Por Leonardo Coutinho
Depois de passar a noite anterior sentado dentro de uma boate ao som de "Bate-estaca" e praticamente tendo que escoltar minha Patroa (eu sei é inacreditável, inclusive ninguém levava fé que eu fosse a esse ambiente hostil, mas o que a gente não faz para prestigiar um amigo aniversariante) nada melhor do que desbaratinar a mente indo a um show do nosso bom e velho heavy-metal. Mas este não era um show comum e sim a seletiva carioca do Metal Battle, concurso que faz parte do tradicionalíssimo festival alemão Wacken Open Air, que em conjunto com a Revista Roadie Crew, selecionará uma banda brasileira para o final do concurso na Alemanha disputando com bandas do mundo inteiro. A banda vencedora da etapa final é agraciada com a assinatura de um contrato de gravação com a Wacken Records. Eu não sei se o caro leitor tem a dimensão da importância desse tipo de evento pro metal nacional, pois eu tenho a ligeira impressão que a maioria das pessoas andam meio desconectadas com a realidade que as cerca, mas é uma excelente ferramenta de visualização e valorização do metal tupiniquim. Aliás, fica aqui uma pequena observação (tava demorando): o caro leitor já deve saber que o publico do show do Iron Maiden, de acordo com o divulgado, foi estimado em 22.000 pessoas, o do Kiss provavelmente dará um porrilhão de gente também. Onde estão esses headbangers, roqueiros ou apreciadores do rock'nroll quando há shows de bandas nacionais? É estupidamente óbvio que um show do Maiden ou Kiss encha, mas seria demais pedir que o publico desse uma "moral" aos eventos nacionais? Resposta: Sim, é pedir demais. Então se isso é pedir demais não espere que as coisas melhorem pro metal por aqui. Enquanto não mudamos nossa mentalidade pobre de babadores-de-ovos e peladores de saco de gringos e juntamemte com shows e cds de Medalhões do metal vestirmos a camisa do metal nacional, a situação não mudará. E tem gente que diz que o Brasil é o país do metal. Os músicos também poderiam ter uma postura mais razoável em relação a shows undergrounds, mas as vezes eles me parecem mais alienados do que o publico comum.Isso sem falar no amálgama de dor de cotovelos com ranzinzisse que faz com que um músico não reconheça a importância desse evento.Esse tipo de muquirana deve sentir-se realizado tocando com sua banda no quintal de sua casa tendo como platéria sua vó fã de Sidney Magal, sua irmã fã de Jorge Vercilo, seu irmão caçula pedindo covers de NX Zero, seu pai que comprou sua guitarra e sua pedaleira e seu cachorro manco. É, o Brasil é mesmo o país do Metal. Internacional. Mas diante dessa realidade não muito animadora, algumas pessoas ao invés de sucumbir a bundamolice aguda, doença essa altamente contagiosa, fazem algo em prol da gloriosa MPB (Musica Pesada Brasileira). Congratulações à Revista Rodie Crew que em parceria com o Wacken, possibilitou esse tipo de evento, e a Rio Metal Works, Fashion Produções e Fullmetal, que como sempre vêm se destacando produzindo shows de excelente qualidade no Rio de Janeiro. Bem, chega de lenga-lenga e vamos ao show.
A 1ª Banda da noite foi a Scatha, banda de Thrash Metal formada única e exclusivamente por mulheres. Quando este diminuto resenhista adentrava a casa de shows, a banda já estava tocando.Mas o pouco que vi me impressionou bastante. Já havia visto shows da banda e gostado do que vi, e notei uma clara evolução da banda no palco. Ótima perfomance, boas composições e destaque para o vocal cavernoso e os riff's trashers. Mesmo estando em 2009 ainda impressiona ver mulheres fazendo um som tão pesado. Ótimo começo.
A próxima banda foi o Hydria com um som muito influenciado pelo metal gótico. Contando com duas mulheres na formação (todo poder às mulheres)- guitarrista e vocalista- ok,ok elas eram bonitas, mas o principal é que desempenharam muito bem suas respectivas funções, especialmente a vocalista que se mostrou uma cantora afinadíssima. Toda a banda teve uma ótima postura no palco e o baterista tratou seu instrumento com a mesma educação que mereceria um eleitor de George W. Bush. Boas músicas, momentos pesados e uma ótima balada.A disputa estava acirrada. Próximo!!!
Era a vez do Dark Tower.Com um som calçado no metal extremo com direito a melodias e passagens acústicas, a banda fez um show destruidor, energético, pesado e extremamente funcional. Contando com um vocalista versátil que ia do agudo rasgado ao gutural grave com muita facilidade e performance muito boa. Os destaques da banda ficam com seus backing vocals bem reproduzidos, melodias de guitarras marcantes e passagens acústicas.
