Fotos por Carlos Gonçalves e Wesley Rodrigues
Mesmo sem conseguir cobrir toda a cena carioca, o ARISE! atravessou as fronteiras do Estado para chegar ao Roça n Roll, evento open-air dedicado ao Rock e ao Metal que existe há dez anos em Varginha*. A viagem foi bastante cansativa, cerca de sete horas na estrada, mas foi muito bem compensada no decorrer do evento. Chegamos à fazenda no meio da tarde e, entre bosta de cavalo e pessoas já bêbadas, enfrentamos uma fila bem demorada para entrar. O motivo era a revista minunciosa que os seguranças faziam nas mochilas. Mesmo se questionarmos a inteligência de não deixar entrar nenhuma caneta ou lápis, tudo isso mostrou uma saudável preocupação da produção com a segurança do público.
Infelizmente, perdi as bandas Mr. Zé, Abysmal e Tormenta que tocaram enquanto eu estava do lado de fora (se não foi isso, eu não lembro de ter assistido a nenhuma delas). A primeira atração que vi foi a banda carioca Apokalyptic Raids, que executa um death com influências de Hellhammer, Venom e similares. A primeira execução foi I’m Metalhead, que exorcisou o Espírito Santo para fora de Minas Gerais e empolgou logo os ainda pouco presentes no local. O power trio fez um show sem falhas, enérgico, mostrando mais uma vez o por quê do forte referencial no underground nacional. Outras faixas de destaque foram Tyrant Emperor e o cover de Hellhammer, The Third of The Storms, com a participação de Angel da banda Vulcano, que foi recebida pelo público com emplogação extra. Perfeito. Foi para mim e para outras pessoas com quem conversei um dos melhores shows do evento.
Quando acabou o show do Apokaliptic, fui dar uma olhada no palco menor, (havia lá um palco pequeno e dois palcos principais). Estava rolando uma banda fazendo covers de Pantera. O som estava uma merda, os caras não eram bons, mas ainda assim o show rendeu rodas animais, prova da disposição e paixão do público ali. Depois disso, a banda Deventter subiu no palco principal com um show bem fraco. De interessante mesmo foi a versão que fizeram de Eleonor Rigby, algo que sem dúvida merece ser gravado. Talvez em estúdio o vocalista se saia melhor, já que ao vivo o cara deixa a desejar ( informação desnecessária: como ele era louro e estava de toca, lembrou o Jay, aquele personagem dos filmes do Kevin Smith rs). Se não me falha a memória, a próxima atração foi o Voodoo Shyne, banda de hard do interior de São Paulo, que participou da final nacional do Metal Battle desse ano. De fato, a banda tem grandes qualidades e fez um ótimo show. O que faltou foi algum cover que levantasse mais a galera.
Entre uma atração e outra não havia grande demora e logo o Ação Direta, mais um representante do nosso Estado, subiu ao palco para fazer o diabo com seu punk hard core. O show dos caras foi violência pura e em termos de participação de público, foi um dos de maior êxito. Depois, entrou em cena o Liar Simphony, uma banda de melódico altamente técnica, com um excelente vocal, que ganhou o pessoal, apesar de eu mesmo não ter curtido muito. O ponto alto foi a execução da emocionante Flight of Icarus. Em seguida teve o Baranga trazendo um rock puro em uma performance indefectível, a melhor de sua carreira segundo o vocalista, causando um impacto muito maior do que essas poucas palavras podem traduzir.
O Hicsos foi esperado com certa expectativa pela platéia que durante a intro já gritava o nome da banda. Já nos primeiros acordes de Agony Sellers a porrada começou a comer e assim foi até o final. Na sequência, o quarteto carioca encabeçado pela voz forte de Marco Anvito emendou com Face to Face, faixa de abertura do excelente último trabalho do grupo. Outros destaques foram Technologic Pain (talvez a melhor composição da banda), Pátria Amada (música com uma letra interessante e que é uma lição no sentido de mostrar que mais heavy metal em português deve ser feito) e uma versão de Children of the Grave, dos nossos pais do Sabbath.
Depois do show do Hicsos eu deitei na grama e dormi um pouco e por isso perdi boa parte do show do King Bird, banda de rock com influências setentistas. Uma pena sem dúvida porque a banda estave ótima no pedaço do show que assisti. Recomendo fortemente a todos que ouçam a música Here Comes the Zepellin.
Depois veio o Shaman com uma apresentação vergonhosa, o que me foi muito frustrante já que era a banda que eu estava mais a fim de ver ali. Parece que tudo deu errado. Pior mesmo só se o palco tivesse pegado fogo. Primeiro, as três primeiras músicas foram executadas sem que se pudesse ouvir a guitarra. Mesmo depois de terem aumentado o volume do instrumento, a coisa não melhorou muito. O som do teclado estava alto demais e isso com um tecladista que, não estava mandando bem. Para piorar, havia um pouco de embolação também. Mas o ponto mais negativo foi mesmo o vocalista Thiago Bianchi. Ele tentou, se esforçou mas não conseguiu me enganar: não estava cantando porra nenhuma. Uma grande pena porque ele arrebenta no disco Immortal. Mas uma coisa é o estúdio, outra é uma apresentação ao vivo. A questão que fica é se aquilo foi apenas um dia ruim ou se ele é outro Falaschi. Mas o público em sua maioria não deu muita atenção a nada disso e vibrou bastante com a banda. Os pontos altos foram Nothing to Say (do Angra), Fairy Tale, Tribal by Blood e Carry On, música da qual Confessori oportunísticamente se fez herdeiro.
