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sábado, 10 de setembro de 2016

CD Review: Imperative Music volume 12


Por Felipe Borges do TELLUS TERROR (Postado originalmente no perfil do Facebook)
 
 Imperative Music!

Ontem eu recebi do grande Gilson Rodrigues De Arruda da Imperative Music, a grande coletânea Volume XII, contendo 18 faixas de bandas de Metal de diversas partes do mundo, principalmente o Brasil \m/, e gostaria de compartilhar com vocês as minhas impressões sobre o trabalho do CD em si, assim como o som das bandas.

PS: Não sou resenhista, mas decidi dividir minha opinião.

A arte do CD foi muito bem elaborada, e foi feita pela Obscure (Eu curti bastante). Obscure, vocês estão de parabéns \m/

Ao botar o CD para rolar, de cara iniciamos com uma banda vinda do Japão, chamada Alice In Hell, com a música Time to Die. Eles executam um Thrash Metal bem ríspido e pesado, que me remete ao estilo do Kreator no início da sua carreira, nos primeiros discos. Boa Banda!

Na sequência temos uma banda de Luxemburgo chamada Infact, com o que eu classificaria como um Modern Metal com Heavy Metal, com a música Change my name, onde algumas partes me parecem Il Nino, outras parecem Avenged Sevenfold, banda competente, e com uma boa desenvoltura no modo de compor.

No geral, todas as bandas da coletânea foram muito bem selecionadas, e as diferenças das qualidades individuais da gravação de cada banda, foi muito bem equalizada pelo masterizador Gwen Kerjan na Slab Sound Studio.

E as bandas que eu particularmente quero destacar são (Considerando técnica, composição, qualidade na gravação, edição e mixagem, originalidade e execução):

* Cavera (Brasil) - Controlled by the hands
* As do They Fall (Brasil) - Burn
* Darcry (Japão) - Cry Of Despair (Se você gosta de Black Metal doentio, e tosco assim como eu, você vai adorar essa faixa! para fãs do album Goatlord do Dark Throne, Beherit, Abruptum etc... Eu acho foda!!!! \m/)
* Death Chaos (Brasil) - Atrocity on Peaceful Fields (O guitarrista é foda!!!)
* Tribal (Brasil) - Broken (Baixista e guitarrista animais!!! pena que a mixagem dessa gravação detonou os vocais, deixando-os muito baixos e difíceis de perceber com clareza, sendo o unico ponto negativo na minha opinião)
* Phantasmal (USA) - Specter Of Death (Gostam de Venom? essa faixa vai agradar com certeza! boa gravação, remetendo em parte aos anos 80 e 90 da era Metal!!)
* Basttardos (Brasil) - Exilados (Qualidade musical impecável)
* The Wild Child (Itália) - You and the snow (Essa musica me lembrou da época em que eu passava madrugadas em claro nos points de rock, ouvindo discos do Black Sabbath como Heaven and Hell etc... o unico ponto fraco foi a mixagem, onde o vocal está descolado do restante da música, ficando muito mais alto que tudo, mas a banda no geral é boa demais)
* Godvlad (Portugal) - Game Of Shades (Na minha opinião essa deveria ser a primeira faixa do cd! Que bela musica, extremamente bem trabalhada e bem produzida, rica em musicalidade etc... lembrando a transição do Theatre Of Tragedy para a musica experimental Techno etc...mEnfim, forte candidata a ser a melhor do CD na minha opinião \m/)

No Geral eu recomendo demais essa coletânea, por ser bem variada e por manter uma boa curva de atenção ao longo do disco, prendendo os ouvintes com certeza!

Sem falar que o CD é distribuido por muitas gravadoras pelos Estados Unidos, Europa, Brazil e Japão, algumas renomadas tais como Relapse, Nuclear Blast, Century Media etc...

Isso ajuda muito s bandas.

Excelente trabalho!!

terça-feira, 4 de maio de 2010

CD Review: Preceptor - Missiva Apocalíptica



Por Marcos Garcia

Death Metal total Old School. É isso que o PRECEPTOR, de BH, oferece.

