundo, o Rocklahoma, além de outros eventos.

Recentemente, a banda (atualmente formada por: Dani Nolden -vocal-, Raphael Mattos -guitarra-, Fernando Peto -baixo-, Fabio Buitvidas -bateria-) se disponibilizou para dar entrevistas a veículos de mídia de todo o mundo. O ARISE! não poderia ficar de fora...

Introdução por Artur Henriques e Wesley Rodrigues
Entrevista por Artur Henriques, Carlos Gonçalves, Leonardo Coutinho e Wesley Rodrigues
Fotos cedidas pela própria banda


ARISE! O álbum Theatre of Shadows foi lançado em 2005. Explique como tem sido sua repercussão no Brasil e mundo afora.

Dani Nolden: A melhor possível! Algumas semanas antes do lançamento do disco, nós não tínhamos expectativas, apenas a esperança de que as pessoas que nos conheciam gostariam tanto do resultado final quanto nós gostamos, mas não poderíamos imaginar na dimensão que a coisa tomaria. As críticas foram incríveis e continuam sendo, a repercussão foi enorme e nosso nome acabou sendo espalhado pela Internet de tal forma que as coisas aconteceram rapidamente em um espaço muito curto de tempo. Apesar de já ser um lançamento relativamente antigo e ter sido gravado há quatro anos, ele ainda chama a atenção e não há recompensa melhor do que essa. Nós temos muito a agradecer a todos os fãs, afinal nada aconteceria sem eles e a todos que têm nos apoiado desde o início. Nós estamos extremamente felizes com tudo que o Theatre of Shadows nos trouxe e isso nos deu ainda mais energia para escrever o novo material.

ARISE! O Shadowside lançou o Theatre of Shadows aqui no Brasil pelo selo Seven Music (ligado à Universal Music). Como você avalia o resultado dessa parceria? E em relação a Chavis Records?

Dani Nolden: A parceria com a Seven / Universal Music nos abriu muitas portas e nos ajudou a chegar onde precisávamos naquele momento. O trabalho rendeu bons frutos e agora mudamos de gravadora no Brasil simplesmente por causa de uma proposta melhor da LCM, que é ligada a EMI e a SkyBlue. No exterior, estamos trabalhando com a Chavis Records e estamos extremamente satisfeitos com o que eles estão fazendo. É uma gravadora que faz o que a maioria não faz mais pelos artistas, eles buscam acordos de endorsement, marcam shows e buscam agentes em locais que eles não atingem, agem como um segundo management. Isso surpreendeu até mesmo nosso produtor Dave Schiffman, que disse que nenhuma gravadora faz isso atualmente. Eles realmente acreditam nos artistas que contratam, então a escolha óbvia foi continuar trabalhando com eles no próximo álbum.

Dani Nolden

ARISE! Como surgiu a oportunidade que permitiu à banda ir em turnê aos EUA?

Dani Nolden: Foi a Chavis Records quem fez isso acontecer, mas como não sabíamos qual seria a reação do público, decidimos fazer uma turnê relativamente curta, de um mês, para testar o mercado e ver como seríamos recebidos. O presidente da gravadora, Bill, esteve em um de nossos shows em Las Vegas e ficou muito contente com o que viu e nós ficamos surpresos e satisfeitos com o público durante toda a turnê. Foi maravilhoso ver pessoas cantando as músicas do Theatre e até mesmo do novo álbum, nós tocamos algumas músicas que estarão presentes no CD e depois de escutar o primeiro refrão, eles cantavam o segundo, foi muito divertido interagir com eles dessa forma. Tudo isso nos convenceu a fazer mais alguns shows e recebemos o convite para festivais importantes, como o Flight of the Valkyries, que teve a Doro como headliner no ano passado e este ano, seremos co-headliners ao lado dos canadenses do Unexpect, e o Rocklahoma, que é um dos maiores festivais de Rock do Mundo, talvez o maior, eles tiveram um público de mais de 100.000 pessoas no ano passado.

