Entrevista por Homero Pivotto Jr.
Foto por NEIL ZLOZOWER |
Uma parte considerável do que é feito hoje no mundo do rock
tem influência, direta ou indireta, de três bandas inglesas: Black
Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin. Há, inclusive, quem classifique
esses grupos como a sagrada tríade do estilo — ou coisa que o valha. E
isso não é papo de tiozão do Led, mas uma constatação bem plausível
considerando o que dizem artistas na ativa hoje em dia, com ou sem muita
visibilidade, sobre suas influências. Caso você concorde com essa
crença, há de convir também que só mesmo um abençoado poderia ter
integrado mais de uma dessas entidades. E esse bem-afortunado está entre
nós, ainda levando a graça de seu talento aos devotos da boa música.
Falamos de Glenn
Hughes, baixista e vocalista que faz show em Porto Alegre dia 28 de
abril, sábado, no Opinião (José do Patrocínio, 836), tocando só músicas
do Deep Purple.
Glenn esteve com o conjunto entre 1973 e 1976, participando
das fases MK III e MK IV — que incluem os discos Burn (1974),
Stormbringer (1974) e Come Taste the Band (1975). Já com o Sabbath
gravou apenas um disco, o controverso Seventh Star (1985), que por pouco
não foi um álbum solo do guitarrista Tony Iommi. Além de ser agraciado
com passagens por essas duas lendas, o veterano de 66 anos ainda foi
membro do Trapeze e construiu uma carreira solo. Mais recentemente,
esteve tocando com o Black Country Communion (com Jason Bonham, filho do baterista do Led Zeppelin, John Bonham) e California Breed.
Na entrevista a seguir, Glenn explica porque resolveu
ressuscitar o repertório do DP recentemente, relembra o fantasma das
drogas e avalia sua bendita trajetória.
Por que você resolveu fazer uma turnê tocando
apenas músicas do Deep Purple agora? Houve algum acontecimento que
desencadeou essa vontade?Glenn Hughes — Senti que esse era o
momento certo. O Deep Purple não toca músicas das fases MK3/MK4 (que
compreendem o período entre 1973 e 1976, quando Glenn esteve na banda
tocando baixo e cantando). Era tempo de revisitar essa fase com o devido
respeito que ela merece. A ideia veio após uma turnê na Austrália,
quando meu empresário e eu decidimos fazer disso uma prioridade
exclusiva pelos próximos anos.
Quais são as memórias mais bacanas do tempo em que você tocou com o DP na metade dos anos 1970? Há lembranças amargas também?
Glenn Hughes — Muitas recordações maravilhosas, como tocar no festival California Jam (1974) e conhecer Stevie Wonder. Estar no Purple foi uma experiência fantástica. Claro que as drogas arruinaram boa parte delas, e as lembranças se tornaram amargas, como vocês bem devem saber. Eu não estava em um bom lugar no fim da era Purple.
Glenn Hughes — Muitas recordações maravilhosas, como tocar no festival California Jam (1974) e conhecer Stevie Wonder. Estar no Purple foi uma experiência fantástica. Claro que as drogas arruinaram boa parte delas, e as lembranças se tornaram amargas, como vocês bem devem saber. Eu não estava em um bom lugar no fim da era Purple.
Você sabe se os outros membros do DP aprovam o fato de que
você planejou uma tour com um repertório baseado no catálogo da banda?
Glenn Hughes — Não tenho ideia. David (Coverdale) fez isso com o Whitesnake, Ritchie (Blackmore) está tocando sons do DP com o Rainbow. Então, por que eu não poderia?
Glenn Hughes — Não tenho ideia. David (Coverdale) fez isso com o Whitesnake, Ritchie (Blackmore) está tocando sons do DP com o Rainbow. Então, por que eu não poderia?
Qual é o sentimento ao tocar essas faixas antigas agora, para
uma plateia em que muitos nem eram nascidos no tempo em que as músicas
foram compostas?
Glenn Hughes — Sou agradecido por trazer esses sons de volta à vida. É muito importante para mim causar impacto em quem ouve essas composições. É incrível que elas tenham passado no teste do tempo, mas grandes músicas são atemporais. Amo ver a reação dos fãs mais novos. Eu quero mostrar isso para todos os admiradores de rock pelo planeta. É tempo de queimar (uma alusão ao disco Burn, de 1974)!
