sábado, 17 de maio de 2008

Opinião: Sobre a Cena 2

Por Luis “Carlinhos” Carlos

Quando se fala em cena, falamos de pessoas e é aí que complica, pois pessoas são diferentes e o confronto de pensamentos é inevitável. Cena envolve Bandas, Promotores de Eventos, etc. e a palavra União é sempre pregada, quando na verdade muitas vezes ela tem a conotação de “Bajulação”, do sujeito que está na comunidade de determinado evento, parecendo que essa pessoa nem é fã de determinada banda que toca no evento, mas sim, pela amizade (ou não) do promotor do evento, ou, porque é namoradinho(a) da banda f*** do seu namorado, ou porque é amigo(a) do integrante da sua banda f***, ou seja, cabe até a dúvida se a pessoa curte realmente essa banda ou mesmo Heavy Metal, mas, deve ser como jogar futebol talvez, é vestir a camisa (nesse caso a da banda). União entre Promotores de Evento ? Sim, é muito importante e aqui no Rio mesmo tem isso, pouco mas tem, como também tem pessoas que exploram Bandas colocando as mesmas pra pagar (a máxima culpa é da banda que se sujeita a tal BURRICE) e também de pessoas, que deveriam se unir até mesmo na organização do evento (uma simples reunião resolveria) programando datas entre seus eventos, e assim, todos ganhariam com isso, promotores, público, bandas, etc. Pior ainda são aqueles que descaradamente fazem eventos pra ganhar dinheiro em cima de alguma moda, eu até aceito que organizador tem que ganhar seu dinheiro, mas não me venham com historinha de que fazem isso pela cena porque eu não nasci ontem, porque pras bandas, na maioria das vezes nem pagam (pelo menos seu transporte) e pelo que vejo nem se sentem nessa obrigação, principalmente quando são bandas daqui (no caso do RJ), pois o amigo ta ajudando o amiguinho dando uma força pra sua Banda, e longe de mim, exaltar algum bairrismo aqui, mas pra Banda de fora do Rio dão até mais valor e é engraçado que se fala que aqui tem Muita banda f*** mas na hora de valorizar mesmo, nem tão aí. Eu sei e até acho louvável que um organizador se esforce e muito pra fazer um evento (falo de eventos sérios) e que muitas vezes eles tem que lutar contra a rejeição do público, que só apóiam eventos gringos ou pior, vão em determinados locais de shows e não prestigiam, ficando do lado de fora, etc. SEMPRE ACHEI QUE AQUI NO RIO TEM É DOIS PÚBLICOS; O QUE APÓIA SHOWS UNDER E GRANDES EVENTOS E OS QUE SÓ APOAIM OS EVENTOS DE FORA. Eu já organizei eventos e apoiei outros na Década de 90 (como a primeira vez que o Tuatha de Danann tocou no RJ, no Garage em 98 e toquei também na época com a banda Refugium Pecatorum), nos shows em 93 e 94 no 10 de Maio em Campo Grande. Ta bom, cada um sabe o que faz da sua vida, mas que também não cobrem nada depois porque não acontece nada por aqui, pois reclamar como um covarde em Orkut é muito fácil. Não venho aqui causar alguma revolução pra alertar alguém, pra salvar alguma coisa até porque nunca acreditei que o Metal possa causar isso e que também não acredito em discursos baratos, pois geralmente isso acontece quando determinado estilo abrange conteúdo ideológico, caso do Punk, mas nem mesmo o Punk agüentou o tranco e como bem disse Johnny Lydon (Sex Pistols e P.I.L.): “Música é escapismo”. Liricamente, O Metal abrange uma diversidade de coisas, não só políticas, mas também religiosas, Históricas, etc. Entendo a opinião e respeito, mas Metal é acima de tudo: MÙSICA e as pessoas manifestam seu amor pela mesma através de gestos, roupas, etc. Talvez seja mais importante fazer uma revolução interior, ou seja, algo que mexa com você, que transforme teus pensamentos e mude tua vida, algo que faça valer a pena. O que parece é que o Metal precisa sempre de rótulos, inovações que é bom nada, e vemos aí a infinidade de estilo que nada acrescentam com sub-divisões, aliás, muitas delas tão é se repetindo, como o tal “metalcore”, mas que no fundo não passa de uma repetência do Crossover, que tinha nos Anos 80 bandas que praticavam o estilo como: DRI, Excel, etc. e esse estilo mistura o Metal com Hardcore. Hoje falam do Thrash quando se referem ao metal extremo, mas antes, o estilo não era considerado como metal extremo, como eu citei no outro texto, o povo do Black falava mal de Thrash pra caramba (o clássico disso foi uma entrevista da banda Paranaense “Amen Córner” na Revista Rock Brigade que falou que Thrash era som de Play Boy), isso é Estranho né...e onde estará o Speed Metal? Esse um derivado do Thrash nos Anos 80...

