sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

CD Review: Shaman – Immortal


Shaman – Immortal
Gravadora: Thurbo Music


Por Artur Henriques

O Heavy Metal nacional anda passando por momentos realmente estranhos não é mesmo? Afinal, Igor Cavalera deixou o Sepultura, Angra entrou em coma (e ninguém sabe até agora se a banda vai sair disso) e o Shaman se separou. E talvez essa tenha sido a coisa mais estranha de todas! Afinal para todos aqueles que acompanham a novela envolvendo o grupo Angra e seus ex-integrantes a impressão que se tinha era de que o Shaman era formando por pessoas unidas pela amizade mais do que qualquer outra coisa.

Mas o fato é que no final de 2006 começou a rolar os mais variados boatos sobre um possível fim da banda, ou que a banda iria continuar com um novo baterista. É então que todos são pegos de surpresa e o que parecia impossível aconteceu: em um comunicado ao fã clube, o baterista Ricardo Confessori revela que a banda continuaria sim, mas tendo da formação original apenas ele! Enquanto que o vocalista André Matos acabou por buscar o caminho da carreira solo (sendo acompanho pelos irmão Mariutti e pelo tecladista Fabio Ribeiro). Desde então os antigos fãs da banda têm se dividindo entre os que apóiam a nova formação da banda e aqueles que preferem André Matos e sua trupe.

A confusão só aumentou ainda mais quando foram anunciados quais eram os novos integrantes da banda. Afinal, o guitarrista Leo Mancini era desconhecido do grande público e tinha acabado de lançar seu primeiro álbum com a banda Tempestt, e o baixista Fernando Quesada era um completo desconhecido. Mas acredito que quem mais sofreu com a descrença tenha sido o vocalista Thiago Bianchi. Afinal, substituir André Matos não é para qualquer um e os trabalhos anteriores de Thiago (como as bandas Karma e Vox) pareciam indicar que o estilo dele não era o mais adequado para cantar na banda (e não eram poucos os que preferiam outras pessoas assumindo o posto de vocalista do Shaman).

Porém o fato é que essa nova formação organizada por Confessori foi capaz de gravar um álbum de muita qualidade. A começar pelo vocal de Bianchi, que logo na primeira música (Inside Chains) mostra a que veio.

Outra grata surpresa foi o ilustre desconhecido Fernando Quesada, que demonstrou não ser apenas extremamente habilidoso com o baixo (e isso é ainda mais impressionante ao sabermos que antes de entrar na banda ele se dedicava à guitarra), como também um ótimo compositor. Compondo a música In The Dark e sendo co-autor de tantas outras. Outro que também mostrou ser uma excelente aquisição para a banda na função de compositor é o guitarrista Leo Mancini (mas isso não é novidade para quem conhece o trabalho que ele realizou junto ao grupo Tempestt).

Mancini, diga-se de passagem elevou para um novo patamar de qualidade a seção de guitarras da banda. Mantendo a tradição de seu antecessor de criar riffs marcantes ele trouxe consigo um nível técnico e de virtuosidade até então inédito na banda.

O veterano Ricardo Confessori também mostrou a que veio, atuando como co-autor de duas letras de música e co-autor de várias músicas. Ele também voltou a tocar bateria melhor do que nunca, cumprindo a sua promessa de criar linhas de bateria tão boas quanto as dos álbuns Ritual e Holy Land.

O grupo ainda conta com o auxílio luxuoso do tecladista Fabrízio Di Sarno (Karma), que além de gravar as excelentes linhas de teclado e arranjos presentes no álbum, compôs a música de introdução Renovatti.

A sonoridade desse novo álbum traz o mais simples e puro Metal Melódico (para o bem ou para o mal). De fato, Confessori cumpriu meia promessa. Afinal quando a banda se separou ele alegou que pretendia voltar à sonoridade do álbum Ritual, e de fato, Immortal está mais próximo do Ritual do que o Reason. Mas, a bem da verdade, deve-se dizer que ele se encontra mais próximo da sonoridade mais tradicional do Metal Melódico, tendo uma abertura menor para aquele Heavy Metal banhado em world music como foi o primeiro álbum da banda.

Outro fato marcante desse álbum é que ele foi totalmente produzido aqui no Brasil, da gravação à masterização, tudo foi feito por aqui. Tendo Confessori e Bianchi encarregados da produção, e gravado nos estúdios Fusão VM&T e Plug-in (pertencentes ao vocalista e ao baterista respectivamente) é incrível como a banda conseguiu atingir uma qualidade de gravação de nível internacional. Sem ter que optar por fazer a mixagem ou a masterização no estrangeiro. Realmente surpreendente!

Apresentar destaques para esse álbum é complicado, pois o considero bastante equilibrado. Mas é impossível não comentar algumas músicas, como por exemplo Tribal By Blood, que é provavelmente a única que remete o ouvinte ao álbum Reason devido ao seu peso e agressividade.

One Life e Immortal são as músicas mais próximas de remeter o ouvinte ao primeiro álbum da banda. Enquanto a primeira é um dos grandes destaques do álbum (graças principalmente ao vocal do Bianchi), a segunda é a pior! Na faixa título a banda parece que tentou emular a sonoridade do Ritual e do Holy Land (do grupo Angra), mas a música acabou parecendo um remake da faixa título do álbum Holy Land, tendo até mesmo um índio falando no meio dela.

Por fim gostaria de destacar a música que encerra o álbum: The Yellow Brick Road. Tanto pelas belas melodias presentes nela, quanto pela ótima interpretação do vocalista. A música ainda apresenta uma aura meio experimental que acaba dando um belo final para o álbum.

Entre os que ficam do lado do “Shaman Immortal” e dos que ficam do lado do André Matos, eu prefiro ficar do lado da boa música. E esse álbum é sem sombra de dúvidas boa música! E ponto final.

Nota: 9.5

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