Glenn Hughes — Sou agradecido por trazer esses sons de volta à vida. É muito importante para mim causar impacto em quem ouve essas composições. É incrível que elas tenham passado no teste do tempo, mas grandes músicas são atemporais. Amo ver a reação dos fãs mais novos. Eu quero mostrar isso para todos os admiradores de rock pelo planeta. É tempo de queimar (uma alusão ao disco Burn, de 1974)!
Em sua opinião, como pioneiro no estilo: para onde o rock
está indo? O que acha que vai acontecer com o gênero? Pergunto porque a
indústria da música mudou, e nomes clássicos como Motorhead, Black
Sabbath e Led Zeppelin, entre outros, estão fora do jogo por diferentes
razões.
Glenn Hughes — Sim, tudo está mudando. Não consigo ver uma volta àquela fase de experimentação verdadeira, de inovação. Isso sem falar no tamanho dessas bandas. A indústria era muito maior. Não é crime reconhecer que era melhor no passado, e não é apenas nostalgia. Por isso que estou fazendo essa tour: para dar aos fãs o gostinho de como era nos gloriosos dias do rock setentista.
Glenn Hughes — Sim, tudo está mudando. Não consigo ver uma volta àquela fase de experimentação verdadeira, de inovação. Isso sem falar no tamanho dessas bandas. A indústria era muito maior. Não é crime reconhecer que era melhor no passado, e não é apenas nostalgia. Por isso que estou fazendo essa tour: para dar aos fãs o gostinho de como era nos gloriosos dias do rock setentista.
Como foi ter feito parte de doi gigantes do rock (Purple e Sabbath)?
Glenn Hughes — Me sinto honrado, claro! Com o Sabbath foi período menor, mas qualquer envolvimento com um pioneiro como Tony Iommi é uma honra.
Glenn Hughes — Me sinto honrado, claro! Com o Sabbath foi período menor, mas qualquer envolvimento com um pioneiro como Tony Iommi é uma honra.
Falando nisso: muitos dizem que Sabbath, Zeppelin e Purple
são a trinca sagrada do rock’n’roll. O que pensa sobre essa afirmação?
Glenn Hughes — É uma boa analogia, é verdade. E essas bandas eram todas diferentes entre si. Zeppelin tinha o lado acústico, Sabbath o peso sombrio e Purple a improvisação. Três bandas que mudaram a música e influenciaram muitos músicos. Me sinto orgulhoso do papel que tive nisso tudo.
Glenn Hughes — É uma boa analogia, é verdade. E essas bandas eram todas diferentes entre si. Zeppelin tinha o lado acústico, Sabbath o peso sombrio e Purple a improvisação. Três bandas que mudaram a música e influenciaram muitos músicos. Me sinto orgulhoso do papel que tive nisso tudo.
E sobre sua voz: você é chamado de ‘a voz do rock’, e
continua cantando com muito entusiasmo e qualidade (vide o show mais
recente em Porto Alegre, em 2015). Há algum cuidado especial ou coisa do
tipo que costuma fazer para manter a saúde vocal?
Glenn Hughes — Eu nunca fumei, o que me ajudou a manter a voz. Mas é um presente divino poder cantar. Eu descanso minha voz, cuido bem dela e não fico achando que foi um dom que veio de graça. É natural, então sou muito sortudo de ter mantido minha voz e o alcance dela por todos esses anos.
Glenn Hughes — Eu nunca fumei, o que me ajudou a manter a voz. Mas é um presente divino poder cantar. Eu descanso minha voz, cuido bem dela e não fico achando que foi um dom que veio de graça. É natural, então sou muito sortudo de ter mantido minha voz e o alcance dela por todos esses anos.
E sobre seus outros projetos (carreira solo, Black
Country Communion, California Breed..). Há ou haverá novidades sobre
essas bandas em breve?
Glenn Hughes — Devem rolar novidades em breve sobre meus planos para o próximo ano. Tenho alguns projetos possíveis, mas com relação às turnês vou me dedicar à ‘ Performs Classic Deep Purple Live’ por um tempo. Talvez role um disco do BBC, e quem sabe uma nova empreitada musical também.
Glenn Hughes — Devem rolar novidades em breve sobre meus planos para o próximo ano. Tenho alguns projetos possíveis, mas com relação às turnês vou me dedicar à ‘ Performs Classic Deep Purple Live’ por um tempo. Talvez role um disco do BBC, e quem sabe uma nova empreitada musical também.
Fonte: Abstratti Produtora
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