Fazendo referência ao Death Metal dos anos 90, especialmente na escola européia (Benediction, Pestilence de início de carreira, Asphyx, Bolt Thrower), o som da banda é direto, arrastado, pesado, e muito cru. Um prato cheio par os fãs.

As quatro músicas do EP ('Labirinto', Missiva Apocalíptica, 'Desespero' e 'Viruses in your sickness') são bem up-tempo, um verdadeiro deleite para quem gosta do bom e velho Death Metal sem firulas, fora as letras em português.

O vocal de Dú remete diretamente a uma mistura ótima de Mark 'Barney' Greenway com Karl Willets; as guitarras de Sérgio Wildhagen e Rubens Grilão dão peso à massa sonora da coerente cozinha de Rodrigo Nunes (baixo) e Morone Hiffer (bateria).

Uma ótima pedida para ouvidos que buscam por boas bandas novas.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

CD Review: Bizarra Locomotiva – Álbum Negro

Nota: Esse review foi originalmente escrito na forma lusitana da língua portuguesa. O blog Arise! optou por manter dessa forma no intuito de preservá-lo como foi concebido.

Bizarra Locomotiva – Álbum Negro

Por PhiLiz

Introdução
Os contornos da viagem de Bizarra Locomotiva sempre foram definidos por uma enorme afirmação do lado oculto e improvável das coisas mundanas. Mesmo quando se tratam temas mais ou menos comuns (e tal não acontece com tão pouca frequência como se poderia pensar à partida), a abordagem é sempre bastante pouco usual, revestindo-se de uma sensibilidade característica ou simplesmente despindo-se por completo da mesma, numa retractação quase maquinal de realidades comuns. Esta característica transversal a toda a discografia da banda tem a sua componente mais visível no que se pode chamar poesia do “nojo” de Rui Sidónio, mas também na forma como as diversas influências musicais da banda são mescladas de forma peculiar e acima de tudo, original.

A viragem da página que se deu em Ódio conferiu a Bizarra Locomotiva uma estabilidade que está logo espelhada nesse álbum e que em muito justifica a capacidade de a banda ter tido tempo para maturar o trabalho de 2004 e também conseguir a consistência necessária para lançar um álbum ainda mais adulto, como é o caso de Álbum Negro. As inesquecíveis aparições ao vivo foram relativamente frequentes e tendo havido uma continuidade de membros da banda nos anos que separam os dois álbuns, não é de espantar que uma das principais qualidades globais que se retiram quase instantaneamente do Álbum Negro, seja precisamente a consistência e a coesão entre todas as partes da “locomotiva”.

Em termos “comparativos” com o que foi feito no passado há uma clara sensação que os princípios mais recorrentes (e simultaneamente mais positivos) da abordagem artística de Bizarra Locomotiva encontram-se presentes de forma mais forte que nunca neste trabalho. Tanto até, que a banda estica os extremos por si antes definidos e, não menos importante, consegue fazê-lo em múltiplas direcções. Álbum Negro pega em todo um conjunto de características que definem o núcleo do som único da banda em todos os seus trabalhos anteriores e “depois” consegue transportar a sua experiência sonora para um outro nível, virtude do aprofundar violento dos predicados que já antes lhe pertenciam. Revisitam-se espaços e ao mesmo tempo reinventando-se o “visitante” ou, neste caso, reinventando-se a “máquina”.

A negritude envolvente o lançamento de Álbum Negro justifica-se totalmente: o sexto longa duração (contando o “híbrido” First Crime Then Live enquanto tal) mostra-se como um monstro sombrio com a idiossincrasia de um buraco negro, não só pela ausência de luminosidade, mas também pelo crescer que esta ausência provoca na sua essência brutal e soturna. Tudo isto oferecido num mundo (construído de forma cada vez mais inteligente e notável) onde a bizarria (o emprego do termo é muito mais do que um trocadilho) reina.