Raphael Mattos

ARISE! Que diferença você pode notar entre o público norte-americano e o brasileiro e qual é a perspectiva da banda em relação aos EUA levando em conta que é um mercado mais fechado para o Heavy Metal tradicional?

Dani Nolden: Bem, todos eles entendem todas as letras por lá, então não dá pra esconder erros! (risos). Aqui, a maioria dos fãs sabe do que estamos falando porque já leram as letras, mas em um show de abertura, muitos não sabem sobre o que você está cantando, o que torna tudo apenas sobre a música e a performance, mas lá a letra é algo extremamente importante e muitos deles vêm conversar sobre os temas após os shows, isso é algo interessante porque não estávamos acostumados a fazer. O público brasileiro grita muito, é apaixonado, mas o americano também reage de forma intensa quando ele conhece a banda. Quando não conhece, ele fica quieto e observa todo o show, mas se gostar, aplaude e depois te fala que gostou, compra o CD. O brasileiro quando gosta, demonstra rapidamente. Mas enquanto todos pensam que é um mercado fechado, como nós mesmos pensávamos, o Heavy Metal tem um público grande nos Estados Unidos e ansioso por shows.

Ultimamente, todas as bandas americanas querem ser o Pantera ou o Lamb of God. Pessoalmente, não tenho um problema com isso, mas muitas pessoas estão cansadas de tantos grupos soarem iguais, mais ou menos como acabou acontecendo com o Power Metal, poucas bandas se sobressaem porque a maioria soa igual. Isso gerou uma demanda enorme por bandas não necessariamente tradicionais, mas que tenham melodia aliada a peso, sem perder a energia e nós entramos exatamente aí. Nós imaginamos que seríamos exatamente como quase todas as bandas brasileiras, pensamos que nosso mercado era principalmente a Europa e o Japão, mas apesar de alguns países europeus e latino-americanos terem abraçado nossa música primeiro, como Portugal, Espanha, México e Argentina, os Estados Unidos abriram as portas para nós de uma forma que nunca aconteceu para uma banda de Hard Rock / Power Metal no Brasil. Isso abriu diversos mercados para nós, além de fazer os países que já nos observavam como os que citei antes prestarem ainda mais atenção a nós e nos darem muito mais espaço. Desde o lançamento do Theatre of Shadows na América do Norte, nós crescemos muito por lá e tentaremos ir o mais longe possível. A mídia mainstream norte-americana tentou acabar com o Heavy Metal e dizer que ele está morto, mas os fãs, não apenas nossos, mas do estilo, estão presentes para provar que ele está mais vivo que nunca.

Fernando Peto

ARISE! Nos shows, você acha que o público reage de forma diferente por você ser uma mulher?

Dani Nolden: Bem, é difícil responder a isso, porque eu nunca fui um homem para saber se me tratariam diferente (risos). Mas eu não acredito que a reação é diferente. Acho que é tudo sobre a música e a reação independe de sexo, depende de carisma, talento e dedicação.

Fabio Buitvidas

ARISE! Quais foram os motivos da saída do baixista Lucas De Santis e dos guitarristas Rick Slater e Bill Shadow? E como a banda chegou aos seus novos integrantes, Raphael Mattos (guitarra) e Fernando Peto (baixo)?

Dani Nolden: Bill simplesmente se cansou de trabalhar com música profissionalmente. Ele ainda é meu amigo, faz tempo que não conversamos mas foi uma separação completamente sem traumas. Ele seguiu o caminho dele, o que ele acredita que é melhor para ele e isso é a única coisa que importa. Muitas pessoas pensam que música é apenas diversão e apesar de ser muito divertido, também tem muito trabalho duro envolvido, muito estresse em turnês e gravações, afinal sempre acontece algum problema e ele não queria isso para a vida dele. Talvez algum dia ele vai decidir voltar para a música e se decidir, ele terá todo nosso apoio.

