Mostrando postagens com marcador Opiniões. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Opiniões. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

UMA DURA REALIDADE NA CENA DO METAL!


GRAVADORAS INTERNACIONAIS ESTÃO IGNORANDO ALGUMAS BANDAS MUITO BOAS! A PORCENTAGEM É MUITO PEQUENA!

O QUE IMPORTA É A QUALIDADE MUSICAL E A QUALIDADE DA GRAVAÇÃO DO SOM EM ESTÚDIO.


Temos o prazer de ter apresentado DYING SUFFOCATION, bem como outras excelentes Bandas na nossa nova Coletânea volume 13!

Está é uma banda de Doom Metal muito boa, realmente, para os fãs de SERPENT RISE, (Antigo) MY DYING BRIDE, (Antigo) ANATHEMA, (Antigo) PARADISE LOST !!!

IMPERATIVE MUSIC COMPILATION DVD VOLUME 13 Orgulhosamente apresentou:
 
DYING SUFFOCATION [Brasil]

Doom Death Metal como dos Britânicos! 


DYING SUFFOCATION deveriam ser um grande Artista na Peaceville Records, as Gravadoras não estão prestando atenção para assinar bandas boas, ainda que seja uma banda Brasileira, qual é o problema? O que importa é a qualidade Musical e qualidade de som decente em estúdio.

Este não é o único caso e nem o primeiro, existem vários bons Artistas do Brasil, Japão e outros países apresentados nesta Nova Compilação que vale a pena ser assinado por Napalm Records, Nuclear Blast Records, Metal Blade Records, Frontiers Records, na minha opinião sincera. Há mais de 30 Bandas e é difícil de acreditar que os Donos de Gravadoras não encontre nada interessante para ser lançado por eles. É IMPOSSÍVEL não gostar das Bandas apresentadas em IMPERATIVE MUSIC COMPILATION VOLUME 13.

E-MAIL:
alexhabigzang@gmail.com

FACEBOOK:
www.facebook.com/DyingSuffocationDoom

OFFICIAL VIDEO-CLIP: 

Fonte: Imperative Music

sábado, 19 de novembro de 2016

10 Coisas Fundamentais que as Grandes Bandas Fazem!

Revelando os segredos...

por Gilson Rodrigues de Arruda, Imperative Music.

Deste os anos 90 eu estou trabalhando na Cena do Metal tanto no Brasil como no exterior, e gostaria de compartilhar o que geralmente as bandas famosas hoje em dia fizeram no passado, talvez as novas bandas possa aprender alguma coisa disso e se beneficiar em sua carreira.

Também, além de minha experiência em relações internacionais com bandas, gravadoras, lojas, imprensa da Europa, Estados Unidos e Japão, eu também sou formado em Comércio Exterior e notei várias ferramentas, situações, políticas nos negócios a nível mundial.

Trabalhar a nível Nacional é uma coisa, ainda é importante sempre ser profissional, mas trabalhar a nível Mundial, é um passo trabalhando aos poucos com muito profissionalismo e muita paciência e humildade.

10 Sistemas Básicos no Negócio da Música Pesada:

1 – Isto é um negócio, haverá empresários querendo ganhar dinheiro, mas a sua banda pode ganhar espaço e algum dinheiro nos lugares certos. Se for querer fazer shows no exterior, procure uma agência, pergunte as bandas que tenha trabalhado com o mesmo, e se for querer investir na Europa, selecione países ‘chaves’ como a Alemanha, França, Inglaterra pois nestes países têm muito público e muitas Gravadoras e Revistas mais importantes para tentar fechar um contrato, conseguir entrevistas, vendas de merchandise, etc.

2 – Faça negócio com todo mundo, não é capitalismo, mas o que eu quero dizer é a questão de parcerias, por exemplo, não deixe de enviar seu CD para resenha para um Fanzine da Bolívia, da Lituânia, pois eles são tão importantes como um da Alemanha ou Estados Unidos. Sei de uma história que uma banda da Suécia foi contratada por uma Gravadora Europeia após terem respondido uma entrevista para um pequeno fanzine da Bolívia, incrível né? Eu já ouvi e sei de bandas que não fazem entrevistas com todo mundo, ou não enviam material promocional para conseguir resenhas em outras partes do mundo, qual vantagem tem nisso?

3 – Responda os Emails dentro de 24 horas ou no máximo em uma semana, se caso estiver passando por problemas pessoais. Lembre-se, o bom atendimento é fato para manter clientes e as pessoas vão ver você como um cara responsável para futuros negócios. Na página do Facebook e de outras redes sociais coloque os seus endereços de contatos (Emails, Endereço Postal, Website, Telefone).

4 – Aprender Inglês custa caro, e as nossas escolas ensinam quase nada. Pelo menos o vocalista da banda precisa dominar essa língua, vai ter utilidade, é algo a pensar e estudar.

5 – Ter banda é um investimento a longo prazo, as vezes, não é com o primeiro álbum que a banda vai conseguir sucesso, veja as bandas do passado, muitas delas conseguiram contratos internacionais com Gravadoras quando a banda lançou o segundo ou terceiro álbum de forma independente ou por uma gravadora pequena de seu país como foi o caso de Behemoth, nestes casos, a persistência é fundamental.

6 – Divulgação nunca foi e nunca será um investimento perdido. Todas as mídias é um canal para conseguir algo diferente, alguns leitores leem somente uma revista, sendo que o país pode ter duas revistas, então seria bom enviar seu promo-CD para ambos, entenderam? Comece a divulgar a nível local, estadual e depois a nível nacional, e quando a banda estiver madura e ter um material bem gravado, invista no mercado internacional.

7 – Conexão e Cooperação com outras bandas do seu território e de outras localidades. Dê confiança e espaço para aprender com todo mundo, também você vai precisar correr atrás das pessoas, e não ficar esperando que o telefone toque para conseguir as coisas. Muita humildade e entusiasmo será bom para construir a sua carreira no mundo da música.

8 – Se não for no primeiro álbum, faça um esforço e planejamento para lançar um álbum/CD o mais profissional possível, gravado, masterizado em estúdios de renome. A capa e designer do CD precisa ter boa apresentação. O mesmo é relativo a video-clip, tente uma produção profissional.

9 – Compartilhar! Uma ferramenta de nossos dias pelas Redes Sociais, porém antes era fotocopiar (xerox) os Flyers e passar pelas cartas, e dava certo. Hoje no Facebook por exemplo, compartilhar (Like, Share) faz as pessoas ficarem informadas dos shows, das resenhas da sua demo ou album, informar o lançamento do CD ou camisetas. Qualquer e todas as matérias sobre a sua banda, é um dever compartilhar para manter a banda em alta e conseguir novos fãs, porque você acha que o Metallica ou Megadeth estão todo dia “enchendo” o saco (no bom sentido, risos) com novos vídeos, comentários ou algo da vida particular deles? Este é um tipo de “Marketing” para conquistar e direcionar os ‘olhares’ para eles. Não acredito que as bandas grandes toquem só o que eles querem ou gostem, 80% da elaboração do repertório é para agradar, aproveitar a onda do cenário musical atual, como  sabemos, já teve a onda mais Hard Rock, a onda Grunge, e na atualidade estamos na onda mais pesada ou extrema, veja o grande sucesso e interesse das grandes Gravadoras por bandas como Behemoth, Amon Amarth, até em filmes aparecem as músicas dos caras. Até Dream Theater, Metallica deixaram seus álbuns recentes mais pesados, portanto a tendência é o Metal pesado, é preciso prestar atenção e acompanhar este movimento, se a sua banda tem a intenção de fazer sucesso.

10 – Seja vocês mesmos, copiar é algo que eu diria: É meio caminho andado para o fracasso. Eu sei que todos nós somos fãs de muitas bandas, porém, mas imitar a voz, os riffs de uma banda grande, pode limitar o interesse da grande maioria, ser melhor do que o original, é algo que eu nunca vi, sinceramente. Na era da Demo pode ser até divertido ver uma banda imitando, tocando como um tal banda grande, mas quando a banda vai lançar um álbum, melhor tentar ser original no máximo que puderem. Eu sei que muitas bandas tem influências, mas não pode ser uma cola na cara que alguém diga, isto é igual a tal banda. O ideal seria alguém dizer, essa banda é tão boa como tal e tal bandas.

Desejo a todas as bandas boa sorte e que este relatório que descrevi nos anos que venho a trabalhar no Brasil e resto do mundo possa ser de alguma utilidade e melhoramento na carreira de sua banda, um abraço para todos!

terça-feira, 25 de maio de 2010

O Metal e os rótulos: necessidade ou erro?

Desde que comecei a travar contato com o underground do Metal, no já distante 1985, lembro-me dos rótulos atribuídos a esta ou aquela banda. E, mesmo naquela época, já via isso da forma mais terrível possível, embora somente hoje, já bem maduro, possa ver o real malefício que rótulos causam.

Por Marcos Garcia

Explicando: desde que a sociedade humana aprendeu a se organizar, as pessoas tendem a rotular tudo que foge ao senso comum como se fosse algo novo. Isso não é mal, mas o que está por trás disso sim, que é a mania de padronização, de querer organizar e encaixar isso ou aquilo como um livro em uma estante, ou mesmo como um tijolo na parede. E nós, bangers ou simplesmente roqueiros, caímos nesse erro pavoroso.

Exemplo: Nos anos 80, graças às pregações dignas de pastores dogmáticos, o MANOWAR com seu grito de ‘Death to False Metal’, direcionou a fúria dos fãs de Metal da época, suscitada por esta mesma troupe, sobre as bandas de Metal californianas, que bebiam na fonte do LED ZEPELLIN, Aerosmith, NEW YORK DOLLS e GARY GLITTER, sendo seus herdeiros considerados pelo MANOWAR como ‘False Metal’. Mas quem deu ao MANOWAR doutorado em Metal para fazer isso?

Garanto que eu não fui...