Alinhamento
01 – Nostromo
02 – Êxtases Doirados
03 – Remorso
04 – O Anjo Exilado
05 – Ergástulo
06 – Sufoco De Vénus
07 – A Procissão Dos Édipos
08 – Engodo
09 – Láudano 3
10 – Outono
11 – Egodescentralizado
12 – Angústia
13 – O Grito
14 – Prótese

Ano 2009

Editora Raging Planet

Faixa Favorita 05 – Ergástulo

Género Industrial Metal/Rock

País Portugal

Banda
BJ – Teclado
Miguel Fonseca – Guitarra
Rui Berton – Bateria
Rui Sidónio – Voz



Review
O Álbum Negro. Soa a paradigma e a momento decisivo. No caso de Bizarra Locomotiva é exactamente isso e algo mais ainda. É assumir a roupagem do que é tenebroso por cima de uma identidade já de si obscura e conturbada, sendo que no final, tanto o negro como o bizarro se moldam um ao outro e claro, emerge uma triunfal mudança. Mudança com contornos de familiaridade (e que no caso de Bizarra vale imenso), mas ainda assim uma dilatação para terrenos até então menos explorados, ou explorados de uma outra forma. Formam-se pois momentos em que a escuridão absoluta é rasgada por algumas sombras; a frase poderá parecer paradoxal, mas adequa-se perfeitamente a um álbum também, de certa forma, paradoxal pela capacidade de ter silhuetas que se denotam e destacam, mesmo que essas mesmas estejam envoltas no asfixio da cor.

À partida o universo de Bizarra Locomotiva já se caracteriza pela distorção dos padrões habituais que rodeiam a idiossincrasia do género musical da banda (musical e conceptualmente). Musicalmente afastados do Industrial mais tradicional pelo estrépito provocado (sensivelmente a mesma razão que os afasta do Industrial Rock) e demasiado extravagantes mesmo para o conceito alargado de Industrial Metal, não obstante o peso inerente a BL e que neste Álbum Negro é maximizado em todas as direcções. À fúria visceral de Ódio juntam-se um conjunto de atmosferas perturbadoras que dão ainda mais corpo ao som já de si esmagador do bizarro colectivo. Sensorialmente a sensação claustrofóbica impera com a maquinaria pensada ao pormenor para deixar passar apenas a necessária dose de alívio melódico para que tudo não seja demasiado estratosférico. Deste equilíbrio vive a expressão do Álbum Negro e sobretudo a expressão frequentemente doentia da lírica singular de Rui Sidónio, factor essencial para que tudo faça sentido na desolação do habitual, desconstrução esta que percorre e identifica o álbum.

Constitui-se então aquilo que é o essencial no trabalho: a relação entre a palavra maldita e obscura (aqui especialmente obscura) de Sidónio e o conturbado mundo de pesadelo criado por Miguel Fonseca (compositor exclusivo do trabalho), situando nos pilares da electrónica assombrosa e agressiva e nos riffs distorcidos (o adjectivo tem uso duplo) que se juntam perfeitamente com os sons dissonantes que são disparados pelos samples. Os adjectivos que fazem jus aos momentos de génio gritado de Sidónio são os mesmos que se poderiam aplicar a todo o ruído cadenciado que sai da mente do antigo mentor de Thormenthor. Tudo surge à beira do abismo nesta relação homem-máquina, com o caos a pairar com o choque das duas principais forças por detrás da negritude aqui encontrada. A “unir” a vertente instrumental à vertente vocal-lírica, encontra-se o conceito do álbum baseado no livro do séc. XV, Hypnerotomachia Poliphili, que explora a fase hipnagógica do sono. Segundo a banda, o processo criativo do álbum passou precisamente pelo aproveitamento de alguns desses momentos para construir aquilo que é todo o imaginário lírico, musical e visual do Álbum Negro, onde espaços da Idade Média e ambientes futuristas convivem fragmentariamente. Faz sentido já que das imagens estranhas criadas pelo binómio palavra/som vive BL e desta vez ainda de forma mais acentuada e acima de tudo refinada.

