Foto: Bruna Leoratto |
Através de nota publicada em sua página oficial no Facebook, a banda No Gracias publicou uma nota em que afirma seu posicionamento em relação a conturbada situação política que o país atravessa. O grupo mantém a postura adotada em suas canções, repudiando qualquer tipo de extremismo que possa levar ao autoritarismo e censura das liberdades individuais.
Confira a nota na íntegra:
Reflexão urgente
Esperamos que todos que seguem e curtem essa página realmente curtam nossas músicas. E que se identifiquem com a banda também pelo conteúdo das letras. De qualquer modo, a gravidade do momento obriga que a gente se expresse de forma mais direta.
A democracia brasileira já respira por aparelhos e dia 28 pode ser seu último suspiro. Isso não é uma manifestação partidária. Está bem além das naturais discordâncias sobre como é melhor que a sociedade funcione, debatidas dentro do jogo democrático.
Quando um candidato usa, para seu marketing, o gesto de simular uma arma atirando, isso já deveria despertar preocupação. Mas o pior é que o gesto pega. Quando alguém que se candidata em eleições defende ditadura, seria uma questão de lógica ter receio de seus propósitos. Mas quando ele ganha votos, parece que os votantes estão usando a democracia com intuito de perdê-la. Quando um deputado posta uma foto de alguém torturado por asfixia com um saco, já há algo de muito doentio. E quando isso vira motivo de riso, a doença está espalhada. Quando um político elogia a tortura e homenageia torturador, ele se revela um lixo humano. Mas quando o lixo é desejado para presidente, temos então uma epidemia. Com todas as atrocidades, hoje já expressadas sem qualquer vergonha, não seria nenhuma surpresa se, comemorando uma vitória eleitoral, além de tiros para cima, sejam repassados, divertidamente, memes de ratos sendo colocado nas vaginas de esquerdistas.
O ódio gera falta de empatia, o que revela também a hipocrisia do uso do cristianismo. Muitos alemães sob o nazismo não se importavam com a violência absurda contra “os outros”, pois judeus eram comparados a ratos, sujos, a “escória” (não por caso esse termo também é usado hoje). Recentemente, feministas foram caracterizadas como feias e não higiênicas.
Como fenômeno psicossocial, o fascismo libera o que há de mais vil da irracionalidade humana. É a chave que abre a caixa civilizatória onde cada um deveria deixar guardados seus demônios.
Certamente, nem todos que estão embarcando na onda fascista estão tão doentes assim. Mas, em nome de um antagonismo político (muitas vezes já doentiamente transformado em ódio), estão subestimando e negligenciando o risco do fascismo para toda a sociedade, para a liberdade de expressão, para um mínimo de civilidade nas relações humanas. E aí as pessoas passam a tolerar o intolerável. Certamente, muitos alemães embarcaram na onda nazista sem tanto ódio, e sim com esperança, apostando em um “novo” discurso que traria melhora para sua vida.
E a história se repete… Em um contexto de crise econômica, desemprego, sensação de insegurança e desesperança, surge uma figura salvadora que se apresenta como sendo de fora do sistema político vigente (no caso de hoje, fake). E então temos:
➢ Culto à personalidade (“mito”).
➢ Militarismo.
➢ Apelo à disciplina e autoridade – uma ideia de alguém como um pai autoritário que vai “botar ordem na bagunça”.
➢ Apelo ao nacionalismo (mesmo que fake, no caso de alguém voltado ao capital internacional).
➢ Conservadorismo moral – dogmas de como a vida deve ser vivida por todos.
➢ Aparato de propaganda que cativa o irracional – O cérebro com ódio acredita em tudo que o fomenta. E “a mentira repetida mil vezes vira verdade”. Isso que Goebbels não dispunha de rede social nem tinha como montar uma indústria de disseminação de fake news com robôs e algoritmos.
➢ O inimigo para exterminar – Para unir todo mundo em torno do seu ídolo, é preciso um inimigo, sejam outros povos, minorias, ou um partido político tratado como a encarnação do Mal (um mal que está em todo ser humano).
➢ A ameaça por teorias conspiratórias – as pessoas precisam sentir uma ameaça da qual serão salvas pelo ídolo, seja o domínio dos judeus, o fim da “família” pelo “gaysismo” e feminismo, o “comunismo”… a invasão alienígena… o que for.
Agora, o fascismo está aí. Os fascistas já passaram. Para botar de volta os demônios na caixa da civilização e da democracia vai demorar. O ódio, a intolerância e a estupidez de raciocínio já impregnam as relações sociais. E os inquisidores medievais estão empoderados. A caça às bruxas já começou. Quando estiverem com o poder oficial nas mãos, salve-se quem puder. A NO GRACIAS já traz uma negação no próprio nome. E nunca foi tão importante dizer “Não”. O cenário é triste. Mas vamos resistir.