E aqui, na terrae brasilis, muitos fãs se tornaram radicais, a ponto de existir roubo de camisas e conflitos com a galera que gostava do Hard Californiano. E por conta disso, a cena metálica brasileira sofreu uma queda brusca no número de fãs nos últimos anos da década de 80, por conta da babaquice de certos radicais que acabaram espantando muitos futuros bangers. Graças a São Roberto Medina, que realizou o Rock in Rio II e III, a cena se renovou. Os radicais? Em sua maioria, desapareceram, pois foram ouvir outros estilos musicais.

O VENOM cunhou para si, numa atitude comercial, o rótulo de Black Metal, bem como surgirá ainda o Power Metal, que a início abarcou bandas como SLAYER e Metallica, e mais tarde, ambos os estilos se tornaram Thrash Metal. MASTER, DEATH, HELLHAMMER e POSSESSED dividem a co-criação do Death Metal. E daí para frente, os rótulos só aumentaram. Óbvio, cada banda queria chamar para si a atenção como ‘original’, para poder vender discos, camisas e outros apetrechos para poder existir. Amor pelo Metal não enche barriga vazia e nem paga as contas...

O problema do rótulo em si não está associado à catalogação desta ou daquela banda. Isso em si é legal, pois ajuda a dar uma organizada. Mas NÃO É BOM quando algumas pessoas assumem o rótulo para si, ou seja, começam a querer só ouvir este ou aquele estilo, muitas vezes, sob a influência de veteranos que lhes dizem que ‘esta é a melhor subdivisão’, ou ‘isso é música de banger’, ou mais ainda, ‘isso é música de macho’.

Tantas frases decoradas para justificar uma coisa injustificável, que é a perda da persona em prol de rótulos...

Qual o mal do sujeito que ouve de tudo em Metal? Ele está errado?

Na mentalidade ampla dos que realmente entendem o que é o Heavy Metal e seu motivo de existir, o erro está em criar dogmas metálicos. Ninguém precisa ouvir Death ou Black Metal direto se não o quiser, e o mesmo vale para quem acredita que só existe Metal Melódico (como citei acima, o rótulo Power Metal não se encaixa nestas bandas. O que o Slayer do ‘Show No Mercy’ tem com o STRATOVARIUS?).

As diferenças já existiam nos anos 70, mas pergunte a algum fã de Rock da época se ele deixou de ouvir BLACK SABBATH, LED ZEPELLIN, DEEP PURPLE, UFO, THE WHO, Pink Floyd, JETHRO TULL, BLACK OAK ARKANSAS, RUSH ou SCORPIONS porque esta banda era a mais pesada, ou mais criativa, ou mais melódica, ou sei lá mais qual desculpa nasça dos cérebros dogmáticos pós anos 80. Ele vai responder com um longo e sonoro ‘NÃO!’, uma vez que música não é real ou falsa. É apenas música...

O que quero dizer, basicamente, são quatro coisas:

1 – Não deixe que um rótulo governe sua vida. Se desejar ouvir DEATH, BEHEMOTH, RUNNING WILD, ICED EARTH, SONATA ARCTICA, CRADLE OF FILTH, KULT OV AZAZEL, DISSECTION, GRAVE DIGGER, THERION, LACRIMOSA, TRISTANIA, SIRENIA, LED ZEPPELIN, RUSH, FATES WARNING, MOTLEY CRUE, BON JOVI, Iron Maiden, VIRGIN STEELE, MANOWAR e qualquer outra banda ao mesmo tempo, é um problema seu, e nenhum babaca metido a Ph.D. em Metal pode lhe dizer que isso está errado. O pastel pode querer passar o verão brasileiro debaixo de roupas pretas pesadas e ter uma bela insolação, mas eu prefiro minha bermuda estampada e colorida, e uma bela camiseta branca sem mangas...

2 – Se algum dos famosos ‘Metavangelistas’ quiser lhe encaixar nessa ou naquela estante de livros, diga com convicção ‘Não sou um livro!’ e pronto, o panaca sumirá da sua vida;

3 – Se você tem um approach não radical, estará ajudando a fragmentada cena a continuar existindo, porque ir somente a shows desse ou daquele estilo, bem como comprar CDs da mesma forma, acaba pulverizando a cena, e com vendas baixas de CD, as bandas de fora se afastam daqui, vindo somente as ‘majors’. O Metal precisa ser comercialmente viável para incentivar promoters de shows a continuar com eventos, bandas a lançarem CDs, selos a investir em bandas novatas. É assim que uma cena pode existir, senão, não se pode fazer absolutamente nada;

4 – As convicções de uma pessoa são dela, e são moldadas por vários aspectos da vida, a maioria deles nada tendo com Metal, então, não há sentido em seguir dogmas e os impor a quem quer que seja. Se quiser acreditar em algo, ótimo, mas é problema seu. Evite divulgar algo como ‘certo’ ou ‘errado’, pois conforme a cultura de cada pessoa, esses rótulos mudam.

Ou seja, não permitam que pensem por você, que lhe digam o que fazer como banger.

O Metal não é igreja.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Headbangers e Música Clássica

Por Wesley Rodrigues
O que este singelo texto pretende é apontar criticamente uma postura relativamente comum entre headbangers que é a construção de pontes (não as musicais, claro esteja) entre o heavy metal e a música clássica, feita ora através de associações que no fundo dizem muito pouco, ora através de argumentos acentuadamente delirantes. A real intenção dessa idéia é muito clara: a valorização e a legitimação de um estilo muito comumente associado à estupidez, à loucura e etc.. O que procuro dizer aqui não é de forma alguma negar as eventuais semelhanças que há entre os dois estilos, até porque não tenho a mínima competência e conhecimento para um estudo comparado de música. Mas o que posso dizer aqui é que barras estão sendo forçadas por uma necessidade desnecessária.
Imaginemos, e esse é um difícil exercício de imaginação, que uma banda de pagode, por exemplo o Sorriso Maroto, incorporasse em suas músicas tremendos riffs distorcidos. Uma coisa como essa provavelmente descaracterizaria o som da banda, a transformando para muito longe do que era. Mas eu não disse que seria fácil visualizar algo assim, então nos esforcemos para aceitar a existência de uma música simbióticamente metal e pagode, sendo uma sem deixar de ser a outra. Ora, será que os headbangers em massa iriam dizer: “Isso que o Sorriso Maroto faz..Bem, isso tem bastante a ver com o que eu escuto.”? Não, meus amigos, os headbangers não fariam isso. Afinal, o Sorriso Maroto não goza do mesmo status quo que o Mozart (muito justamente). E que o que se quer realmente não é ver que música pode ter raiz em que música, mas sim saber com o que nós podemos associar nossa imagem para apagar esse estigma de descerebrados, entre outras coisas, que os meios de comunicação hegemônicos, entre outras coisas, nos deram.
E vai se muito longe para se atingir esse objetivo. No filme “Metal: a headbanger’s journey” de Sam Dunn, esse cara que é 100% headbanger e não muito intelectual, há dos truques mais sujos. Trata-se de algo que não se diz por aí recentemente, mas já é um papo que circula há um bom tempo. São coisas como “Beethoven se fosse vivo hoje estaria muito bem no Deep Purple e Mozart, no Led Zeppelin” Acho que essa frase é recebida às vezes como uma alusão, ou uma ilustração à idéia, mas creio que o sentido que é mais abrigado pelos ouvintes dela é algo bem próximo do literal mesmo. De qualquer forma é uma sandice. O que o confirma é não só o extremamente perceptível fosso estritamente musical que há entre os dois lados, essa coisa que é justamente o que eles insistem em diminuir, como também toda uma carga cultural de valores e sentimentos associados aos estilos que também são componentes indissociáveis da música. Um blábláblá técnicolóide de instrumentos que se parecem e etc, argumentos utilizados no filme, não são suficientes para convencer nem isso, nem muito menos que isso.
Mas alguém poderia dizer algo menos ousado, como o Andreas Kisser, que há uma força na música de Beethoven que o remete ao Heavy Metal, e que faz dele o primeiro headbanger e tal, ou mesmo afirmar as semelhanças técnicas (ou blábláblá tecnolóide), agora não como argumento que evidencia uma semelhança, mas como a própria expressão dessa semelhança. Muito bem, posso concordar, nós podemos pensar em proximidades entre as duas coisas. Mas o que isso realmente nos diz? Diz algo, mas certamente não é que Heavy Metal e música clássica compartilhem de uma ontologia comum, onde a segunda seria a raiz da primeira, como todos querem demonstrar. De qualquer forma, e aqui eu sou repetitivo, a questão não é “o que?”, é “por que?”. Por que não enfatizamos semelhanças entre o rock e 
o axé? Será que aquelas guitarras do Chiclete com Banana não podem nos remeter ao rock de alguma forma? Ou somos nós que fechamos os olhos para isso? Sim, porque as possibilidades para esse tipo de coisa são infinitas: sirva-se com as peças de que dispõe e brinque de juntar.
Quero deixar claro aqui que na verdade pouco importa quais sejam as pontes técnico-musicais que se possam traçar (e de fato há). Tanto faz também se o clássico é mais parecido com o metal do que o axé com o rock. O que coloco aqui é que elas não só são superdimensionadas e perdem seu valor na medida em que outras comparações podem ser feitas com outros estilos (ou seja, essas comparações perdem seu cárater especial, sua singularidade), como, mesmo existindo, não passam de pura postura apologista.
Ela é tentativa de um casamento forçado. É como os reis que afirmam que sua linhagem provém de um deus ou de Carlos Magno. É até ridículo e é tão mais ridículo quanto mais forçado é: para citar um fato muito bem lembrado pelo meu amigo Artur, aind aque não possa servir de cerne para o argumento desenvolvido aqui, muitos headbangers ao preencherem seu perfil no orkut (ah! essas coisas que as pessoas gozam fazendo!) não deixam de enfatizar as referências eruditas ao lado de bandas de thrash, sabendo nós que na prática só as segundas ocupam os mp3s, restando às últimas só o respeito.
Apesar de as afirmações de comparação positiva terem algum fundamento (descontado quando elas são muito loucas), 1)elas não dão conta do que se espera delas, e 2)o que se espera delas é algo que não precisamos.
O Heavy Metal é uma coisa forte e linda e não precisa de nada além de si mesmo para se justificar. E se não é assim que a sociedade o vê...bom, pior pra ela. O que não se pode fazer é andar por caminhos tão tortos.
Por isso, compus um grito: “Iste, iste, iste. Beethoven é o caralho, eu quero ouvir é um Judas Priest.” ;-)

sábado, 24 de janeiro de 2009

Opinião: Hierarquia

Escrito por Wesley Rodrigues

Que no heavy metal existe bastante arrogância, me parece ser ponto pacífico entre todo bom observador. Ele é forte a despeito das vozes destoantes e crescentes (e por vezes contraditórias) dos que pregam o respeito e a “convivência harmônica” entre os sub-estilos dentro do gênero. Por aí, a gente vê pessoas falarem envolvendo noções de “melhor” e “pior” com uma objetividade extrema. É o tipo de pensamento encabeçado por aqueles que acreditam terem chegado à essência do metal, ao seu conhecimento real. Em outras palavras, elas sabem o que é e o que não é o Heavy Metal; o que é e o que não é ser headbanger; o que é melhor e o que é pior; o que é certo e o que é errado.