Tamanho monstro conceptual requisitou mais potência, mais peso e mais densidade no som. Tudo é ainda mais preenchido do que no passado e os sons parecem mais diversificados, acompanhados por aquele que é o gutural português com mais capacidade de transmissão lírica (e que lírica, diga-se de passagem). Os samples imaginados por Miguel Fonseca e executados por BJ fazem parte, juntamente com os sintetizadores, da maquinaria de Bizarra Locomotiva e a sua presença faz-se sentir com mais força em momentos mais cadenciados como o início viciante de Engodo, as fantasmagóricas incursões em Outono ou a conjunção entre os samples dissonantes e os subtis apontamentos dos sintetizadores em Ergástulo. Qualquer um dos momentos mencionados é marcante no Álbum Negro e não será grande atrevimento alargar isto a toda a carreira de BL. Além deste papel mais “melódico”, os sintetizadores e sobretudo alguns dos samples criam uma áurea bastante Industrial de uma forma, que sendo pesada (às vezes extremamente), não é ligada ao cânone do Industrial Metal. Assim sendo, o seu peculiar uso é em boa parte responsável pelo som único da banda. Torna-se especialmente evidente quando se ouve o arrastado ritual d’A Procissão Dos Édipos ou o claustrofóbico e tóxico ambiente do Spoken Word doentio de Angústia.

A completar o ataque rítmico temos a bateria de Rui Berton (também da mente de Miguel Fonseca) em perfeita integração e (des)harmonia com as paisagens dos samples e sintetizadores. Esta integração é notória em faixas mais aceleradas onde o martelar constante é providenciado tanto por Berton como pelos samples de BJ. Este é de resto um dos traços mais característicos do espectro mais Industrial do trabalho já que as faixas mais rápidas apresentam este tipo de sonoridade metálica e latejante a encher por completo o trabalho. Nas faixas mais aceleradas como Êxtases Doirados ou o frenético Egodescentralizado, o poder rítmico da máquina por detrás de BL é bem evidente sendo que sobra ainda algum espaço para deambulações menos óbvias no acompanhamento dos restantes elementos. A forma como a bateria está produzida e colocada ajuda em muito à capacidade da “locomotiva” produzir sons de redobrado poder e intensidade. Nesta secção e nos momentos referidos há que não esquecer a colaboração Carlos Santos como baixista convidado que embora discreto oferece ainda mais “corpo” a algumas das faixas (ouçam-se as linhas palpitantes do baixo em Engodo como exemplo).

Para completar todo o invólucro sonoro da máquina que é BL não poderia faltar a instrumentalização por excelência daquele que é o principal compositor do grupo: o guitarrista Miguel Fonseca. O papel das guitarras é claro, vital. Se por um lado o instrumental tem na bateria, sintetizadores e samples a sua pulsão e circulação, por outro lado tem na guitarra os seus gritos, uivos e até lamentos. A imagem mais vezes criada ao ouvir o trabalho é de um rasgar constante, pela camada distorcida e dissonante, pelos riffs ritmados e de uma simplicidade terrivelmente eficaz. Predominantemente o efeito é atingido com as guitarras embebidas em distorção, centradas em riffs monolíticos que carregam e quebram o som simultaneamente. O trabalho de guitarra alude a momentos mais ligados ao Industrial Metal devido ao peso que contém, embora a escassez do conforto melódico remeta mais para o Industrial criando uma atipicidade quanto à forma como a guitarra opera em BL, distinguindo-os do que está, musicalmente, à sua volta. Isto porque não são riffs de Industrial Metal mas o seu peso também ultrapassa em larga escala o Industrial mesmo na sua vertente mais Rock. É um híbrido que expele dissonantemente identidade e unicidade, mesmo atendendo ao trabalho passado da banda.
Quando o lado intrinsecamente brutal e ruidoso se ausenta por breves momentos a guitarra pode produzir estranhos lamentos como o faz em Outono ou até surpreendentemente cativante como n’O Grito, mostrando uma capacidade de variação para além da reconhecida aptidão para (des)construir faixas com riffs duros e distorcidos. Neste último campo, poder-se-ia destacar quase todo o trabalho mas torna-se especialmente interessante apreciar a forma como riffs tão simples conseguem um efeito tão obscuro como em Sufoco De Vénus ou na lentamente decadente Prótese.

