sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

CD Review: Manowar – Gods of War

Por Wesley Rodrigues

Essa resenha foi escrita há muitos meses e ficou tanto tempo engavetada porque eu queria transcrever algumas partes de um texto ao qual eu faço referência aqui, mas nunca consegui acesso a ele para tal. Um milhão de desencontros e esquecimentos impediram que o meu amigo Léo me emprestasse a maldita revista. Perdidas todas as esperanças de um dia tê-la em mãos e a paciência de segurar esta resenha por tanto tempo, decidi publicar a resenha incompleta mesmo. Dedico o post ao meu irmão, que me apresentou ao Manowar há uns, sei lá, onze anos atrás.



Os extravagantes americanos do Manowar lançaram ano passado este disco que não foi lá muito bem recebido pelo público e pela crítica. Até a banda que costuma ter sempre um pé fora da realidade reconheceu isso. Gods of War acabou gerando mais estímulo para chacota do grupo, como se os corpos banhados em óleo, as roupas de couro apertadas e todo aquele discurso “morrer pelo metal” não fossem suficientes.

Mas esta resenha não compartilha de opiniões tão negativas quanto recorrentes. O disco tem excelentes passagens do mais puro e bom metal e isso consegue salvá-lo apesar de momentos de menor inspiração e experimentações enfadonhas. É o que pretendo defender comentando uma a uma as faixas desse disco, mesmo correndo o risco de fazer os leitores desistirem de ler a resenha por ser tão grande e entediante (“assim como Gods of War”, diriam os detratores do Manowar).

A primeira faixa é a orquestrada Overture to the Hymns of the Immortal Warriors. Nada mal para uma abertura. O que mata é que ela é muito grande, maior que o próprio nome. Por causa de seus seis minutos e vinte segundos, merece ser ignorada pra sempre.

Depois desta introdução, vejam só, vem outra introdução: The Ascension. Essa é menor, tem dois minutos e meio, mas isso já é o suficiente para deixar alguém impaciente. Até que, finalmente, o ouvinte detecta uma guitarra em King of Kings, um metalzão de refrão excelente e grande solo de Logan. Há nela uma parte de narração mas que não consegue esfriar.



Em seguida, entra Army of The Dead part I, mais uma música para embromação. Esse tipo de coisa é justificada pela banda por se tratar de um álbum conceitual e que está se contando uma história. Por isso, em muitos momentos (entre as músicas e durante elas) o metal pára para dar lugar à história. Isso torna o disco bem cansativo. Até porque esse negócio das letras sobre vikings milhares de bandas têm explorado contínua e cretinamente, sem trazer grandes novidades. E o Manowar não se limitou a usar esse tema como letras de suas músicas, mas quis contar uma história manjada como essa entupindo o cd de todo tipo de recurso adicional como narrações, sonoplastia e tudo o mais, um esforço que não poderia ter outro resultado se não encher o saco! Não que os vikings, as batalhas, Odin, etc. não sejam interessantes. Muito pelo contrário. Mas o Manowar levou o tema à exaustão nesse disco e ainda por cima do modo mais chato, piegas e batido possível. É esse o principal motivo de crítica ao cd, uma opinião que até onde eu vi é unânime. Acho que ela tem sido uma barreira para que se perceba o que há de bom em Gods of War.

Chegamos à faixa Sleipnir que tem um refrão emotivo e marcante, até por que é cantado inúmeras vezes. Grande música que sem dúvida funciona bem nos shows. Além disso, tem outro bom momento de Logan. Depois, entra Loki God of Fire e o banger pode estar convencido de que fora o blábláblá o disco é realmente bom.

Blood Brothers (eu já vi esse título antes) tem como belo tema a amizade. Mas o Manowar já fez baladas melhores. Overture to Odin, outra orquestrada, termina majestosamente para dar lugar a....The Blood of Odin, uma narração de quatro minutos insuportável. Até que entra Sons of Odin para deixar injuriado o bom banger que ouviu dizer coisas como “Este novo do Manowar é um lixo” e provar que se deve buscar opinião própria ao invés de dar muito crédito à dos outros (no que se inclui, é claro, a desse resenhista).



A faixa-título trabalha arranjos de violino e metais para trazer um clima épico. Legal. Army of the Dead part II é um coro liderado por Adams e não precisa ser ouvida. Odin é uma música mais lenta e similar a outras feitas pelo Manowar. Não impressiona muito mas ainda assim é boa. O mesmo vale para a balada Hymn of the Immortal Warriors. Por último, temos a faixa bônus Die for Metal. Com uma sonoridade mais tradicional, é uma música bem Manowar. Até nas letras que mostram mais uma vez a mania de perseguição que a banda tem (They can’t stop us Let them try) e a idéia do Heavy Metal como a coisa mais importante da vida.

É bem verdade que o Manowar não é metade do que diz que é. A coroa que alega sua, uma monte de bandas merece mais. Mas ainda assim são bons pra caralho e Gods of War mostra isso, apesar de não ser uma maravilha de disco. Estamos bem longe portanto do que disse Régis Tadeu em relação a este trabalho. Me parece que a intenção máxima dele aqui não foi fazer uma avaliação equilibrada mas sim promover seu estilo piadístico. O Manowar é trampolim perfeito para quem quer fazer humor fácil, e Régis se aproveitou disso ao invés de usar uma argumentação equilibrada. Deu uma de Diogo Mainardi do Metal. Uma audição sem pré-conceitos vai revelar que Gods of War (e o Manowar) merece mais respeito.

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