Isso não está presente só nos discursos daqueles extremistas confessos como o super-tradicionalzão que não gosta de melódico ou o black que diz que o thrash é coisa de playboy (Digo isso sem prejuízo aos grupos citados. Afinal, um texto que pretende, entre outras coisas, chutar o preconceito porta afora, não pode permitir que ele entre pela janela). É dito também de uma forma menos esdrúxula, está na derme, ultra-generalizado, mas não é menos prepotente por isso. Um bom exemplo desse caso -que poderia ser exemplo também do caso precedente- é a exaltação das produções antigas em detrimento das novas, coisa que se faz com uma gratuidade sem tamanho. (Isso deve ser posto em xeque principalmente por uma geração na qual Stratovarius, Cradle of Filth, Nightwish, Nevermore circularam muito mais no cd player do que Rainbow, Motorhead, Rush ou até mesmo Black Sabbath.) Que se olhe as coisas sob outros termos para que se discuta música com qualidade, porque esse negócio de usar a “senioridade” como argumento é ridículo. Tem o “Ah! Antigamente...” e o seu extremo imbecilóide, o “O Heavy Metal está morto”.

Que fique claro que o que se critica aqui não é uma questão de gosto. Naturalmente, as pessoas tem preferências. Gosto é como aquela certa coisa, cada um tem o seu, ouve o que lhe agrada e dispensa o resto e nisso não há problema nenhum. Não há nada de errado em preferir o heavy ao melódico, o black ao thrash e o velho ao novo ou em dizer que o prog é chato pra caralho e o death blast beat é maçante. Foda-se isso. Esse texto não bebe em nenhum reducionismo de inspiração pós-moderna. Não se trata pois de uma questão de gosto mas sim de uma questão de estabelecimento de hierarquia de gosto. Aí é que a coisa fede. Isso é crônico no Heavy Metal -basta uma breve lida na Roadie Crew e na Brigade para constatar- e tem lugar especial nos cânones do headbanger clássico.

Até onde eu posso ver, as consequências disso não são lá catastróficas mas não deixam de ser significativas. Castração da liberdade é uma delas. Pode ser uma camisa de força que limita e empobrece os ouvidos. Particularmente, me sinto bem lesado pelos anos em que eu seguia um roteiro musical fixo - e nem era tão rígido assim. No limite, essa arrogância traz problemas de união, coisa já bem amargada pela nossa cena carioca (e da qual ainda somos carentes, diga-se de passagem).

Enfim, esse texto não pretende ir muito longe, mas acho que ele é mais do que suficiente para dizer que já passou da hora de os ditadores do metal se calarem.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Opinião: O que é a cena?

Por Gabriel Bastos

Antes de tudo, gostaria de parabenizar o blog Arise por esse espaço de textos de opinião, muito interessante a iniciativa. E venho fazer a minha “estréia” por aqui com um assunto que se tornou muito freqüente (espero que não tenha se tornado maçante) nos últimos anos: a tal da “cena”. Afinal de contas, o que ela é? Como ela afeta as nossas vidas? Como funciona? Por que pessoas de diversas regiões do país reclamam de uma “crise da cena”? Por que essa crise existe? Não vou tentar responder essas questões como verdades, mas sim pelo o que eu venho observando nesses últimos anos e conseqüentemente concluindo. Não vou entrar muito no caso específico da cena carioca, pois não passo de um recém-chegado nessa cidade e por alguns motivos de saúde tive oportunidade de ir a poucos shows e assim observar os fenômenos da cena. Portanto, meu texto vai focalizar a cena mais em um contexto geral mesmo. Um contexto nacional.

Para explorar o ponto em que quero chegar nesse texto, o mais prudente seria começar pelas duas primeiras perguntas. Eu acho que quando nos referimos a palavra “cena”, estaríamos nos referindo a um fenômeno de manifestação cultural local. Mas que diabos é uma manifestação cultural? Seria uma manifestação de uma série de coisas que envolvem uma cultura. No nosso caso, a manifestação cultural em questão seria o metal e essa série de coisas seria eventos relacionados ao estilo. Shows, workshops de músicos do estilo ou qualquer outra coisa que mantenha essa cultura (o metal) viva. Podemos nos referir em vários contextos locais (municipal, estadual, nacional e etc...).

Como ela afeta as nossas vidas? Simples: além de termos um leque maior de coisas pra fazer no quesito lazer (ir a eventos é acima de tudo lazer!), quanto mais shows sérios acontecerem na região em que vivemos, mais oportunidades para se promoverem as bandas sérias. Essas bandas, conseqüentemente, poderão lançar mais material gravado (isso afeta diretamente a sua vida no quesito lazer também, pois você terá mais coisa de qualidade para ouvir em sua casa), tendo mais material gravado poderão excursionar em outras regiões (caso essa região tenha uma cena aceitável com infra-estrutura aceitável para receber a banda), atrair mais público para o estilo... em conseqüência de uma cena local forte, bandas de outras regiões também terão a oportunidade de tocar na cidade da cena em questão, e se tudo for crescendo (no plano macro e no plano micro), a cena vai se fortalecendo e assim as bandas novas terão mais chances para se promoverem e por aí vai. É um ciclo.

Mas o que será que está abalando esse ciclo, que se olharmos rapidamente é tão fácil de estar em harmonia? Aliás, qual parte do ciclo está deficiente?

Atualmente a cena brasileira se encontra com nomes brilhantes no underground e um mainstream enfraquecido. Digo, o underground está com problemas de público e em algumas cidades até com problema de infra-estrutura, enquanto o mainstream (quando me refiro ao mainstream não me refiro no sentido degenerativo, me refiro apenas a bandas que atingiram um patamar maior de sucesso) está com os grandes nomes de outrora, meio abalados. É o que muitos reclamam: Sepultura desfalcado sem os irmãos Cavalera; Angra com as atividades pausadas; Korzus há um milhão de anos sem lançar um álbum novo; Shaman com a formação nova completamente insatisfatória, com o André Matos do outro lado que não conseguiu agradar muito o público direcionado (no entanto este último é o que ta se dando melhor ultimamente) etc e tal... Grandes nomes que outrora eram respeitadíssimos e realmente faziam uma imagem extremamente positiva (e merecida também) do que é o metal brasileiro pelo mundo todo, agora estão em decadência e isso realmente me entristece. Algumas dessas bandas grandes podem até ser classificadas como modinha por alguns, mas é inegável o mérito e as portas que eles abriram pra toda a cena nacional que existe hoje. Mas isso não vem ao caso, quero falar um pouco mais do underground e das bandas ascendentes.

Em contraponto, é inegável também que as bandas da cena underground brasileira são simplesmente (desculpe o termo) FODAS. São inúmeras bandas com qualidade acima da média do mainstream que eu ando vendo por ai que eu sou ultra fã (não preciso fazer a lista aqui, pois ocuparia muito espaço), mas que infelizmente não conseguem atingir um patamar superior do que já atingiram. Refiro-me a um patamar de reconhecimento, não de qualidade, pois este segundo a maioria dessas bandas do riquíssimo underground tem e de sobra.

Isso é preocupante Porque sinceramente, acho que não tem nada a ver essa bitolação de underground, que "saiu do completo underground, fico ruim". Não, isso não tem nada a ver.

Veja bem: antes de tudo, o metal em si (podem discordar à vontade) É underground. Bandas famosas mesmo como Primal Fear, Krisiun, Helloween (me refiro a bandas do dito médio mainstream) nunca chegaram aos ouvidos das grandes massas. Pode perguntar pra qualquer amigo seu que não gosta de metal. Cita o nome de umas cinco bandas que não sejam ultra famosas, vai ver se o cara conhece... Portanto esse termo "mainstream" é muito duvidoso. Eu diria "mainstream do metal" compreendem? Bandas que tem um reconhecimento internacional dentro do meio do metal.

Mas isso não vem tanto ao caso assim...

O que eu quero ressaltar aqui é o motivo da importância de uma banda sair do underground e partir para o mainstream do metal. É bem simples: se o músico não tiver como se sustentar com sua música, ele vai precisar de outro trabalho, que vai demandar mais tempo, assim produzirá menos música, terá menos tempo a se dedicar à banda, esse fenômeno se repetirá com os outros membros da banda, o problema vai virando uma bola de neve e de repente a banda acaba por falta de recursos mesmo.

Então, eu acho vital uma banda ter como pagar o aluguel e todas as contas de todos os membros da mesma para eles poderem (literalmente) viver de música! Pra mim essa é a concepção de sair do underground e partir para o mainstream do metal: ter a banda como se fosse o seu emprego.

A partir daí a banda pode gravar muitos outros discos, fazer muito mais shows, abrir muito mais portas para as bandas do underground. Pois dessa forma a banda atingirá um público bem maior, serão mais pessoas curtindo o som, conseqüentemente mais pessoas freqüentando shows e etc.. Em outras palavras: O mainstream também enriquece a cena!

Pra mim é bem claro: é um ciclo a importância do mainstream e do underground.

O mainstream que é responsável para trazer cada vez mais e mais pessoas para dentro da cena e o underground é a base de tudo, é o dia-a-dia, são os shows em que você vai nos fins de semana!

