quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Meu Blues Melancólico

Cena 2:

Durante alguns dias a música My Melancholy Blues da banda Queen não saía da minha cabeça. Seria devido à inacreditável interpretação do Freddie Mercury com sua voz privilegiada? Ou a bela melodia da música? Antes fossem meus queridos amigos leitores, na verdade a permanência das marteladas melódicas da música na minha mente deu-se devido às sensações de tristeza e melancolia (óbvio!) que essa música sempre me passou, ou melhor, o fato de essa música ter se transformado num gatilho mental, em que sempre que sentimentos desse tipo se abatem sobre mim eu instantaneamente me lembro da já referida música.

“E por que estaria um redator desse humilde blog sentindo tais coisas?”, irão pensar meus preocupados leitores. O sentimento de melancolia se abateu sobre mim de uma forma muito mais forte do que eu poderia prever quando ao conversar com meu distinto amigo Adam Alfred no Mackenzie por volta de Janeiro (era show da banda Black Bird) fiquei sabendo que nesse ano de 2009 não haverá mais shows da Tríade de Aço no Mackenzie, ou pelo menos serão muito poucos os shows produzidos por eles lá, praticamente caracterizando um abandono daquele espaço.

O motivo? Falta de comparecimento do publico. Que surpresa! Aff... O baixo comparecimento do público tornou-se ainda mais insuportável depois que mesmo apostando em nomes de relevância nacional (como Hangar e Claustrofobia), as coisas continuaram no mesmo marasmo de sempre.

Cena 1:

O nome do evento era Méier Metal Fest (isso já faz mais de 3 anos :céus!:), e devo dizer que eu ainda não era familiar com nenhuma das bandas que iam tocar no Mackenzie nesse dia (a saber: Prelludium, Traces, Death Mountain e Ocean Soul) e nem tinha uma visão muito positiva em relação a eventos underground, mas fui mesmo assim. Fui por que estava numa secura de shows e esse evento acabava por ser bastante conveniente devido ao fato de ocorrer perto de casa; e então uma coisa incrível aconteceu: eu gostei muito do que vi e ouvi! Nem me importei com o fato do público ser reduzido, e do calor infernal no interior do clube Mackenzie, só pude notar o bom desempenho das bandas e o cuidado que a equipe organizadora tinha. A qualidade da produção dos shows iria melhorar no decorrer do tempo, mas o cuidado e a dedicação já estavam lá...

Foi de certa forma enriquecedor, ver a evolução dos eventos realizados naquele espaço, com a melhora da produção, o aumento de público (a ponto de numa certa altura transformar o Mackenzie no POINT do HM na cidade), as primeiras empreitadas de trazer bandas de fora (Nervochaos, Tuatha de Dannan, Korzus), o primeiro Aliança Negra...

Enfim, até agora não ficou claro o porquê da repentina, súbita e mortal queda de público no ano de 2008. Teria sido saturação do público? Marketing contrário por parte de outros agentes da cena? Ou será que tudo aquilo que falam do público carioca seria verdade? Indago-me...

Cena 3

Estava eu conversando com um amigo de longa data (que também curte Heavy Metal) pelo MSN e resolvi comentar a respeito do fato de estar chateado pela ausência de shows de Metal dali pra frente no Mackenzie, esse meu amigo afirmou que não tinha problema, pois sempre poderíamos ir a shows no Circo Voador, Canecão, Citibank Hall, etc... Então eu retruquei dizendo que não era a mesma coisa, nisso meu amigo rebateu afirmando que de fato não era a mesma coisa, pois nesses lugares os shows são bem produzidos. Depois de ficar um tempo atordoado com essa resposta (ainda mais vindo de uma pessoa que eu respeito) a única coisa que eu pensei em dizer foi que os shows produzidos pela Tríade de Aço no Mackenzie não se distinguiam desses outros lugares só por serem mais simples, mas também pelo fato de que os eventos no Mackenzie sempre foram mais do que apenas shows, e sim verdadeiras confraternizações de pessoas, não era apenas um estoque de pessoas num espaço para verem as bandas. Isso sem contar o fato que uma cena não se faz apenas com mega-shows em lugares nobres...

Conheci muita gente freqüentando aquele espaço, pude trocar muitas idéias, e se não fosse pelo exemplo da Rio Metal Works e seus parceiros nunca teria pensado em colocar o blog ARISE! no ar, e acho que isso é o suficiente para demonstrar o quão importante foi aquela experiência para mim; aquilo lá me fez repensar a forma na qual eu me portava na cena. Se é que da para dizer que antes eu me portava de qualquer jeito que fosse.

Não foi sem motivo que nossa primeira entrevista tenha sido com a RMW... Na verdade, já algum tempo eu tenho para mim que o real problema das produtoras underground é justamente o de convencer pessoas como esse meu amigo. Fãs de Heavy Metal que não freqüentam a cena, e usam da mentalidade “não vi, não ouvi e não gostei” para justificar isso. Acredito que essas pessoas partem desse princípio devido aos longos anos em que os eventos underground eram amadores e mal produzidos. Algumas boas produtoras atuantes atualmente acabam pagando o pato por isso.

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Em tempo: para esse ano está confirmado no Mackenzie, sobre produção da Tríade de Aço (Rio Metal Works, Fashion Produções e Full Metal –substituindo a Rato no Rio-), o evento Metal Battle. E o Adam me disse que se eles forem fazer uma nova edição do festival Aliança Negra, será lá também, mas esse ainda não está confirmado.


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Agora a Tríade vai centralizar suas atividades no Clube Marlene (Campo dos Afonsos) e na Casa de Shows Século XXI (Campo Grande). Que se mostraram espaços menos onerosos em termos de produção e de melhor retorno financeiro (que o Mackenzie não estava mais proporcionando, pois o público presente nos últimos eventos não era suficiente para cobrir os custos que aquele espaço trazia para os produtores).

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Fica aqui expresso meu desejo de ver a Tríade dando a volta por cima e quem sabe um dia voltar a ocupar o espaço do Mackenzie novamente. Enquanto isso não ocorre, espero que algum produtor ligado ao gênero faça uso daquilo lá, e tenha melhor sorte.

Abraços,
Artur Henriques.

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