Percebi há muito tempo que a onda do povo é inventar, mas, acho que rótulo tem que ter uma conotação verdadeiramente musical. E o tal de War Metal? Poxa, seria legal uma banda assim fazer um show no Iraque, ou então, fazer um show durante uma invasão do Bope na Vila Cruzeiro, seria extremo demais. “War” por que? Porque falar de guerra? Então o At War (banda oitentista de Thrash) e o Void Void. São pioneiros... putz depois o Hard Rock é que é poser heim. De uma coisa eu sei: o Extreme não é extremo e o Doom é banda antiga de Punk (risos)

A Música faz isso comigo, ela mexe com meus sentimentos, é como se minha vida tivesse uma trilha sonora (no meu caso bem eclético, não só com Metal, mas também com outros estilos). Eu lembro que era apenas um rapaz já apaixonado por Heavy Metal no Final dos Anos 80, e o som que eu ouvia de bandas como Stress, Cirith Ungol, Quiet Riot, Kiss, Iron Maiden, Vulcano, etc agora saía pras ruas, pois daí eu passei a freqüentar shows de Metal Underground no Caverna 2 em Botafogo e no Circo Voador, além dos poucos que rolavam próximos de casa, pois fora isso era só freqüentar ensaios das bandas de amigos ou escutar discos com amigos em minha casa. Nesses shows no Caverna 2, vi muitas bandas legais como Viper (com Andre Matos), Vodu, Krypta (que tocava meu camarada Vitor Hugo, atualmente baixista do ColdBlood), Volkana, Dorsal Atlântica, Korzus, Sarcofago, etc.

Mas, na época tudo era bem longe da minha casa porque na época eu morava em Inhoaíba (a Roça de Campo Grande) e as vezes eu tinha que pegar 2 conduções pra chegar até o local de um show. Mas e a Zona Oeste? Bem, por aqui já se criava um bom círculo de amigos, unidos pelo mesmo gosto musical e além do Vitor, tinha o Michael Parayba (fotógrafo da Rock Press), Yves e Cristian (ambos do Black dog atualmente) e tantos outros que se reuniam pra curtir um som na Lona de Campo Grande (que nem lona tinha ainda), numa praça em Campo Grande, onde rolava pega de carros e a gente metia sonzeira lá e irritava os play boys com muito Megadeth (na época com disco “So far, So good, So what” que eu tinha em fitinha k7) e Beneath the Remains do Sepultura e a rapaziada já começava a montar suas Bandas: Blasted, BlockHead, Gangrena Gasosa, etc. Também lembro da praça em Bangu (e atualmente moro em Bangu), mas hoje as pessoas fazem Points mais organizados, como essas festas que tem por aí, infelizmente muitas delas próximas de um baile funk, que só muda as músicas e a trilha sonora, mas o resto digno de uma juventude preocupada com o aspecto visual e mente alienada. E já que eu falei em Bandas que meus amigos formavam e tocavam, nessa época eu nem pensava em tocar algum instrumento, pois só comecei a “cutucar” bateria em 1992 quando assistia ensaio dos amigos da banda Sex Noise, antes mesmo dos caras estourarem na época com coletânea, cd na EMI e clips na MTV. Mas, antes disso, por volta de 89, 90 surgiu o “Arena do Heavy”, que foi um evento muito legal que aconteceu em Campo Grande, com bandas de Metal e até Punk, o que acabou gerando uma briga fora do evento. O legal foi montarmos o palco e colocarmos serragem no chão e à medida que o povo agitava, subia uma poeirada danada (risos), mas tudo era festa, tudo era Metal, lembro de ta lá de bobeira nos ensaios ouvindo a banda Mineira “Sextrash” e a música Alcoholic Mosh era a boa (risos). O Arena do Heavy teve duas edições e eu lembro que tinha até um vídeo e eu aparecia nele, com cabelo anos 80 e camisa do Slayer Branca, que coisa mais retro heim...como dizia Thayde e Dj hum: “... que tempo bom, que não volta mais”. Além do Arena, teve uma coletânea importante chamada Headline, que saiu 2 edições e eu as tenho em vinil, e que na primeira edição contou com várias Bandas da Zona Oeste como Blasted, Blockhead (que contava com Marcus, hoje vocalista do Panaceah), Spited (que contava com Marcelo Led, hoje baterista do Hicsos). È meus amigos leitores do Arise, o tempo voa e nem parece que isso já foi há 18, 20 anos. E Já que pelos assuntos nós entramos no começo dos Anos 90, como não citar Rock In Rio 2 que aconteceu em 1991 e naturalmente toda essa rapaziada estava lá e quem não foi no Dia do Metal? Que contou com Judas Priest (no disco Painkiller), Sepultura (lançando Arise, que coincidência heim?) e que começava a despontar lá fora, Queenryche, Megadeth (com o disco Rust in Peace), Guns and Roses (quando ainda era uma banda) e pasmem, show do Lobão, que nada tinha a ver com o dia e que foi massacrado e expulso do palco pelo público (o mesmo aconteceu na primeira edição com Erasmo Carlos e na terceira edição com o Carlinhos Brown). Um 19 de Janeiro que nunca sairá da minha memória, de um Maracanãzinho lotado que fui com amigos e regado a muito rock pesado, muita farra e juventude... SAUDOSISMO É BOM QUANDO NÃO É BARATO, QUANDO É LIVRE DE PENSAMENTO E NÃO COMO IMAGEM.