Portanto é completamente inválido glamorizar um e denegrir o outro. Se o mainstream acabar, o underground acaba e vice-versa.

Então, realmente é muito válido (e justo também) querermos que as bandas undergrounds se firmem, terem o nome que realmente merecem. E ao mesmo tempo precisamos de um underground forte com intercâmbio de bandas por todo o país para sustentarmos a cena.

Claro, inúmeras bandas do underground que estão traçando esse caminho. Basta observar a cena underground da sua região, que eu duvido (independente de onde você more) que não vai ter nenhuma banda underground com um som de extrema qualidade que está abrindo o seu caminho. Se você quiser observar mais e mais, basta ir ao roça'n'roll ou ao BMU que verá bandas do Brasil inteiro traçando tal caminho.

Mas o grande problema mesmo é não conseguir se firmar no mainstream mesmo...

E porque que isso acontece? É uma charada que tentamos decifrar dia após dia. São muitos fatores por trás disso (alguns até mesmo sociais). Nesses meus anos de membro ativo, freqüentador e acima de tudo observador do underground, do fenômeno da dita “cena”, após presenciar e as vezes até mesmo vivenciar algumas dessas barreiras, ao meu ver os motivos são esses:

1-FATROR MONETÁRIO: uma vez que o metal é um movimento cultural que não tem nenhum incentivo cultural (pelo contrário, é apenas vítima de preconceito dos setores mais conservadores da sociedade), são os próprios fãs que bancam a movimentação desse movimento cultural. Entenda-se isso por organizar shows, trazer bandas de outras regiões, levar bandas da sua região para as demais, pagar a gravação de um cd completo, EP ou demo. Portanto, o problema já começa a se misturar com os problemas sociais de nosso país. Isso é fato: muitas bandas excelentes acabam pois gastam uma puta grana pra se sustentar e recebem muito pouco em troca. Acho que é por isso que na Europa temos uma cena com muito mais intercâmbio de bandas (não só da Europa, mas do mundo inteiro) e bandas que conseguem sair do undergound pro mainstrem: Porque eles têm mais dinheiro pra bancar essa longa jornada até o reconhecimento que as bandas merecem, e (quem sabe? estou chutando isso) porque lá tem mais incentivo cultural a música.

2-ATENÇAÕ DA MÍDIA ESPECIALIZADA PRA CENA NACIONAL: Realmente, é vergonhoso. Enquanto temos uma cena com bandas novas de excelente qualidade em todos os cantos do país, as grandes revistas dão muito mais atenção a bandas e eventos fora do Brasil. Nada contra dar atenção merecida a bandas e eventos gringos de qualidade, mas exagerar nisso e dar quase que nenhuma atenção para o underground nacional (que poderia estar entrando no mainstrem DO METAL) chega a ser sacanagem. Exemplo: lembram-se do Live'n'louder? Muita mídia especializada deu muito mais atenção ao Wacken ao invés do Live. E além disso, não sobra quase nada para o underground nacional que é praticamente abandonado pela mídia especializada.

3-MAIS ACEITAÇÃO DO PÚBLICO: é uma pena também que a maioria do público prefere ver o show de uma banda tocando cover de Iron Maiden do que uma banda com músicas próprias de qualidade. E, além disso, o público deve parar de criar essa rivalidade entre as vertentes do metal. Um odeia Death porque gosta de Melódico, o outro odeia Melódico porque gosta de Thrash e por ai vai. Quem sai perdendo com isso somos nós mesmos.

Podem existir muitos outros problemas por ai para a nossa cena que eu não consegui observar ou me recordar. Mas o grande lance é fazer a sua parte para que a mesma possa se desenvolver. Topa?

sábado, 28 de junho de 2008

Opinião: Cena Cover ou Cover de Cena

Texto por Luis “Carlinhos” Carlos
Revisão: Luciana Pereira


“Importante lembrar que não quero colocar a culpa só nos membros de bandas sobre a crise de nossa cena. Existe sim toda uma crise estrutural no Rio de Janeiro, mas pensem bem e reflitam, ir a um evento underground, como público, não demanda nada, é só querer ir e as pessoas que mais deveriam lutar por ela, são as que mais desaparecem logo em momento decisivo. Aqui eu poderia listar “eni” membros de bandas que não comparecem em eventos NENHUM. Mas que adoram “rasgar a boca” para falar mal do que tem sido feito de verdadeiro no Rio de Janeiro.”

Resolvi começar meu texto extraindo um trecho do texto do Adam (da RMW) que brilhantemente salientou bem um problema que ocorre no underground carioca, e também, por conversar com Wesley (integrante deste mesmo Blog) ao me perguntar o que eu achava a respeito disto. Bem, já foi dito anteriormente e volto a repetir: Eu não acredito na palavra “cena”, apenas faço minha parte, escrevendo este blog, como integrante do Rock Underground fazendo entrevistas, resenhas e matérias, e também como baterista de uma Banda, essa é a minha “vida musical”. Mas APÓIO O QUE O ADAM FALOU E ASSINO EMBAIXO. Já disse anteriormente que há uma demanda de puxa sacos, mas concordo com ele que também tem muita gente que só tem banda quando é pra pedir pra tocar em algum evento e que a tal pessoa considera importante. Ele citou vários “porquês” e até acredito que muitos são verdadeiros até, mas muitos "porquês" são mentirosos e dignos de pessoas cara de pau. Esta história de cena sempre dá nisso, o pessoal acaba por ficar policiando a vida alheia e não cuidam da própria, mas concordo que há de se debater sobre o assunto com seriedade, e não jogar conversa fora como fizeram pessoas acéfalas (me desculpem a expressão, mas “fake” pra mim só pode ser isso mesmo, pois muitas citações foram até brilhantes mas não se identificar é um erro) e se o assunto é democracia, até acharia legal o povo da RMW fazer uma urna em seus eventos e deixar as pessoas votarem e darem suas sugestões. O voto pode ser fake, mas pelo menos não seria levado a público e caso o fake resolva escrever besteira, é simples, só jogar o papel fora. As bandas têm que reconhecer os eventos sérios que rolam por aqui, pois sabemos que aqui têm muitos deles que só estão interessados em ganhar dinheiro e não fazer nada. Eu poderia citar nomes, mas meu texto não é lixo e é o que são essas pessoas, bostas que cobram de bandas (formadas por tapados e alienados) que pagam pra tocar, e pior, suas míseras bandinhas não vão chegar a lugar algum e não vão conseguir nada porque não se dão ao respeito no próprio trabalho que desenvolvem, ou seja, só vão sustentar caloteiros e pessoas que para mim nem são fãs de Rock pesado, mas apenas sanguessugas. A gente sabe bem a safra de pilantras desta “geração cover” que tá aí. Não falo das bandas covers, pois sempre respeitei o trabalho de todo mundo, mas sim do público cover e acomodado pela modinha em sua cabecinha limitada de poucos neurônios, que só quer ver bandas tocando sua banda preferida, e pior, a maioria destas bandas covers ainda é uma porcaria mal feita incapaz de andar pelas próprias pernas ou movido pelo dinheiro fácil, ou então, a "geração festa" recheadas de “vampiros tropicais” que só estão ali pra tirar fotos com seus amigos pra depois sair em algum fotolog e álbum de orkut, em poses imbecis e textos que mataria qualquer professor de Língua Portuguesa de vergonha. A geração “visual” é patética e vazia, ela absorve algo hoje e amanhã ela cospe, não compra cd (o que dirá vinil!!!) e só ouve mp3, porque assim é mais fácil, pois essa geração tem preguiça de raciocinar!!! Mas é o que acontece. Eu não ligo, afinal essas pessoas são “covers”, apenas tão copiando algo que gostaram de momento e amanhã vão ser outra coisa. Não existe paixão e verdade nelas, mas sim uma mera imagem, uma sombra de si mesmo. Assim não adianta reclamar de funkeiro e pagodeiro, já que fazem tanta questão de falarem mal deles, pois mesmo eu não gostando destes estilos, me parece que eles prestigiam o que gostam mais do que os tais “roqueiros”. E também que não me venham com a desculpa de que o produto deles é mais barato, porque muitas vezes já soube e presenciei eventos de Rock/Metal por três Reais e preços bem acessíveis, e ainda assim vi um bando de manés do lado de fora enchendo a cara e jogando conversa fora, pois só tiveram o trabalho de colocar suas roupinhas pretas e posarem de “roqueiro”. O QUE FALTA NESSAS PESSOAS É ATITUDE!!! Tá explicado porque aqui não tem um evento como Roça and Roll de Minas Gerais, não tem o Maquinaria de SP, não tem o Goianoise de GO, e por aí vai. E por que tanta banda de fora vem para o Brasil e nem passam pelo Rio? Deve ser porque organizadores não acreditam no público e temem tomar prejuízo. Faltam organizadores competentes para isso? Acho que não. Falta é público pra prestigiar o “trabalho nacional” e, no nosso caso, as bandas cariocas. E pra encerrar, uma pergunta: Será que todos os organizadores de shows vão a eventos de outros organizadores?

Faço deste texto minha despedida no Blog Arise, mas não vou parar por algum motivo pessoal a que se refere este texto, mas sim, dar uma diminuída no “ritmo” em minhas atividades musicais, movido pela necessidade de priorizar outros assuntos na minha vida (pessoal e musical) neste exato momento. Para amenizar todas essa babaquice de ver pessoas brigando por aí na internet. Bom mesmo é ficar pesquisando material raro pela internet e conversando com “velhos” amigos sobre bandas das antigas, etc. e aí a gente vai lembrando de várias coisas e é muito legal quando estou com camaradas como Michael Meneses (Rock Press/Parayba Rock Fest), Bruno Torricini (Rock Underground), Eduardo Leão (Rock Press/Rock Underground), Vinicius Mariano (ex-revista Valhalla), Carlos Lopes (ex-Dorsal, atual Mustang), Ricardo Batalha (Roadie Crew), entre outros. Papeando sobre “velharias musicais”, fui pesquisando e lembrando de bandas (metal ou não) como: Beach Lizards, X-Rated, Second Home (um ícone cult do cenário alternativo carioca nos Anos 90), e pérolas oitentistas como Máscara de Ferro, Anthares, SP Metal 1 e 2, Taurus, e por aí vai... Vixe! Assim começa a baixar o saudosismo de novo e desta vez não é o tema deste texto (risos). UM ABRAÇO PRA TODOS OS LEITORES DO ARISE.