Depois desse show meia-boca, o Thuatha subiu ao palco, primeiro com Marty Walkier para executar clássicos do Skyclad (fizeram gravações para um dvd inclusive) e depois para um show com músicas próprias. Vi um pedaço do primeiro e depois dormi de novo, infelizmente, e dessa vez sobre chão de madeira, na armação onde ficava uma das mesas de som. Achei que seria convidado a sair dali, mas hospitalidade mineira é uma realidade e alguém, além de me deixar ficar ali, ainda me deu um pano que me serviu como travesseiro. (Se você estiver lendo essa resenha, muito obrigado.) De fato, foi difícil permanecer aceso durante todo o evento, já que vinha dormindo pouco desde quarta-feira (estávamos naquela altura na madrugada de sábado para domingo) e ainda por cima bangeando há muitas horas com o corpo moído e o pescoço doendo. Mas o cansaço me atingia só ocasinalmente, o pior mesmo foi o frio que pôs todos os cariocas de joelhos, principalmente aqueles que não vieram preparados. Eu estava de jaqueta, casaco e camisa mas ainda assim tremia tanto que às vezes tinha vontade de me arremessar em uma das fogueiras que foram feitas por lá. Enfim, perdi o que provavelmente deve ter sido o ponto alto do evento, já que o Thuatha foi um dos melhores shows que vi na vida aqui no Rio de Janeiro ano passado. Devem concordar comigo todos aqueles muitos que lá no Roça dançaram e cantaram bem antes da banda aparecer, quando passava no telão um clipe de The Dance of The Little Ones.
Outra banda que se apresentou por lá foi o Vanquish, que decidiu apostar nos covers de Metallica, Ozzy e Led Zeppellin. Confesso que dei pouca atenção à banda (que beleza de resenha essa, hein!?) mas ainda assim deu para perceber que, mais uma vez, o problema era o vocalista.
A penúltima banda a se apresentar foi o Velhas Virgens, que fez o show mais divertido, com muita pederastia, sacrilégio, alcoolismo e rock n roll. O vocalista é uma grande figura: xingou quem não estava cantando, estorou lata de cerveja na cabeça, rebolou, mandou as meninas pegarem nos pintos dos caras que estavam perto, fez toda a platéia cantar odes à masturbação, simulou boquete com a japonesa Lili e tudo mais. Os destaques ficam com Cubanajarra, Abre essas pernas, Siririca, baby e a oração da Igreja Alcoólica do Último Gole. Um show mais do que marcante, certamente indigesto para muitos, porque manda o moralismo pastar com bastante extravagância e ousadia.
A penúltima banda a se apresentar foi o Velhas Virgens, que fez o show mais divertido, com muita pederastia, sacrilégio, alcoolismo e rock n roll. O vocalista é uma grande figura: xingou quem não estava cantando, estorou lata de cerveja na cabeça, rebolou, mandou as meninas pegarem nos pintos dos caras que estavam perto, fez toda a platéia cantar odes à masturbação, simulou boquete com a japonesa Lili e tudo mais. Os destaques ficam com Cubanajarra, Abre essas pernas, Siririca, baby e a oração da Igreja Alcoólica do Último Gole. Um show mais do que marcante, certamente indigesto para muitos, porque manda o moralismo pastar com bastante extravagância e ousadia.
Por último, veio o Korzus, o “Slayer brasileiro”, lá pelas cinco da manhã, se apresentando pela segunda vez no Roça n Roll. Fizeram um show ótimo que rendeu a maior roda do festival (o corredor da morte). Mesmo cansado, o público entrou nas pogas violentas que rolavam, embalados com a animação do vocal Pompeu e do baixista Dick Siebert, um cara com pouca sanidade e poucos cabelos. Os melhores momentos foram What are you looking for, Never get me down e Guerreiros do Metal.
O saldo final do festival foi ótimo, mesmo com um e outro ponto baixo. A produção se mostrou bastante competente e organizada e todas bandas deram o sangue para fazer um bom espetáculo ali. Assitir a mais de 12 horas de Heavy Metal e Rock com uma multidão de bangers, punkers e etc. ao ar livre foi algo impágavel. Definitivamente, um open-air é algo que precisa haver também aqui no Rio.
O saldo final do festival foi ótimo, mesmo com um e outro ponto baixo. A produção se mostrou bastante competente e organizada e todas bandas deram o sangue para fazer um bom espetáculo ali. Assitir a mais de 12 horas de Heavy Metal e Rock com uma multidão de bangers, punkers e etc. ao ar livre foi algo impágavel. Definitivamente, um open-air é algo que precisa haver também aqui no Rio.
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