Ricky sempre foi uma incógnita para mim, ele sempre foi divertido, era legal estar no palco com ele, compor com ele, mas ele é muito reservado, ninguém sabia o que ele estava pensando. Esse foi um dos problemas, nós não sabíamos o que se passava na cabeça dele e isso gerou algumas discussões, é como estar em um relacionamento e não falar o que está incomodando, eventualmente aquilo vai se tornar maior e você vai deixar seu parceiro pensando que um problema é grande quando não é, se vocês tivessem apenas conversado sobre o assunto, tudo seria resolvido facilmente. Essa falta de comunicação junto com algumas diferenças sobre o rumo que a banda deveria tomar tornaram essa separação inevitável. Não tenho mágoas dele, mas nossas diferenças de personalidade ficaram ainda mais evidentes depois de tudo isso, porque nem voltamos a conversar, infelizmente. Não porque nos odiamos, ou algo assim, mas parece que nunca tivemos nada em comum. Porém se ele me procurasse ou se nós encontrássemos na rua, eu adoraria conversar com ele, ele foi importante para a banda e sempre rimos muito juntos. O único que saiu de forma diferente foi Lucas, que simplesmente deixou muito claro que não tinha a menor intenção de levar música a sério. Três semanas antes de um show, ele simplesmente sumiu e tivemos que encontrar um baixista substituto, felizmente conhecemos o Edu Simões (atual baixista da Metal Jam), que fez o show extremamente bem e não ficamos com ele na banda apenas porque ele já tinha compromissos com a banda de um amigo nosso. Se soubéssemos desde o início que as coisas seriam assim, ele não teria sido o escolhido para entrar na banda. Nós queremos um grupo firme, que esteja olhando sempre na mesma direção e é o que está acontecendo agora. Fernando veio por uma indicação de um amigo em comum e decidimos conhecê-lo tanto como pessoa quanto como músico. Ficamos impressionados logo de início com o talento dele e decidimos passar algum tempo tocando juntos para ver se nossas personalidades seriam compatíveis, afinal depois de todos esses problemas, não queríamos ter outra surpresa. Ele demonstrou ser exatamente o que precisávamos, hoje nós temos um baixista extremamente seguro e competente, além de ser uma boa pessoa, que é responsável, mas entende e tem o espírito de Rock e Metal. Raphael já era um conhecido de muitos anos, não nos conhecíamos bem, mas Bill já era amigo dele, então quando saiu, ele mesmo o indicou. Ele caiu como uma luva na banda, é técnico, mas tem uma pegada impressionante, uma presença de palco muito forte e é completamente maluco, então combina com todos nós (risos). Temos um time incrível, com uma química excelente e somos muito abertos um com o outro. Fábio e eu aprendemos muito com tudo que tivemos que passar desde o início das gravações do Theatre of Shadows, então sabemos bem como manter o grupo unido e sem brigas. Se algo acontecer no futuro, o que eu espero que não aconteça, será apenas caso alguém decida seguir por outro rumo musical. Claro que não podemos prever o que vai acontecer, mas não nos vejo tendo discussões sérias simplesmente, porque somos muito sinceros um com o outro e nos respeitamos muito.

ARISE! Comente um fato marcante nesse tempo de convívio da banda.

Dani Nolden: Acho que nada é mais marcante que as bobagens que são feitas... como durante uma das viagens da turnê americana, paramos para tomar um café na estrada e Fábio colocou o copo na porta da van. Acho que ele estava com tanta fome que fechou a porta, esquecendo que o café estava lá e espirrou café no carro todo. Não satisfeito com isso, ele abriu a porta, limpou tudo e fechou a porta de novo, repetindo o ciclo...(risos). Acho que nunca vou esquecer isso! Em relação a coisas sérias, foi maravilhoso, alguns dias após nosso retorno ao Brasil, ler um e-mail novamente do Fábio, perguntando quando teríamos mais shows, porque ele já estava com saudades de todos nós. Esse tipo de coisa não tem preço, a amizade que é construída, apesar de todas as dificuldades que existem no trabalho em grupo, é provavelmente a coisa mais preciosa que você pode ter como resultado de formar uma banda.