DEDICO ESTE TEXTO À EQUIPE DO RMW, FASHION, RATO NO RIO, FULLMETAL, ROCK UNDERGROUND, ENFIM, AOS AMIGOS CITADOS NO TEXTO E MUITOS QUE ESQUECI DE CITAR, AOS FAKES QUE PARECEM SABER MUITO DO ASSUNTO (PEÇO QUE REVELEM SEUS NOMES E VENHAM SOMAR CONOSCO), ENFIM, TODAS AS PESSOAS QUE LEVAM O ROCK / METAL A SÉRIO NO RIO DE JANEIRO.

sábado, 14 de junho de 2008

Opinião: Saudosismo 2

Texto por Luis “Carlinhos” Carlos
Revisão por Luciana Pereira


Atualmente vemos uma crescente onda de saudosismo, aliás, no fundo todos somos um pouco e até mesmo os textos que escrevo pro Arise, que servem como terapia pra mim, pois neles eu vou relembrando de vários fatos ocorridos em minha vida no que remete a música. Mas veja bem, cada um vive seu tempo e isso é fato e até natural. Mas vamos falar da rejeição que se reflete muitas vezes pelo saudosimo exagerado de quem viveu uma época que outros não viveram e que, como é comum em toda sociedade, as coisas se transformam e também se renovam e, na música, eu poderia citar como exemplo o New Metal, rejeitados pelos fãs puristas do Metal, mas também amado por muitos fãs, uma rapaziada que começou a curtir som há pouco tempo. É claro que existe a exceção, pessoas que curtem ambos estilos, independente da idade. Mas o fato é que você não pode culpar algo pela época, pois o Metal rejeitou o Hard no começo, e assim foi com o Heavy em relação ao Thrash e o Black em relação ao Thrash e como não lembrar da rejeição do Metal em relação ao Rock Alternativo (chamado de Grunge. Aliás, que rótulo ridículo que inventaram, nada a ver com o som) e o preconceito com bandas boas como Soundgarden, Alice in Chains que eram bem mais influenciadas pelo Black Sabbath que muita banda de Metal por aí. O fato de não gostar não significa ter preconceito. Só o Faustão pensa assim (risos). Mas é o que eu vejo às vezes nos tópicos de eventos diante da infinidade de bobagens que escrevem lá com tanto preconceito e palavras ofensivas que não levam a nada.

Eu acho até estranho as pessoas se vestirem como nos Anos 80 e fazer as mesmas coisas que eu fazia e ver que as mesmas nem viveram a época, no máximo viveram a época com 3, 4 anos de idade, e a mesma coisa para os velhos retardados que se acham donos de tal cena e se acham o sabe tudo. Que coisa mais patética! Como disse o Cazuza na música O tempo não pára: "Eu vejo um museu de grandes novidades". Ninguém tem que salvar nada de PORRA nenhuma com discurso barato, deixa a música rolar e pronto...Eu acho que eu vivi uma época e hoje com 35 anos não me visto como eu me vestia quando tinha 15, 18, 25 anos (aliás nem meu corpo aceita isso rsrsrs). A vida passa e vivo o presente, memorizo (ou exorcizo) meu passado e deslumbro o futuro. Não vou ficar olhando pra trás, pois seria a mesma coisa se eu ficasse me vestindo e tentando viver nos Anos 60, quando a realidade é a de que eu nasci em 1972. Então, eu não vivi a época sessentista. Gosto de coisas da época como Beatles, The Who, mas é legal e já foi, eu quero saber do amanhã, não do ontem, pois sobre ele eu escrevo, no presente eu vivo e no futuro eu penso. E quanta coisa legal e atual eu tenho escutado e curtido bastante por aí como: WolfMother, System of a Down, a banda nova dos irmãos Cavallera e espero ouvir mais e mais. E bacana também ver que muito veterano aí continua na ativa e levando coisa nova como o Rush e Scorpions, deixa o Rock rolar.

sábado, 7 de junho de 2008

Opinião: Músicos sem interesse em música

Por Adam Alfred

Muitas pessoas reclamam da cena.
Bandas, público, produtores, donos de lojas, donos de casas, revistas, rádios e etc. Há algum tempo fazendo eventos eu percebi um fenômeno. A quantidade de membros de bandas que não comparecem (me desculpem a expressão) em porra de evento nenhum.

É um tanto quanto lamentável e triste saber que os mais interessados pela manutenção de uma cena não comparecem no mesma. Estava conversando com um amigo, membro de banda, e ele realmente abriu os meus olhos para um detalhe interessante e assombroso: "membros de bandas não se consideram público”.

Essa frase surgiu como uma porrada em minha cabeça e percebi o mar de lama na qual estamos encalhados. Justamente os mais interessados para que a cena se movimente, são os primeiros a dar UM MILHÃO de desculpas por não ter comparecido a um show.
É muito engraçado que quando chego em casa, após um evento, abro meu MSN e sempre vem alguns que perguntam “E aí, cara? Como foi o evento, queria ter ido mas...” sempre escuto isso. “Queria ter ido mas...” sempre tem o “mas”... 100.. 150.. “mas”, visto que meu MSN tem mais de 1500 pessoas. Será que tanta coisa ruim acontece com as pessoas no dia do evento?! Ou é mesmo falta de compromisso com a cena?!
“Poxa tive que ensaiar!” Com tanto dia no mês o cara tinha que ensaiar no dia de um evento.
“Cara, tu num sabe o que aconteceu?!” Sempre, no dia do show, acontecem as maiores desgraças!
“Era Hoje?!” – HAUAHAUAH! Essa é de doer!
“Tava sem dinheiro” - Essa desculpa também é recorrente. Mas no dia anterior o FDP tava no Garage bebendo, ou em qualquer festinha discotecada ao qual não há banda nenhuma (Me perdoem meus amigos DJS. Sou fan e valorizo o trabalho de vocês. Mas membros de banda devem e precisam prestigiar outras bandas.)“Tive que estudar” - Com 30 dias no mês, o bastardo teve que estudar logo no dia do show?!

Meus caros amigos... faremos um cálculo juntos. O Rio de Janeiro há mais ou menos 150 bandas de metal. Só eu já trabalhei com 70, e ainda há muitas outras bandas que ainda não tive a oportunidade de trabalhar. Se pegarmos essas 150 e multiplicarmos por 4 (que é média de membros em uma banda), daria 600 pessoas. Suponhamos que 100 pessoas façam parte de mais de uma banda, então nosso número cairia para 500. Ou seja, se as bandas de nossa cidade se comprometessem verdadeiramente com o cenário, seriam no mínimo 450.. 500 pessoas em cada evento. Isso tirando, é óbvio, o público na qual subiria e muito essa marca.

Importante lembrar que não quero colocar a culpa só nos membros de bandas sobre a crise de nossa cena. Existe sim toda uma crise estrutural no Rio de Janeiro, mas pensem bem e reflitam, ir em um evento underground, como público, não demanda nada... é só querer ir... e as pessoas que mais deveriam lutar por ela, são as que mais desaparecem em um momento decisivo.
Aqui eu poderia listar “eni” membros de bandas que não comparecem em eventos NENHUM. Mas que adoram “rasgar a boca” para falar mal do que tem sido feito de verdadeiro no Rio de Janeiro.

É muito engraçado que como produtor, muita banda pede uma oportunidade para tocar. Aí eu pergunto se já foi no nosso evento. E a criatura fala que não. Poxa como alguém quer tocar em um evento que não conhece a estrutura? Como alguém pode querer sair de casa levar seus instrumentos a um lugar dentro de sua própria cidade na qual nunca freqüentou, nunca apoiou. È simplesmente isso: a MAIORIA (e digo isso seguramente) SÓ QUER SAIR DE CASA PARA TOCAR.

Esses caras não querem conhecer o público local, ou seja, NÃO acham importante aparecer. A intenção (claro que eles nunca vão “dizer que não”, afinal, vão dar as mais vis desculpas citadas acima) só querem sugar, e ao término de uma apresentação, ir embora enquanto o show ainda rola, carregando o material pelo meio das pessoas (uma das cenas mais comuns e patéticas que uma banda pode cometer, mostrando o total desprendimento e falta de compromisso com o evento, com a cena e com o público).

É sempre importante lembrar que nenhum homem é uma ilha, assim como nenhuma banda. Não adianta querermos só “sugar”, ou seja, não adianta querer uma banda só tocar e não verdadeiramente PARTICIPAR. Todos nós estamos interligados, todos precisam de todos. Isso é uma CENA. Sem os produtores, as bandas não tocam. Sem o público, as bandas tocam pra quem? E o produtor, vai tirar dinheiro de onde para pagar os seus gastos? E sem as bandas, e nem produtores, onde que o público terá a sua diversão?

É comum produtores de outros eventos chegarem pra mim e falarem, “Adam tú é maluco, essas bandas não querem saber de nada, não chamam ninguém, não aparecem em um evento, por isso que tú tem que cobrar mesmo para elas tocarem.” Bom.. cada um tem a sua prática de trabalho, eu não acho errado quem cobra, é aquela coisa, aceita quem quer, o “serviço” está lá, paga quem quiser. Mas o pior que eles têm razão. Não são todas, mas muitos membros de bandas nunca apareceram em NENHUM evento, ou se aparecem é lá uma vez ou outra. E no dia do evento não levam ninguém, tocam seus 40 min, e vão embora logo assim que terminam sua apresentação. Óbvio que não são todas ,como disse, mas uma extensa maioria compartilha desse um ou mais aspectos. Às vezes, a situação do promotor e tão caótica que dá sim vontade de começar a cobrar de bandas pra tocar, mas para a minha pessoa, essa prática é aviltante... prefiro parar de fazer eventos.