#elenão
Confira a nota na íntegra:
Reflexão urgente
Esperamos que todos que seguem e curtem essa página realmente curtam nossas músicas. E que se identifiquem com a banda também pelo conteúdo das letras. De qualquer modo, a gravidade do momento obriga que a gente se expresse de forma mais direta.
A democracia brasileira já respira por aparelhos e dia 28 pode ser seu último suspiro. Isso não é uma manifestação partidária. Está bem além das naturais discordâncias sobre como é melhor que a sociedade funcione, debatidas dentro do jogo democrático.
Quando um candidato usa, para seu marketing, o gesto de simular uma arma atirando, isso já deveria despertar preocupação. Mas o pior é que o gesto pega. Quando alguém que se candidata em eleições defende ditadura, seria uma questão de lógica ter receio de seus propósitos. Mas quando ele ganha votos, parece que os votantes estão usando a democracia com intuito de perdê-la. Quando um deputado posta uma foto de alguém torturado por asfixia com um saco, já há algo de muito doentio. E quando isso vira motivo de riso, a doença está espalhada. Quando um político elogia a tortura e homenageia torturador, ele se revela um lixo humano. Mas quando o lixo é desejado para presidente, temos então uma epidemia. Com todas as atrocidades, hoje já expressadas sem qualquer vergonha, não seria nenhuma surpresa se, comemorando uma vitória eleitoral, além de tiros para cima, sejam repassados, divertidamente, memes de ratos sendo colocado nas vaginas de esquerdistas.
O ódio gera falta de empatia, o que revela também a hipocrisia do uso do cristianismo. Muitos alemães sob o nazismo não se importavam com a violência absurda contra “os outros”, pois judeus eram comparados a ratos, sujos, a “escória” (não por caso esse termo também é usado hoje). Recentemente, feministas foram caracterizadas como feias e não higiênicas.
Como fenômeno psicossocial, o fascismo libera o que há de mais vil da irracionalidade humana. É a chave que abre a caixa civilizatória onde cada um deveria deixar guardados seus demônios.
Certamente, nem todos que estão embarcando na onda fascista estão tão doentes assim. Mas, em nome de um antagonismo político (muitas vezes já doentiamente transformado em ódio), estão subestimando e negligenciando o risco do fascismo para toda a sociedade, para a liberdade de expressão, para um mínimo de civilidade nas relações humanas. E aí as pessoas passam a tolerar o intolerável. Certamente, muitos alemães embarcaram na onda nazista sem tanto ódio, e sim com esperança, apostando em um “novo” discurso que traria melhora para sua vida.
E a história se repete… Em um contexto de crise econômica, desemprego, sensação de insegurança e desesperança, surge uma figura salvadora que se apresenta como sendo de fora do sistema político vigente (no caso de hoje, fake). E então temos:
➢ Culto à personalidade (“mito”).
➢ Militarismo.
➢ Apelo à disciplina e autoridade – uma ideia de alguém como um pai autoritário que vai “botar ordem na bagunça”.
➢ Apelo ao nacionalismo (mesmo que fake, no caso de alguém voltado ao capital internacional).
➢ Conservadorismo moral – dogmas de como a vida deve ser vivida por todos.
➢ Aparato de propaganda que cativa o irracional – O cérebro com ódio acredita em tudo que o fomenta. E “a mentira repetida mil vezes vira verdade”. Isso que Goebbels não dispunha de rede social nem tinha como montar uma indústria de disseminação de fake news com robôs e algoritmos.
➢ O inimigo para exterminar – Para unir todo mundo em torno do seu ídolo, é preciso um inimigo, sejam outros povos, minorias, ou um partido político tratado como a encarnação do Mal (um mal que está em todo ser humano).
➢ A ameaça por teorias conspiratórias – as pessoas precisam sentir uma ameaça da qual serão salvas pelo ídolo, seja o domínio dos judeus, o fim da “família” pelo “gaysismo” e feminismo, o “comunismo”… a invasão alienígena… o que for.
Agora, o fascismo está aí. Os fascistas já passaram. Para botar de volta os demônios na caixa da civilização e da democracia vai demorar. O ódio, a intolerância e a estupidez de raciocínio já impregnam as relações sociais. E os inquisidores medievais estão empoderados. A caça às bruxas já começou. Quando estiverem com o poder oficial nas mãos, salve-se quem puder. A NO GRACIAS já traz uma negação no próprio nome. E nunca foi tão importante dizer “Não”. O cenário é triste. Mas vamos resistir.
#elenão
Fonte: Mateus Rister - Jornalista e Assessor de Comunicação
Insanity Records
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