Carlinhos no Rock in Rio II

8 comentários:

Anônimo disse...

Esse cara é lenda do Metal carioca.

Anônimo disse...

Novamente tenho que dizer...brilhante!!!

Cara, concordo com tudo! Sinceramente, não precisa mudar nem um pingo de 'i' no que vc escreveu.

PArabéns pela matéria Carlinhos!!!

Anônimo disse...

Vida inteligente no Metal carioca é sempre bem vindo, um cara que sabe o que diz e super genet boa

Anônimo disse...

super aquisição do Arise ter o Luis fazendo matéria aí, como sempre, divertida e super informativa.

Abração e sucesso pra vocês

Anônimo disse...

"Percebi há muito tempo que a onda do povo é inventar, mas, acho que rótulo tem que ter uma conotação verdadeiramente musical. E o tal de War Metal? Poxa, seria legal uma banda assim fazer um show no Iraque, ou então, fazer um show durante uma invasão do Bope na Vila Cruzeiro, seria extremo demais. “War” por que? Porque falar de guerra? Então o At War (banda oitentista de Thrash) e o Void Void. São pioneiros... putz depois o Hard Rock é que é poser heim. De uma coisa eu sei: o Extreme não é extremo e o Doom é banda antiga de Punk (risos)"

Hahahahahahahaha!!!! Cara, esse páragrafo que você escreveu é foda demais! Nem concordo tanto com o que você disse porque acho que a parte lírica faz a maior diferença, mas devo me curvar diante de humor inteligente.

Outra coisa: Carlos, eu sei que eu costumo te bombardear com mil perguntas e você deve viver de saco cheio, mas aqui vai mais uma:
O que você tava fazendo nessa foto? Jogando capoeira? Coçando o saco? Catando um cavaco de lado? Tinha acabado de arremessar uma bola de boliche? Ia bater uma falta?

Quando tinha essa sua idade da foto- ou talvez mais novo- eu também tinha uma camisa do and justice for all que eu adorava. Mas é claro que o meu caso está bem mais próximo no tempo que o seu. Sem ofensas a sua idade avançada, é claro. hehehehe

Cara, parabéns pelo texto e está sendo uma honra ter você escrevendo para o nosso blog. Sou fã seu.

Anônimo disse...

hehehehe q isso man, fico de saco cheio não, vc bem sabe como toda rapaziada jovem do Arise, q são pessoas muito inteligenets e uma cabeça bem aberta, eu não faria parte de uma parada se na oconcordasse e no Arise eu me sinto bem pacas.

Anônimo disse...

Parabéns Carlinhos, como sempre muito bom humor a serviço do rock.
beijo pra todos

Gina

Anônimo disse...

Ond é que assino o que o Luis falou ? disse tudo e mais um pouco.