Sair de casa “só pra tocar” é uma prática que TEM QUE SER ESQUECIDA pelas bandas. Freqüentar o underground, tomar uma cerveja com os amigos, é lá onde você conhece pessoas, fecha contatos, reencontra os amigos, aonde o público te vê e fala: esse cara é guerreiro. O evento tem que ser um momento especial , único, ao se perder um evento, não haverá outro igual. Pode haver outros, mas não mais aquele.

Sabe caros amigos bangers, sejam vocês membros de bandas ou simples admiradores do som pesado, uma cena não sobrevive sem vocês. TODOS NÓS SOMOS PÚBLICO e se uma cena não vai pra frente.... se ela está ruim. A CULPA É DE TODOS NÓS!

sábado, 31 de maio de 2008

Opinião: Saudosismo

Texto por Luis “Carlinhos” Carlos
Revisão por Luciana Pereira


Na primeira metade dos Anos 90, quando fazer jornalismo underground significava fazer fanzines e com isso fazer colagens de fotos, datilografar e ficar xerocando páginas, e que divulgar e arrumar material de bandas (principalmente bandas novas) significava trocar fitinhas K7 pelo correio em envelopes que a gente costumava dar 171 nos selos, apagando o carimbo com saliva (risos), lá estava eu e amigos fazendo fanzines que falava de Metal. Pra mim o começo de tudo foi justamente no auge do Doom Metal, de bandas como Cathedral (que eu peguei em fitinha por saber que era a nova banda de Lee Dorrian, ex-vocalista do Napalm Death), das bandas de Death Metal como Benediction (que na época contava com Barney, hoje vocalista do Napalm Death), Entombed, Bolt Thrower, Carcass, etc. Também ouvia muito Noise Grind de bandas como Doom, Sore Throat, S.O.B., e a possibilidade de ouvir isso e fazer muita farra era por causa de fanzine (na época eu participava do Carnage e do Infectum e também fiz um chamado Sound of Noise, só que esse era mais alternativo, misturando desenho, Metal e Rock and Roll), tendo inclusive ido pro BH Riff em 94, um evento histórico que rolou num final de Semana em Belo Horizonte/MG. Após chegar numa madruga e ficar numa pensão fuleira, eu fui à loja Cogumelo, participei de palestras, vi muitos shows (Anathema na época do disco Serenades, Fugazi, Dorsal Atlântica, etc).

Até fomos no Hotel e conversamos com os caras do Anathema e jogamos bola com eles. E, também, comemos no hotel de calote (risos). Na época, conhecemos o Perna (Genocídio) e Marcelo Rossi que trabalhavam pra Rock Brigade. Em 95 é que comecei mesmo a tocar em bandas, com Refugium Pecatorum, uma banda de Doom Metal que durou até 2001 (foto). Em 92 eu comecei a tocar bateria, mas só com a Refugium é que entrei de cabeça nesse lance de tocar em banda, e com isso lancei Demo-tape, Cd-demo e Cd, e nela conheci muitas pessoas legais, entre elas: Flaveus (hoje Neutralis e ex-Statik Majik), e o detalhe curioso é que eu achei o cara por intermédio de uma nota na revista Rock Brigade (coisa que eu nunca pensei que fosse acontecer) e ainda, liguei pra ele e era dia do seu aniversário.

Do passado, sinto falta da “dificuldade” que acabava gerando mais paixão pelo som, pois hoje a Internet e seu mundo virtual trouxe tanta facilidade que tudo acabou se tornando um pouco supérfluo. Falando em “contras” da modernização, um dos males é a gama de “donos do Metal” que se proliferam no Orkut e suas opiniões geniais (“maldita inclusão digital” como dizem alguns). Algumas pessoas que discutem por causa do estilo, coisas como: “eu não quero Hard Rock, isso não é Heavy Metal”, deve ser o mesmo ser humano que acha que Black Sabbath e Motorhead é Heavy Metal, quando o próprio Ozzy já disse em entrevistas que Black Sabbath é Hard e que nem considera “Metal” como algo que tenha conotação musical. Mas é que esse povo quando ouve falar em Hard Rock, logo eles imaginam o povo do Poison, Extreme, sei lá, e nem sabem que esse termo vem dos Anos 70 e se expandiu pro metal no início dos Anos 80 com o Deff Leppard. Mas quando resolvem dar suas opiniões “extreme true” eles se concentram no visual, mas, como se carinha de mal fosse tão bom, né? Já disse bem o Scott Ian: ”Todo mundo é poser, pois todo mundo tem um espelho em casa”. Acho que esse povinho “True” acredita mesmo em um Deus Metal (risos). Bem disse o Júnior (Corpse Grinder, banda de DEATH METAL) numa entrevista recente pra Roadie Crew: “UNDERGROUND É UM SÓ, TUDO VEIO DO ROCK AND ROLL”. E aí vem esse povo com esse separatismo idiota, como se disputasse poder com alguém por saber mais de som pesado ou ter mais tempo, como se antiguidade fosse posto. Que desperdício de tempo. E pior, ver pessoas que acham que o Metal não veio do Rock and Roll. Putz! É o mesmo que dizer que o Rock and Roll não veio do Blues. Ter humildade e estudar faz bem, ao invés de se preocupar em bater boca em Orkut (principalmente com tópicos idiotas como poser ou true, jogo do sorvete, etc) ou gastar mais dinheiro com a camisinha nova da sua banda preferida com seu visual true. Ainda mais agora em tempos que as pessoas estão se fantasiando de Anos 80, e pior que ver retardados velhos posando de true, é ver moleque fedelho com 15 anos se achando o tal e vivendo uma época que nunca sonhou na vida (nem no saco do papai rsrsrsrs). Dignos de quem tem 20 camisas e 300 patches no casaco em super visual e conhece meia dúzia de bandas e não gasta um níquel com Cd`s, Dvd`s, etc e vive baixando música na Internet.

Aliás, a Internet pra esse povo é a salvação pois é por ali que a bajulação chega em alto grau de idiotice. É claro que a Internet tem seus pontos positivos, até porque eu não sou um ogro social e tecnológico (risos) e se fosse assim não estaria participando do Blog, e sim, de um fanzine, mas é que não devemos nos esquecer do aspecto humanístico da coisa, tá tudo muito corrompido, entendem? Ainda acredito que haja uma diferença entre transformar e mudar, e que nós é que somos capazes de transformar a máquina, não o contrário.

sábado, 17 de maio de 2008

Opinião: Sobre a Cena 2

Por Luis “Carlinhos” Carlos

Quando se fala em cena, falamos de pessoas e é aí que complica, pois pessoas são diferentes e o confronto de pensamentos é inevitável. Cena envolve Bandas, Promotores de Eventos, etc. e a palavra União é sempre pregada, quando na verdade muitas vezes ela tem a conotação de “Bajulação”, do sujeito que está na comunidade de determinado evento, parecendo que essa pessoa nem é fã de determinada banda que toca no evento, mas sim, pela amizade (ou não) do promotor do evento, ou, porque é namoradinho(a) da banda f*** do seu namorado, ou porque é amigo(a) do integrante da sua banda f***, ou seja, cabe até a dúvida se a pessoa curte realmente essa banda ou mesmo Heavy Metal, mas, deve ser como jogar futebol talvez, é vestir a camisa (nesse caso a da banda). União entre Promotores de Evento ? Sim, é muito importante e aqui no Rio mesmo tem isso, pouco mas tem, como também tem pessoas que exploram Bandas colocando as mesmas pra pagar (a máxima culpa é da banda que se sujeita a tal BURRICE) e também de pessoas, que deveriam se unir até mesmo na organização do evento (uma simples reunião resolveria) programando datas entre seus eventos, e assim, todos ganhariam com isso, promotores, público, bandas, etc. Pior ainda são aqueles que descaradamente fazem eventos pra ganhar dinheiro em cima de alguma moda, eu até aceito que organizador tem que ganhar seu dinheiro, mas não me venham com historinha de que fazem isso pela cena porque eu não nasci ontem, porque pras bandas, na maioria das vezes nem pagam (pelo menos seu transporte) e pelo que vejo nem se sentem nessa obrigação, principalmente quando são bandas daqui (no caso do RJ), pois o amigo ta ajudando o amiguinho dando uma força pra sua Banda, e longe de mim, exaltar algum bairrismo aqui, mas pra Banda de fora do Rio dão até mais valor e é engraçado que se fala que aqui tem Muita banda f*** mas na hora de valorizar mesmo, nem tão aí. Eu sei e até acho louvável que um organizador se esforce e muito pra fazer um evento (falo de eventos sérios) e que muitas vezes eles tem que lutar contra a rejeição do público, que só apóiam eventos gringos ou pior, vão em determinados locais de shows e não prestigiam, ficando do lado de fora, etc. SEMPRE ACHEI QUE AQUI NO RIO TEM É DOIS PÚBLICOS; O QUE APÓIA SHOWS UNDER E GRANDES EVENTOS E OS QUE SÓ APOAIM OS EVENTOS DE FORA. Eu já organizei eventos e apoiei outros na Década de 90 (como a primeira vez que o Tuatha de Danann tocou no RJ, no Garage em 98 e toquei também na época com a banda Refugium Pecatorum), nos shows em 93 e 94 no 10 de Maio em Campo Grande. Ta bom, cada um sabe o que faz da sua vida, mas que também não cobrem nada depois porque não acontece nada por aqui, pois reclamar como um covarde em Orkut é muito fácil. Não venho aqui causar alguma revolução pra alertar alguém, pra salvar alguma coisa até porque nunca acreditei que o Metal possa causar isso e que também não acredito em discursos baratos, pois geralmente isso acontece quando determinado estilo abrange conteúdo ideológico, caso do Punk, mas nem mesmo o Punk agüentou o tranco e como bem disse Johnny Lydon (Sex Pistols e P.I.L.): “Música é escapismo”. Liricamente, O Metal abrange uma diversidade de coisas, não só políticas, mas também religiosas, Históricas, etc. Entendo a opinião e respeito, mas Metal é acima de tudo: MÙSICA e as pessoas manifestam seu amor pela mesma através de gestos, roupas, etc. Talvez seja mais importante fazer uma revolução interior, ou seja, algo que mexa com você, que transforme teus pensamentos e mude tua vida, algo que faça valer a pena. O que parece é que o Metal precisa sempre de rótulos, inovações que é bom nada, e vemos aí a infinidade de estilo que nada acrescentam com sub-divisões, aliás, muitas delas tão é se repetindo, como o tal “metalcore”, mas que no fundo não passa de uma repetência do Crossover, que tinha nos Anos 80 bandas que praticavam o estilo como: DRI, Excel, etc. e esse estilo mistura o Metal com Hardcore. Hoje falam do Thrash quando se referem ao metal extremo, mas antes, o estilo não era considerado como metal extremo, como eu citei no outro texto, o povo do Black falava mal de Thrash pra caramba (o clássico disso foi uma entrevista da banda Paranaense “Amen Córner” na Revista Rock Brigade que falou que Thrash era som de Play Boy), isso é Estranho né...e onde estará o Speed Metal? Esse um derivado do Thrash nos Anos 80...

