domingo, 23 de setembro de 2007

Classic Album: King Diamond - Conspiracy

Na sessão Classic Albums pretende-se homenagear as obras que merecem ser relembradas. Aqueles álbuns que consideramos fundamentais para os ouvintes de Heavy Rock...



King Diamond – Conspiracy

por Wesley Rodrigues

Um dia desses numa conversa ouvi algo bastante interessante, que foi mais ou menos assim: “Não ter respeito é foda. Veja por exemplo o Angra...tem um sucesso absurdo mas é uma banda muito zuada. E com ela você pode incluir várias de melódico. O Sepultura é outra que, apesar do legado, não tem respeito unânime. Mas o King Diamond não. Ele é diferente, o cara tem muito respeito apesar de toda excentricidade.”

Concordo plenamente. King Diamond tem um status altíssimo dentro do Heavy Metal. O talento está mais do que manifesto em obras como Don’t Break the Oath do Mercyful Fate e Abigail da sua banda solo. Na lista dos que já demonstraram admiração por ele está Michael Amott (Arch Enemy), Alex Camargo (Krisiun) e André Matos (esse todo mundo sabe quem é).

Achei interessante essa conversa sobre respeito porque algumas vezes já vi pessoas que gostam de metal o ridicularizarem. Os motivos vão desde as poses nas fotos com sua caracterização e postura supostamente satanista até, e principalmente, os vocais em falsete. Tudo isso acaba virando um obstáculo para que o indivíduo passe a gostar da banda. Esse é, por exemplo, o problema dos meus pais que têm a ele um repúdio quase ódio (rs). Pobre King.

Não culpo ninguém por essa resistência. De fato, os vocais são bem estranhos. Conheço um cara que disse que antigamente não ouvia King Diamond muito alto por vergonha!(rs) Porém, vale dizer que para apreciar certas obras de arte (filme, literatura, pintura, música, etc.) é necessário baixar um pouco a guarda e procurar se adaptar ao que o autor propõe. Isso pode significar, am alguns casos, se despir de preconceitos ou deixar de lado padrões para que se possa entrar no clima da coisa. Acho, portanto, bastante válido e bom qualquer esforço de compreensão de manifestações artísticas com as quais não estamos acostumados.
Uma rejeição pura e instantânea de qualquer obra impede que se crie um maior ecletismo e aceitação de outras tendências, estilos, etc., o que é, a meu ver, uma postura limitante e empobrecedora. Isso é exatamente o que faz “bangers” mais tradicionais que, embora ouçam King Diamond (já não estamos mais falando dele aqui), se fecham de forma idiota dentro do Heavy Metal como se ele fosse o único estilo bom na Terra e que tratam como especial e superior o que na verdade é só mais um. Acho uma postura mais inteligente entender que todos os estilos de música (e de outros tipos de arte) têm seu valor dentro dos contextos em que são produzidos e consumidos. Não pretendo dizer com isso que tudo é maravilhoso e que devemos ouvir tudo, mas sim que diferentes estilos existem para diferentes pessoas e, principalmente, que nós podemos ser mais elásticos quanto aos nossos gostos - ou, se não isso, pelo menos pararmos com uma atitude de arrogância e estupidez tão facilmente encontrada nos círculos de metal.

Sem mais masturbações, que essa conversa já está quase perdendo o rumo, voltemos ao King.

Talvez ele continue uma barreira intransponível para alguns e que risinhos de cinismo e piadinhas continuem a ocorrer quando ele é ouvido. Mas é uma pena que as coisas sejam assim. Tudo isso deveria cair por terra quando você coloca um disco do calibre de Conspiracy para rodar. Esse disco é de 1989. É o quarto de sua carreira, tendo sido lançado depois do comercialmente bem sucedido Them (que aliás é o que eu considero o melhor).

