Ainda bem que eu consegui vencer o cansaço de sexta à noite, para prestigiar a comemoração de 30 anos dos Ratos de Porão, no Circo Voador! Eu, Marido e mais um grupo de amigos estávamos entre as quase 2 mil pessoas que testemunharam que o tempo não passa para certas bandas.
Infelizmente não deu tempo de assistirmos ao show da banda de abertura, "Serial Killers". Depois de atravessarmos o engarrafamento tradicional da Lapa, chegamos ao Circo uns 20 minutos antes do Ratos começar os trabalhos. E foi uma noite totalmente "oldschool"! Punk rock, mosh pits contínuos, galera das antigas e parte da história do rock e do underground nacional ali em cima do palco.
As primeiras músicas foram cantadas por Jão, que depois foi pra bateria e depois assumiu a guitarra (o cara praticamente joga nas 11). A maioria dos ex-integrantes participou do show-comemoração em algum momento: Jabá, Betinho, Spaguetti, Fralda e Mingau estiveram lá para assinar embaixo desses 30 anos de existência.
E por falar em Mingau, o cara por si só já é uma lenda. Pra começar, o cara é canhoto, vira a guitarra pro lado de canhoto, e usa as cordas invertidas também. E além do Ratos, também passou pelos Inocentes, pela banda 365 - que só quem lia a revista Bizz na segunda metade dos anos 80 deve ter ouvido falar - e desde 1999 assumiu o baixo no Ultraje a Rigor (a meu ver, a melhor banda do BRock 80, mas isso já é assunto para outro post).
Quando João Gordo entrou no palco, na sétima música, o respeito da galera por ele e o gás que ele ainda tem para cantar e agitar as massas fez todo mundo esquecer desse papinho de "traidor do movimento". O cara é, SIM, um ícone do punk rock nacional e isso não se discute. E o som corria solto, muito bom mesmo, nenhum clássico ficou de fora, a primeira sequência com Gordo no vocal tinha logo duas porradas históricas: "Que vergonha" (originalmente da banda Olho Seco, mas que foi gravada pelo Ratos) e "Crucificados pelo Sistema". No meio de tantas músicas épicas, ainda ganhamos um cover de Ramones, a ótima "Commando". Gordo também foi responsável por um diálogo hilário com Mingau, dizendo que ele "virou new wave, traiu o movimento e criou o 365", no que o músico canhoto retrucou zoando o ex-companheiro por ter feito um comercial de TV.
Os stage dives não pararam por um minuto, a galera muito alucinada subindo no palco, pogando sem parar e se jogando (alguns de cabeça, como é que não se machucam? Vou passar a vida toda sem entender). Os seguranças não impediram a grande maioria, só evitavam que a galera pudesse, sem querer, chutar um equipamento ou algo assim. E não deixavam ninguém agarrar nenhum dos integrantes, teve gente que tentou mesmo. Fora isso, tudo foi festa, povo agitando do início ao fim, como um evento desses merecia.
Não rolou bis, o que na hora achei meio esquisito, mas pensando bem, o show foi porradaria ininterrupta, fazer aquela ceninha clássica de sair, esperar, voltar e recomeçar seria meio anti-clímax (além das principais músicas já terem sido todas tocadas).
Valeu demais a pena, foi uma viagem ao passado - e de primeira classe!
Keep on rocking!
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