Percebi há muito tempo que a onda do povo é inventar, mas, acho que rótulo tem que ter uma conotação verdadeiramente musical. E o tal de War Metal? Poxa, seria legal uma banda assim fazer um show no Iraque, ou então, fazer um show durante uma invasão do Bope na Vila Cruzeiro, seria extremo demais. “War” por que? Porque falar de guerra? Então o At War (banda oitentista de Thrash) e o Void Void. São pioneiros... putz depois o Hard Rock é que é poser heim. De uma coisa eu sei: o Extreme não é extremo e o Doom é banda antiga de Punk (risos)

A Música faz isso comigo, ela mexe com meus sentimentos, é como se minha vida tivesse uma trilha sonora (no meu caso bem eclético, não só com Metal, mas também com outros estilos). Eu lembro que era apenas um rapaz já apaixonado por Heavy Metal no Final dos Anos 80, e o som que eu ouvia de bandas como Stress, Cirith Ungol, Quiet Riot, Kiss, Iron Maiden, Vulcano, etc agora saía pras ruas, pois daí eu passei a freqüentar shows de Metal Underground no Caverna 2 em Botafogo e no Circo Voador, além dos poucos que rolavam próximos de casa, pois fora isso era só freqüentar ensaios das bandas de amigos ou escutar discos com amigos em minha casa. Nesses shows no Caverna 2, vi muitas bandas legais como Viper (com Andre Matos), Vodu, Krypta (que tocava meu camarada Vitor Hugo, atualmente baixista do ColdBlood), Volkana, Dorsal Atlântica, Korzus, Sarcofago, etc.

Mas, na época tudo era bem longe da minha casa porque na época eu morava em Inhoaíba (a Roça de Campo Grande) e as vezes eu tinha que pegar 2 conduções pra chegar até o local de um show. Mas e a Zona Oeste? Bem, por aqui já se criava um bom círculo de amigos, unidos pelo mesmo gosto musical e além do Vitor, tinha o Michael Parayba (fotógrafo da Rock Press), Yves e Cristian (ambos do Black dog atualmente) e tantos outros que se reuniam pra curtir um som na Lona de Campo Grande (que nem lona tinha ainda), numa praça em Campo Grande, onde rolava pega de carros e a gente metia sonzeira lá e irritava os play boys com muito Megadeth (na época com disco “So far, So good, So what” que eu tinha em fitinha k7) e Beneath the Remains do Sepultura e a rapaziada já começava a montar suas Bandas: Blasted, BlockHead, Gangrena Gasosa, etc. Também lembro da praça em Bangu (e atualmente moro em Bangu), mas hoje as pessoas fazem Points mais organizados, como essas festas que tem por aí, infelizmente muitas delas próximas de um baile funk, que só muda as músicas e a trilha sonora, mas o resto digno de uma juventude preocupada com o aspecto visual e mente alienada. E já que eu falei em Bandas que meus amigos formavam e tocavam, nessa época eu nem pensava em tocar algum instrumento, pois só comecei a “cutucar” bateria em 1992 quando assistia ensaio dos amigos da banda Sex Noise, antes mesmo dos caras estourarem na época com coletânea, cd na EMI e clips na MTV. Mas, antes disso, por volta de 89, 90 surgiu o “Arena do Heavy”, que foi um evento muito legal que aconteceu em Campo Grande, com bandas de Metal e até Punk, o que acabou gerando uma briga fora do evento. O legal foi montarmos o palco e colocarmos serragem no chão e à medida que o povo agitava, subia uma poeirada danada (risos), mas tudo era festa, tudo era Metal, lembro de ta lá de bobeira nos ensaios ouvindo a banda Mineira “Sextrash” e a música Alcoholic Mosh era a boa (risos). O Arena do Heavy teve duas edições e eu lembro que tinha até um vídeo e eu aparecia nele, com cabelo anos 80 e camisa do Slayer Branca, que coisa mais retro heim...como dizia Thayde e Dj hum: “... que tempo bom, que não volta mais”. Além do Arena, teve uma coletânea importante chamada Headline, que saiu 2 edições e eu as tenho em vinil, e que na primeira edição contou com várias Bandas da Zona Oeste como Blasted, Blockhead (que contava com Marcus, hoje vocalista do Panaceah), Spited (que contava com Marcelo Led, hoje baterista do Hicsos). È meus amigos leitores do Arise, o tempo voa e nem parece que isso já foi há 18, 20 anos. E Já que pelos assuntos nós entramos no começo dos Anos 90, como não citar Rock In Rio 2 que aconteceu em 1991 e naturalmente toda essa rapaziada estava lá e quem não foi no Dia do Metal? Que contou com Judas Priest (no disco Painkiller), Sepultura (lançando Arise, que coincidência heim?) e que começava a despontar lá fora, Queenryche, Megadeth (com o disco Rust in Peace), Guns and Roses (quando ainda era uma banda) e pasmem, show do Lobão, que nada tinha a ver com o dia e que foi massacrado e expulso do palco pelo público (o mesmo aconteceu na primeira edição com Erasmo Carlos e na terceira edição com o Carlinhos Brown). Um 19 de Janeiro que nunca sairá da minha memória, de um Maracanãzinho lotado que fui com amigos e regado a muito rock pesado, muita farra e juventude... SAUDOSISMO É BOM QUANDO NÃO É BARATO, QUANDO É LIVRE DE PENSAMENTO E NÃO COMO IMAGEM.

Carlinhos no Rock in Rio II

sábado, 26 de abril de 2008

Opinião: Sobre a Cena

Por Luis "Carlinhos" Carlos

Eu acho a palavra “Cena” muito limitada quando falamos de Rock (o Metal é mais uma forma de fazer Rock, assim como é com o Punk, o Pop e por aí vai) e assim, parece que as pessoas são obrigadas a ter que se enquadrar num círculo de pessoas e/ou amizades (?) e daí se impor a diversas regras e gostos. Pra mim Rock é diversão, a Música está em primeiro lugar e sempre a tive como uma maneira de manifestação pessoal, seja na alegria, na tristeza, na raiva, etc. Pra isso existe a diversidade musical, pois muitos estilos se caracterizam justamente por isso, pela “emoção” (não é Emo, falo em relação à música, não por um modismo tolo como esse) que elas passam para pessoa que ouve. Ainda mais pra um sujeito eclético como eu, um apaixonado por música em todos os sentidos que se envolve em muitas coisas relacionadas a ela e que tem na música um modo de vida.

Acho importante cada um fazer sua parte, mas que haja nessa ação muito amor pelo que faz, e isso eu vejo no Blog ARISE, de pessoas que se uniram para construir algo pelo Heavy Metal, existe um senso comum de que todos os envolvidos gostam da música pesada (independente do estilo) e que o mesmo serviu de manifestação para tal. Eu jamais faria parte de algo que “castre” meus pensamentos e nem seria mentiroso com alguém, e pior, ser mentiroso comigo, pois se estou tendo espaço aqui para expor minhas idéias, é porque há um senso comum, e melhor, respeito, uma palavra tão esquecida por alguns fãs do estilo que usam, principalmente, do Orkut uma forma pra denegrir a imagem de alguém. Eu tive recentemente a experiência de passar por um Webzine e sair dele por divergência, pois os mesmos não divulgavam uma banda por considerá-la New Metal (o que nem acho que seja), mas acho que não há errado e certo nessa história, eles têm o direito de divulgar o que quiserem e eu, o direito de fazer parte ou não, o que não posso fazer é trair a mim mesmo e continuar em algo que priva meus pensamentos. O detalhe é que eu nem sou fã do New Metal, mas eu respeito, aliás, não gosto de banda por estilo, gosto pela banda e se for New ou não, o que interessa é meu gosto musical, pois compro Cd, Vinil, Dvd, etc. com meu dinheiro e não devo satisfação pra mingúem quanto ao que eu gosto e deixo de gostar. O importante é que a amizade continua e uma boa conversa e respeito resolveu tudo, somos grandes amigos até hoje e vida que segue.