O perturbado mundo do Álbum Negro nunca seria o mesmo sem a presença inconfundível do Grito de Bizarra Locomotiva. Trespassando de forma violenta e impiedosa todo o instrumental bizarro, Rui Sidónio é uma força bruta à solta, a humanidade mais carnal naquilo que é BL. A sua voz é naturalmente perturbadora: não por ser um gutural singular e visceral, mas porque além disso a força da mensagem é sentida e ouvida de forma particular. Esta capacidade singular de transmitir mais do que vocalizar, de dizer mais do que “cantar” é o que singulariza Sidónio e é o complemento perfeito para os distúrbios instrumentais do resto da banda. Doutra forma a sensação seria de impotência e incapacidade para dar continuidade ao muito negro universo que aqui se constrói. É isso que, por comparação directa, a prestação de Fernando Ribeiro no Anjo Exilado prova cabalmente, não obstante a competência da participação do vocalista de Moonspell. No entanto, as vocalizações do álbum não são apenas momentos que acrescem à tensão construída pelo instrumental através de brutalidade crua e primitiva. O assombroso Ergástulo mostra um registo quase sussurrado de uma expressividade não menos contundente do que aquela apresentada quando Sidónio parte para a pura agressão. Da mesma forma, a forma inquietantemente tranquila como parte da letra de Prótese é recitada também se afasta do registo mais presente, mantendo intactos os elementos que fazem da voz de Rui Sidónio o veículo perfeito para a transmissão da poesia do tormento criada precisamente pelo membro fundador de BL.

Desta poesia única se alimenta o álbum. Única tanto pela riqueza vocabular como pela peculiar capacidade de tornar o normal em bizarro, sempre com uma profundidade imensa. Sem qualquer desprimor para com tudo o que envolve o trabalho: nas palavras de Rui Sidónio reside a pedra de toque do trabalho, o momento em que tudo se define, onde se dá a (anti)catarse de tudo o que se vai acumulando. Pela lírica de luxuriante que corre nos Êxtases Doirados, pelas existenciais linhas de Ergástulo, pelas aliterações que se prostram n’A Procissão Dos Édipos, pelos momentos confessionais de Engodo ou pela dor pura de Angústia estão os cantos do Álbum Negro. As imagens de pesadelo onde tudo é possível pela transcendência da palavra revoltosa, ininterrupta e à beira do suportável quando aqueles momentos se encontram bem à flor da pele. É aqui que os sentidos das palavras de Sidónio também se multiplicam, pela ambiguidade que uma escrita deste género sempre acarreta e também por um subterrâneo pendor surrealista.

Num álbum dominado pela palavra (a excepção é a introdução e a incursão pela Industrial mais electrónica em Láudano 3), os momentos em que a mesma surge mais marcante e simbólica também são aqueles que será natural destacar, embora pela qualidade lírica que atravessa todo o álbum a escolha recaia (ainda mais do que seria normal) nos momentos com uma mensagem introspectiva mais profunda. Aqui surgem os momentos onde a “locomotiva” avança a uma velocidade mais moderada, quiçá pelo espinhoso caminho a percorrer…

O ambiente ritualístico de Engodo oferece-se como primeiro e perfeito exemplo de dolorosas viagens. O ambiente criado pelos teclados e guitarra é tenso e assombroso, para que a voz assuma o seu papel de expurgadora de demónios, ora quotidianos ora mais filosóficos, sempre de forma bem particular:

Rimo a constituição íntima das coisas
Que se me deparam lacrimosamente
Adormecido de todas as estranhezas
Que se me afligem ao extraviar-se

Mas vendi-me
Num largo gesto de simpatia
Que me custou a morada

Inexoravelmente calmo, seco a garganta
Sanhudo, bebo da mentira alheia
Indiferente, classifico-a raiz dos enganos
E exercito-me ao recitá-la