A primeira faixa é At The Graves. Primeiro tem uma introdução que narra o quanto um garoto sente falta de sua irmãzinha morta, dando bem aquele clima de filme de terror. Em seguida, o metal começa com as vozes cantando: Rise my friends...rise/Spirits rising from their graves... e aí a casa cai. Essas primeiras frases são uma boa amostra da força de sua voz e logo de cara dá para perceber que ele coloca o coração no que faz. Seu vocal é bem versátil e as canções são interpretadas com muito feeling. E daí por diante o que se tem são vários riffs e solos de guitarra bem inspirados numa música longa e complexa.
O disco segue com Sleepless Nights, onde os vocais são destaque. Lies vem em seguida e tem um solo muito bonito. A Visit From The Dead também está entre as melhores com uma intro no violão muito legal. Outros faixas de destaque são as instrumentais e curtas Something Weird e Victimized.

O disco conta à história de um garoto que sofre bastante: de um lado, pela perda da irmã, e de outro, pelo que sua mãe lhe reserva. Tudo isso embalado por um Heavy tradicional com guitarristas excelentes: Andy LaRocque (que assina várias faixas) e Pete Blakk. Eles fazem desse disco um prato cheio para quem gosta de um bom trabalho de guitarras!

Em suma, Conspiracy é matador: um som pesado, com músicas que variam bastante e os já citados solos e riffs indefectíveis. Simplesmente um Heavy Metal de altíssima qualidade. E se você continuar de frescura por causa do vocal, azar o seu.

Conspiracy (1989)
Gravadora: Roadrunner Records (Brasil - 1996)
Produção: Roberto Falcao, King Diamond e Andy La Rocque
Line-up: King Diamond (vocal), Andy La Rocque (guitarra), Pete Blackk (guitarra), Hal Patino (baixo)
Músicos de apóio: Mikkey Dee (bateria), Roberto Falcao (teclado)


4 comentários:

Anônimo disse...

"Wesely", de novo? Mas que merda, Artur! Quando é que você vai passar a escrever meu nome certo? Se isso acontecer mais uma vez, peço o cancelamento do meu contrato com o Arise!(rs)

Arise! disse...

Pronto "wesely". Já está tudo concertado...

Sobrevivendo aos Homens disse...

Segui lendo as demais resenhas... E me deparei com o tamanho! Confesso q pensei muitas vezes antes de ler...em lugar disso li as demais resenhas, e deixei essa por último, caso tivesse paciência leria.. caso não... já sabem!
O fato é q a resenha, que foi feita nos três últimos parágrafos está muito boa, porém o q a antecede são 6 parágrafos filosofando sobre o exótico vocal do King Diamond e as conseqüências das interpretações do público, que a meu ver, deveriam estar em outro tópico, pois a resenha deixou de ser só resenha, uma vez que remete a discussões sobre o assunto, enfim...
Acho q é isso... queria apenas fazer uma crítica construtiva sobre o tamanho da resenha...pq venhamos e convenhamos: headbanger q é headbanger, dificilmente pára pra ler resenhas longas! ;)
P.S.: Espero não ter sido muito ranzinza!
Abçs!

Anônimo disse...

Tête, de maneira nenhuma você foi ranzinza e suas opiniões serão sempre bem-vindas por aqui.

É bem verdade que essa é uma resenha atípica e que se desviou bastante do disco (como foi admitido no próprio texto). Concordo também que toda essa discussão pseudo-filosófica sobre “o exótico vocal do King Diamond e as consequências das interpretações do público” e outras questões que esse texto aborda ficariam melhor em um outro lugar.

Mas por que seguir um padrão de resenhas? Acho que o interessante dessa resenha do Conspiracy é justamente essa viagem que ela faz. Exercitei aqui a liberdade de escrever o que der na telha que um blog independente me proporciona. Deixemos as resenhas ordinárias para outras mídias...

Você não foi a única que não gostou desta resenha. Houve quem a chamou de “coisa amadora”. Enfim, difícil é agradar todo mundo.

Você não explicitou no seu post se concorda ou não com o que foi dito nos seis párarafos que antecedem a resenha. Quero muito saber sua opinião sobre isso. Futuramente, pretendo escrever uma resenha sobre o álbum Holy Land que vai seguir a mesma linha desse e espero que também aqui você faça novo comentário.

Por último, gostaria que você também me permitisse uma crítica construtiva: dizer que “headbanger q é headbanger, dificilmente pára para ler resenhas longas!” tem cheiro de preconceito, hein?

Abraços.