Mas sendo o “ARISE”, um Blog exclusivamente de Heavy Metal, não vou falar aqui de minhas preferências musicais fora do estilo, e sim citar algumas coisas que acho sobre o Metal. Uma coisa que sinto falta aqui no Rio e que vejo mais em outros Estados, pelo menos o que eu pude conferir enquanto músico da Banda Statik Majik, foi que aqui no Rio ainda se dá muito valor pra Sub-Divisões no Metal. Eu sei bem que isso não é muita novidade e que também tem fora do Rio, mas acho que isso foi um fator negativo para o crescimento do Metal em geral, já que as pessoas passaram a subdividir seu gosto musical também e pra mim esse papo de fulano que diz: “Eu só curto isso, eu só curto aquilo”, é papinho de modista, de pessoas que ou vão ter que evoluir ou vão sair fora logo, ou mesmo, não curtem nada, querem mesmo é só aparecer. Também acho que falta essa iniciativa dos promotores de eventos daqui e que o fato de falarem: “fazemos isso porque o público quer isso” é ilusão, poxa, qual a graça de se fazer algo quando não nos desafiamos de vez em quando? Em que se baseiam pra dizer isso, ora bolas, vão e façam. Nas poucas vezes que eu tenho visto isso acontecer, caso do Parayba Rock Fest (em que eu mesmo toquei num evento que tinha bandas Punks e tudo correu numa boa), no Battle (tocaram bandas de Melódico, Thrash, Black, Death, etc), eu percebi que tudo rolou normalmente. Aliás, falando em Black, Death e Thrash é até engraçado, já que são nesses estilos extremos onde reside um grande mal (que coincidência) entre os fãs do Metal chamado: “Radicalismo”, pois no começo dos Anos 90, o radicalismo era total e quem curtia Black falava que Thrash era som da moda, que não permitiriam Stage Dive, etc (quem viveu MESMO o Garage nessa época, por volta de 92, 93... sabe o que tô dizendo, pois hoje ir ao Garage significa estar na Rua Ceará perambulando por lá), mas aí te pergunto: Onde estão os radicais hoje? muitos morreram, outros viraram evangélicos, etc. e o Carlinhos, que sempre freqüentou esses eventos e levou tudo na diversão, que sempre curtiu a banda que gostava independente do estilo taí até hoje. Eu vi de perto brigas hilárias, discussões bizarras, pois eu conhecia ambas as partes e participava de Fanzines na época (um bem radical até chamado Carnage Zine). Radicalismo é um Câncer no Metal. Vamos misturar, vamos nos divertir, E ACIMA DE TUDO: RESPEITO, pois assim o metal será bem melhor !!!

terça-feira, 4 de março de 2008

Opinião: Crítica e Número

Por Wesley Rodrigues

Esse texto vai tratar da questão da avaliação numérica na crítica musical (mais especialmente voltada ao Heavy Metal) como se isso fosse algo realmente importante. É que esse não é um assunto que tenha lá muita necessidade de esclarecimento ou discussão, sendo que esse texto é mais um resultado do ócio das férias do que outra coisa. O tema surgiu através de uma conversa com o Artur sobre o problema de dar uma nota ou não nas resenhas e se mostrou uma boa oportunidade para inaugurar essa seção do blog que idealizamos já faz um tempo, a Opinião.

A quase totalidade das resenhas de discos de Heavy Metal vem acompanhadas de uma nota. Geralmente, é o que primeiro vemos quando metemos o olho na crítica. Primeiro porque na maioria das vezes ela está em destaque visual (em vermelho e em tamanho maior, por exemplo). Mas o fazemos principalmente porque acreditamos que a nota tem um cárater sintético e conclusivo propiciando ao leitor uma suma da opinião do escritor - o que é ótimo para os mais preguiçosos ou apressados que não precisam ler tudo para ter uma idéia da opinião expressa ali. Mas, infelizmente, essa prática está carregada de problemas.

Números são muito imprecisos na hora de expressar a avaliação. Alguém poderia discordar dizendo que a nota um é bem diferente da nota oito, por exemplo. Afinal, uma expressa uma avaliação ruim e a outra, uma boa. Realmente, isso está claro ainda que não esteja claro o que cada uma delas representa se tomadas individualmente e, mais ainda, essa distância de sete pontos que as separa. De qualquer forma, não é nesses termos que vemos a coisa se dar nas resenhas que lemos por aí. Ou seja, na maior parte das vezes elas não variam em termos de positivo-negativo mas dentro daquela margem de notas que expressam, por assim dizer, “positividade”. E é aí que a coisa complica. Sabemos que a nota nove é positiva. A nota oito também. Mas qual a real diferença entre elas? O que esse ponto significa? Por que o crítico musical, dentro de sua avaliação positiva do disco (ou do dvd, ou do show...), deu esta nota e não aquela? Ou melhor, como é que a sua opinião sobre o seu objeto traduz-se naquela nota em particular e não em nenhuma outra próxima? Consideramos impossível a consideração das nossas palavras como transmissoras perfeitas e completas dos nossos pensamentos. O que se dirá então dos números em relação aos nossos pensamentos (e palavras)? Entre a idéia que o crítico faz na sua mente do disco e a numeralização disso há um processo nada matemático ou objetivo. Não existe correlação “perfeita” entre esses dois elementos como há quando associamos macaco à banana ou Paris à torre Eiffel (para usar uma comparação um tanto tosca). É um processo que sofre múltiplas influências de conjuntura, de circunstância, que o podem fazer variar de um momento para o outro. Por isso, navega sempre em mar de inexatidão, ainda que o crítico ache que possa fazer a tradução perfeitamente.


Já demos o nosso primeiro passo de prolixidade e inutilidade posto que é unânime a imperfeição desse sistema. Vamos ao segundo, porém. É dificil, já o vimos, entender o significado de um ponto (ou de meio ponto, ou um ponto e meio) dentro de uma avaliação positiva. Será que a coisa muda de figura quando temos aquela nota de cárater absoluto, qual seja, o dez? O que é a nota dez? É a nota máxima. Isso resolve o nosso problema, entretanto? Isto é, será que o dez nos transmite algo menos impreciso? Tenho para mim que não, que absolutamente nada muda. O significado de um dez pode variar da mesma forma que o significado de um oito e meio. Isso porque o crítico tem um critério (ou critérios) estabelecido de antemão (e aqui entramos no nosso segundo argumento). Esse critério (ou critérios) pode estar explícito ou não (para o leitor ou para ele mesmo), pode ser algo bem fixo na mente de quem escreve ou mais frouxo e variável. Entretanto, ele está sempre lá.

O significado de um dez, dizíamos, pode variar da mesma forma que o significado de um oito e meio. A Roadie Crew, por exemplo, lhe dá um sentido bem específico que é o de clássico. Ali, o dez é algo a mais que o excelente (que corresponde à nota nove). O disco que ganha um dez é como um marco, algo memorável ou sei lá mais o quê. Talvez esteja na hora de também eles definirem o que é um clássico... Outras leituras podem ser feitas. Dez pode significar perfeição no sentido de que tudo o que foi feito no disco (solos, letras, linhas vocais) está irretocável, como se fosse da melhor forma possível. Dez pode também ter um significado menos rígido como por exemplo o de que ele atende a vários quisitos de forma satisfatória sendo não necessariamente que todos os elementos ali não possam ficar melhores.

E mil outras podemos citar aqui. Alguns podem ter como parametro o nível técnico. Dessa forma, para essas pessoas, um disco do Dream Theater será sempre melhor que um do Ramones e o Malmsteen é um guitarrista melhor do que o Adrian Smith. Outros prezarão mais pelo quisito originalidade. É nessa linha que vai grande parte das críticas ao Rhapsody, que enfatizam que o grupo faz a mesma coisa desde o seu primeiro trabalho. Assim também foi a ressalva que Vitão Bonesso (da Roadie Crew) fez ao novo do Arch Enemy: “Está na hora de algumas inovações”. Por outro lado, outros se mostram refratários a qualquer redirecionamento: se a banda mudou, se torce o nariz e nunca vai se dar um dez. Assim pensam aqueles que, primeiramente, estranharam o Chaos A.D. para depois, com o Roots, condenarem o Sepultura como banda de passado glorioso que se afastou da música de qualidade para enveredar por rumos bizarros. Tem o caso também do A Night at the Opera do Blind Guardian, em que a banda injetou mais coros e orquestrações e causou estranheza. O problema tem um agravante quando o padrão imposto não é exposto. A gente, então, fica sem saber sobre que base se deu aquilo. Mais um problema nos perturba se pensarmos que também os leitores carregam seus padrões...

O nosso raciocínio pode nos conduzir para uma crítica além daquela do dar uma nota, indo no sentido da crítica à crítica como algo que carrega sempre uma idéia de ideal. Pensar nisso revela que o dar uma nota é um processo secundário, sendo o x da questão a análise do anterior momento da formação de opinião do crítico, momento esse que é o do encontro dos critério, das expectativas, dos preconceitos, etc. do crítico com o objeto que ele vai analisar. Mas eu não vou falar sobre isso.


Acredito que mesmo se hoje o leitor seja desocupado o bastante para ler esse texto, em algum momento da vida deve ter tido responsabilidades maiores junto ao sistema escolar. Nesse caso, deve estar concordando com o que eu estou dizendo. A coisa tendia a ficar mais patente nas aulas de redação. Quando alguém tirava um sete, se perguntava naturalmente por quê. Se via três erros de acentuação, imaginava que foi descontado um ponto por erro. Aí o indivíduo via que a redação do colega estava muito mais rabiscada porém com uma nota maior. Talvez, ele até fosse à professora para que ela explicasse a diferença. Ela com certeza começaria falar em termos de significado vago e em milésimos de segundo depois ele lembraria que tudo que ele quer é sair dali, ir embora para casa e jogar videogame. É óbvio que a professora não conseguiria satisfazer a curiosidade do aluno em saber como se deu o mecanismo. É porque ele busca um processo objetivo, mecânico, e nada está mais longe disso do que a correção de redações. É nesse mesmo caminho perdido que rumam tanto o resenhista que acredita na sua nota quanto o leitor que se fixa unicamente a ela ignorando o resto.

Mas talvez estejamos sendo severos demais. Apesar da imprecisão, um número sempre expressa algo e ainda que capengamente ele não deixa de fazer uma síntese da avaliação do crítico. E mais: ele muitas vezes não bastando ter cárater conclusivo, é utilizado como suplemento ao texto, de forma que o crítico fala no número o que não fala na resenha, tornando o número palavra na medida em que ele é algo além do símbolo que sumariza e concentra em si a opinião, ou seja, além de sintetizar, ele acrescenta. (isso acontece por exemplo quando lemos um review que do começo ao fim elogia muito a banda (o que indicaria um dez) mas no final dá um oito -sem explicar o por que de subtrair dois pontos-).

Por isso, a nota ainda conserva algum resquício de dignidade e validez. Ainda assim, julgo que melhor do que se fixar em um número é ler as palavras. Mas isso também é problemático, o que não nos deixa outra saída a não ser ouvir o cd para ver se nós gostamos dele ou não. Isso, com certeza, é o melhor a se fazer já que se guiar pela opinião alheia incorporando-a pode ser uma verdadeira corrente para aquele que pretende curtir música.