sábado, 22 de março de 2008

Classic Album: Blind Guardian – Nightfall in Middle-Earth

Na sessão Classic Albums pretende-se homenagear as obras que merecem ser relembradas. Aqueles álbuns que consideramos fundamentais para os ouvintes de Heavy Rock...



Blind Guardian – Nightfall in Middle-Earth

Por Wesley Rodrigues

Pode-se dizer que este é o melhor e mais significativo disco dos últimos dez anos (não sem objeções, naturalmente). Enquanto alguns ainda propõem restringir-se ao estilo “old school”, o Blind Guardian soube trazer o seu Heavy Metal para a contemporaneidade. E o fez com muita propriedade, atingindo um resultado nada menos que soberbo nessas 22 faixas, onze das quais são vinhetas. O disco elevou a banda a um outro patamar que já vinha sendo trilhado desde os anos oitenta, mas que ganhou enorme impulso com o também impecável Imaginations From the Other Side (1995).

A abertura fica por conta da intro War of Wrath (soa muito estranho a pronúncia desse título!) que para os mais fãs se tornou uma nova Apocalipse 13;18 (que antecede a The Number of the Beast do Iron Maiden). Ela dá lugar à poderosa Into the Storm que é cheia de lindas e fortes melodias. E que guitarrista é Andre Olbrich! Os que têm banda e se dedicam às seis cordas não podem deixar de dar atenção especial a ele. Encontrarão ali sem dúvida uma aula de como fazer solos cheios de feeling.

A balada Nightfall é representativa de uma característica fortíssima do Blind que são os refrões grandiosos. Em um show, eles pedem para ser cantados com o máximo de devoção possível por qualquer um que esteja no recinto. The Curse of Feanor mostra um Kursch mais agressivo e mais uma vez deixa o ouvinte dividido entre bangear com a fúria da música ou se deixar levar pelas inebriantes frases de guitarra. Blood Tears e Noldor tem uma outra proposta, são músicas lentas e dramáticas mas que não deixam de ter seu momento heavy. O hit Mirror Mirror, ao contrário, é mais alegre e puxada para o metal melódico, com boas pitadas de folk.

Time Stands Still mantém o nível do álbum nas alturas e o ouvinte convencido de que está diante da que pode ser considerada a maior contribuição alemã para a humanidade. Thorn vem em seguida e mostra mais um talento de Kursch, o de letrista. Enquanto várias bandas simplesmente escarram palavras para serem cantadas, Hansi tem um cuidado grande com elas. E esse álbum foi especial já que o compositor contou com a ajuda de especialistas na obra de Tolkien.

Depois, entra a triste e intensa The Eldar, levada no piano e que dá bem o tom de tragédia presente no Silmarillion (obra na qual o disco é inspirado). Aqui há outro grande momento de Hansi que mostra versatilidade indo do angelical ao furioso. When Sorrow Sang é para mostrar que o passado da banda não foi esquecido. Na verdade, esta música tem mais a ver com a sonoridade do Imaginations do que com a do Nightfall in Middle Earth. A Dark Passage, com seus coros, é uma canção à altura de fechar uma obra de tal grandiosidade.

Nightfall in Middle Earth é o momento mais bem-sucedido de uma banda que buscou se diversificar e evoluir. Caminharam no mesmo sentido com os sucessores “A Night at the Opera” (2002) e “A Twist in the Myth” (2006) mas aqui o êxito foi menor. Entretanto, esses discos conseguiram manter o Blind no topo. Uma banda que tem um Olbrich e um Kursch não poderia estar em outro lugar.




Blind Guardian
Nightfall in Middle Earth
Ano: 1998
Produção: Blind Guardian
Gravadora: Virgin
Formação: Hansi Kursch (vocal), Andre Olbrich e Marcus Siepen (guitarras), Thomas Stauch (bateria).

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