ARISE! Como foi a experiência de trabalhar com o produtor Dave Schiffman (System of a Down, Red Hot Chilli Peppers, Audioslave, Avenges Sevenfold e outros)?

Dani Nolden: Ele é muito competente. Não existe outra palavra para definir melhor o trabalho do Dave, isso já era óbvio antes mesmo de começar o trabalho, afinal a lista de artistas com quem ele já trabalhou é enorme e impressionante. Ele é perfeccionista, mas também muito preocupado em manter a energia do Rock. Desde o início, ele respeitou as características da banda, nós falamos que queríamos manter as melodies marcantes, o peso, a intensidade e ele extraiu de nós todo nosso melhor, o que nos ajudou a alcançar exatamente o que estávamos procurando. Ele é muito tranqüilo, procurou sempre deixar a banda confortável e sempre soube o que fazer para nos levar até nosso máximo no momento. O disco já está mixado e está sendo masterizado neste momento por Howie Weinberg, que já trabalhou com Aerosmith, Sepultura, Slayer, Metallica, Rammstein, entre muitos outros. Isso tudo tornou nosso trabalho muito mais fácil, afinal tivemos a certeza de que nossas idéias estão fielmente reproduzidas nesse álbum. Não tivemos limitações em relação ao que queríamos criar e acredito que as novas músicas chocarão muitas pessoas, de uma forma positiva. A banda amadureceu muito desde o Theatre of Shadows e estamos ainda mais ousados, tiramos tudo que não nos representava e fizemos um disco 100% Shadowside. Levamos o que já fazíamos ao extremo, com algumas partes ainda mais pesadas e algumas outras mais melódicas, já que todos já sabiam que eu sabia gritar, mas ninguém sabia que eu sabia cantar (risos). Fiz alguns gritos ainda mais agressivos, junto com riffs de guitarra violentos, mas algumas músicas e partes virão como uma surpresa enorme para muitos que nunca nos viram assim e nossos fãs ouvirão uma forma de minha voz que nunca ouviram antes, algo bem mais suave, mas não delicado demais. Porém também temos o que as pessoas gostavam antes, então acredito que é um material muito interessante tanto para nossos atuais fãs quanto para os novos.



ARISE! Vocês se dedicam integralmente à banda ou possuem empregos paralelos?

Dani Nolden: Todos nós somos músicos em tempo integral. Seria impossível ter um emprego comum e sair em turnê por três ou quatro meses, como faremos no meio do ano, já que estaremos nos Estados Unidos durante Julho e Agosto, na Europa em Setembro, e na América do Sul/Brasil a partir de Outubro. Quando temos tempo livre, entre gravações ou turnês da banda, fazemos outras coisas ligadas à música, como produções e shows com outras bandas. Eu estou começando a me envolver com desenvolvimento de bandas novas. Nós não sabemos fazer outra coisa, então não temos escolha, somos músicos ou morremos de fome (risos).



ARISE! Deixem um recado para os leitores do Arise!

Dani Nolden: Bem, eu espero que vocês tenham dores no pescoço por balançar demais a cabeça ouvindo Shadowside (risos)! As meninas talvez podem pedir uma massagem aos outros membros...(mais risos). Agradecemos ao Arise! pelo espaço e apoio e a todos os fãs pelo carinho e apoio durante toda nossa até agora curta, mas muito agitada carreira. Nos vemos em breve!

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Shadowside:

Site – http://www.shadowside.ws/
MySpace – http://www.myspace.com/shadowsideband
Perfil no Orkut - http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=16762492068105401106
Comunidade no Orkut - http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=370515

4 comentários:

Anônimo disse...

Além de cantar muito essa Dani ainda é um tesão.

Anônimo disse...

A simpatia e bom humor da Dani tornou a entrevista gostosa e dinâmica. parabens ao blog e a banda!

Anônimo disse...

Só pra lembrar a todos da promoção do Statik Majik. Ver na seção de Promoções do blog.

É facílimo ganhar um cd da banda. Não deixem de participar.

Anônimo disse...

absolutamente fantástica essa entrevista. eu amo o blog arise.