Show Review: Deep Purple

Local: Citibank Hall – Rio de Janeiro/RJ
Data: 22/02/2008

Texto por Artur Henriques
Fotos por Leonardo M.

Show de Abertura

Ninguém (ou pelo menos a maioria das pessoas) fazia idéia de que haveria uma banda de abertura, pois isso não tinha sido noticiado por qualquer veículo de mídia (com exceção do MySpace da própria banda: http://www.myspace.com/Inquisicao), ao contrário dos shows de São Paulo e Curitiba, onde já havia sido avisado de antemão que haveria bandas de abertura. As pessoas só perceberam que haveria algo assim no Rio quando ao adentrarem o recinto viram uma bateria (que não era do Deep Purple) em cima do palco.

Já passava das 22h quando a banda Inquisição subiu ao palco com a ingrata tarefa de tentar entreter a platéia que queria ver o Deep Purple e que não esperava ver um show de abertura. A recepção pela maioria das pessoas foi no mínimo fria. No entanto não deixou de ser uma ótima oportunidade de poder conferir ao vivo a banda que é formada por Itho Cruz (baixo), Sidney Sohn (teclado), ambos ex integrantes da banda Thoten, Armando Pereira (bateria), Luiz Machado (guitarra) e Silvio Mazzei (vocal), mas acredito que foi uma bela oportunidade perdida.

É aquela velha história, uma banda underground deve sempre pesar os prós e os contras de participar de um evento desses, pois se pode ser uma boa oportunidade para a banda divulgar seu som, também pode funcionar como uma contra propaganda. O som se não estava uma das piores coisas do mundo (longe disso) também não estava lá muito legal, e o instrumento que foi mais prejudicado foi justamente a guitarra que durante todo o show apresentou um som meio sujo. Aliado a isso uma performance pouco inspirada do vocalista Silvio (que em alguns momentos gritou mais do que cantou) fizeram com que a apresentação da banda Inquisição não empolgasse tanto a platéia.

O momento que conseguiu arrancar mais empolgação da platéia foi quando tocaram a música Mob Rules (do Black Sabbath). Enfim, acredito que foi uma apresentação que não fez jus ao talento dos músicos envolvidos e a qualidade que a banda apresenta em suas gravações de estúdio, seja pelos problemas já mencionados seja pelo desinteresse de grande parte do público. Espero uma oportunidade futura para voltar a ver a banda Inquisição ao vivo.

O show principal

O Deep Purple subiu atrasado no palco devido a problemas que a banda enfrentou com o equipamento. Talvez isso explique o fato do som durante o show não estar à altura das potencialidades do Citibank Hall (que para muitos é a melhor casa de show do Brasil).

Isso quer dizer que o show foi ruim ou que o público não gostou? Claro que não! Na verdade, sejamos sinceros, o Deep Purple subiu ao palco com o jogo já ganho. Afinal com cerca de 4 décadas de estrada ninguém tem coragem de reclamar desses dinossauros do rock, e o público nem quer saber se o Ian Gillan não tem mais uma voz lá muito boa.

Na verdade, quanto ao vocal de Gillan, vale aqui uma pequena reflexão, mesmo ele já não atingindo notas muito altas (hoje seria inconcebível ele cantar Child in Time), e dando umas verdadeiras derrapadas ao longo do show ele ainda se mostra um vocalista bem mais interessante, carismático, e autêntico do que a maioria dos vocais presentes nas bandas de rock mainstream atuais. Além de ter uma presença de palco irrepreensível.

A parte instrumental da banda continua impecável, dando um show à parte que faz muita bandeca por aí comer poeira. Acho que não é preciso dizer muita coisa a respeito da performance de Ian Paice (bateria, mas vocês sabem disso, né?) e Roger Glover (baixo, e continuo escrevendo por força do hábito), afinal o que esperar deles além de uma performance fantástica? Já em relação o guitarrista Steve Morse e o tecladista Don Airey eu acho que eles merecem umas palavrinhas.

Steve Morse ainda hoje enfrenta a resistência daqueles que ainda não se conformaram com a saída de Ritchie Blackmore da banda (quando as pessoas vão aprender a deixar Blackmore livre para viajar nos seus delírios medievalísticos?), mas quem foi no show pode conferir um guitarrista que não só esbanja virtuosidade mas que também possui carisma de sobre. Don Airey enfrenta questão semelhante por ocupar o cargo que antes pertencia a Jon Lord. O que posso dizer sobre Airey é que além de mandar muito bem nos antigos e novos clássicos da banda ele também fez um ótimo solo de teclado, fazendo inclusive referências a clássicos da música brasileira.

Diga-se de passagem, foi no mínimo irritante ser obrigado a ouvir um certo grupinho de pessoas reclamando durante a execução dos solos de guitarra e teclado. Ora, para que alguém vai num show de uma banda de Hard Rock setentista sem estar disposta a ouvir improvisos e viagens instrumentais? Vai entender…

Se eu tivesse que destacar algo de negativo no show seria a ausência da música Fireball (como eu queria ouvir essa música ao vivo…) e da necessidade da banda cortar Hush do set list devido ao atraso do show.

Falar qualquer outra coisa referente a esse show seria redundante, basta dizer que na saída do Citibank Hall ainda havia aqueles que cantarolavam Black Night. Longa vida a essa verdadeira instituição do rock pesado!

Set List do Show:

Pictures of Home
Things I Never Said
Into the Fire
Strange Kind of Woman
Rapture of the Deep
Mary Long
Kiss Tomorrow Goodbye
Contact Lost
Steve Morse/riff parade
The well-dressed guitar
The Battle Rages On
Lazy
Solo de teclado do Don Airey
Perfect Strangers
Space Truckin
Highway Star
Smoke on the Water
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Black night