Faremos aqui uma pausa para registrar a triste perda de Luiz Henrique, um assíduo colaborador do metal underground. Sempre indo a shows e com seu programa de rádio e blog Rock Motor. Apenas por duas vezes tive a oportunidade de conversar com Luiz Henrique, um cara troncudo mas de fala tranquila e educadíssima. Não poderíamos deixar de homenageá-lo nessa resenha, coisa também feita no show por um dos produtores do evento. A morte é sempre lamentável, principalmente de quem faz diferença.
Era hora do Hellbreath subir ao palco. Os rapazes executaram seu metalcore ultrapesado com direito a breakdows e velozes blastbeats na bateria. A cada vez que assisto a essa banda noto sua evolução tanto técnica quanto performática. Vocais urrados típicos do metalcore mesclado à vozes limpas, backinvocals e solos mezzo técnicos e mezzo melódicos. Aliás não tem jeito. O destaque como sempre fica para as guitarras com riffs brutais e solos envenenadíssimos.
Depois de ter nossos ouvidos devidamente estuprados pelo Hellbreath, era a vez da ultima banda. E ela não fez feio.O show do Farscape foi altamente energético, Thrash Metal veloz e cru. O som bem calcado no Thrash ostentista foi muito bem recebido pela platéia que respondeu à altura com rodas de pogo. Provalemente o show mais intenso do evento, em parte pela postura da banda, em parte pela bateria insanamente veloz, lembrando algumas bandas de hardcore como nos primórdios do Thrash Metal. Show absolutamente empolgante.
Após o show era a hora do público voltar. O evento contou com alguns jurados ilustres, como membros da Revista Rodie Crew e Renato Tribuzy. O voto do público equivaleria a de um jurado.Votos devidamente registrados, era a hora do fechamento do evento por conta do Prophecy, banda vencedora da seletiva carioca ano passado. A banda apesar de algumas dificuldades técnicas, arregaçou tudo. Tocando músicas do seu recém lançado primeiro álbum Legions of Violence. Thrash Bay Area total, com riffs ganchudos, longos instrumentais, bases trabalhadas e, que diabos, ainda bem que a banda não pode competir novamente.....
Resumo da ópera com o Dark Tower classificado para a final nacional. Discurso de Vinícius Neves, apresentador do Programa Stay Heavy, parabenizando pela organização do evento, elogiando o público carioca e as bandas, e dizendo que foi uma das melhores seletivas que ele viu.
Parabéns aos produtores, às bandas participantes,à vencedora Dark Tower que ficou bastante eufórica com sua vitória com direito à um discurso bem emocionado e filosófico do baterista resumido à: CARALHO, PUTA QUE O PARIU E FODA-SE. Shows marcantes, casa cheia, e a final nacional será também no Rio dia 24 de Maio. Boa sorte ao Dark Tower e independente de qualquer resultado só um idiota não percebe que o maior beneficiado nessa história toda é o metal tupiniquim.
E tenho dito.
11 comentários:
pq Scatha é TRASH ? hahahaha
isso soou estranho hein, enquanto as outras de thrash estão com o nome do estilo escrito corretamente...
Pronto, Victor. Erro reparado.
Muito boa resenha! E como eu já disse isso pessoalmente ao Leo, adoro resenhas mais intimistas, sabe? Que mostram outras coisas do evento, além da própria música.
=)
Cada um dos resenhistas do Arise tem um jeito muito peculiar de elaborar seus textos. O Léo por exemplo, sempre com humor afiado, sempre fazendo a velha e boa analogia do baterista (" ele espanca a bateria como alguém que espanca tal coisa."),sempre cita Sua Patroa ou sua Garota (essa que vos fala) e sempre dá aquela alfinetada em alguns parceiros aí...
vou começar a analisar os outros......
Obs: O show do kiss deu 17.000 pessoas. Tanto o Maiden quanto o Kiss e até mesmo o Radiohead poderiam ter lotado a Apoteose se não fosse o ALTO PREÇO dos ingressos.
Lembrando que o público do Metal BAttle, segundo a produção, foi por volta de 600 pessoas. Não é o que pede um evento dessa qualidade e importância, mas não deixa de ser um número bem expressivo.
esse evento é uma farsa
o que se esperar de papagios de pirata da cena carioca como a rmw que faz panelas com bandas de amiguinhos e excluem muita gente boa.
Os anônimos difamadores baratos voltaram! E mais ressentidos do que nunca!
e os puxa sacos e baba ovo também !
qual é carlinhos , vai ficar se escondendo?mostra a cara para falar mal dos caras!!!deixa de ser babaca!!
Postar um comentário