De forma arrastada e pesada surge a faixa final, Prótese. Para além de alguns dos riffs mais fortes do álbum, a faixa destaca-se pela sua divisão entre o Spoken Word e o som mais “tradicional” da banda. Qualquer uma das “partes” é intensa à sua forma: uma pelo natural elemento ruidoso e outra pela voz sussurrada de Sidónio declamando:

Vagueio pelo trópico de câncer com uma ogiva ao peito
mas consigo ver tudo que deixei para trás

Sinto a minha a gorda agonia a tolher-me o passo sem vestígios de pudor só de pensar no tempo que perdi… o destino assim o quis…!
Penso em ti sete vezes por segundo
Arrasto-te comigo para todo o sempre. És a besta que me persegue, a minha deficiência adquirida. Partiste-me o que tinha de mais precioso.
A minha alma mudou de envólucro.
Tarde demais para voltar atrás.

Apodreço sem vida… mas tu… tu ainda ficas!


Resta apenas uma coisa por dizer. A única que se necessária fosse conseguiria definir nesta besta erguida por Bizarra Locomotiva. Não por escassez de substância de todo o álbum mas pelo que representa enquanto paradigma do que é que a banda consegue fazer, transformando-se através da overdose daquilo que já tinha de melhor. No monumento de intensidade, potência e, à sua tremenda maneira, beleza que é Ergástulo o Álbum Negro tem o seu momento sublime. Bizarra Locomotiva tem um dos seus clássicos definitivos num registo lento, doloroso e simplesmente arrepiante:

Canso-me perplexo
da ode triunfal
apreciava a dor da luz
dissecando a graça suprema
orgulho a salvo, prostro-me
perante o teu plácido legado
o meu pensamento processa-se
silenciosamente…

Basta! Sou estrume! Esta é a minha certeza
fertilizante orgânico
do mal que tudo corrompe

Untando-te a vontade
com ruidosas tonturas
a minha omnívora alma
devora-te legando amargas costuras
Neste ergástulo de ser quem sou, envelhecido, num refluxo de culpa
acaricio-te o contorno dos olhos
e cerro os meus
deixando-te moribunda.

Basta! Sou estrume! esta é a minha certeza
fertilizante orgânico
do mal que tudo corrompe


O Álbum Negro. Foi o momento de renegar quase tudo. Renegar tudo menos a capacidade reinventiva. O resultado é uma vertiginosa viagem por lugares escuros e desagradáveis; onde o desconforto domina. Seja pelo sítio para onde se é transportado pela Bizarra Locomotiva ou pela simples visão do que essa viagem representa. Seja qual for a situação, o Álbum Negro para além de soar a tal, estabelece-se mesmo como mais um momento essencial na carreira da banda.

Conclusão
No meio de trabalhos tão brilhantes como o homónimo, Bestiário ou Ódio, a monocromática proposta do Álbum Negro segue precisamente a característica principal do brilhantismo do seu antecessor: contrastar para se impor. É isso mesmo que o trabalho faz na discografia de BL. Não aperfeiçoa (no sentido de continuidade, entenda-se) o que foi feito no passado e lança-se sim em caminhos escuros (duplo sentido no termo, claro). É porventura risco maior, mas também por isso o resultado é mais estrondoso.

Depois da surpreendente (tendo em conta os percalços vividos pela banda nos tempos entre Homem Máquina e o trabalho de 2004) maturidade de Ódio, os BL fortalecem-se ainda mais. Também se poderá falar de maturidade mas num sentido distorcido (como “deliciosamente” quase tudo o é no universo artístico de BL) onde o tempo deu lugar a mais poder, mais fúria, mais “águas revoltas”: mais exagero no fundo. Outras comparações à parte, no sentido mais primitivo e selvagem de romper os limites de forma caótica o Álbum Negro cumpre perfeitamente com a ambição e atinge genialmente o objectivo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

CD Review: Muse - The Resistance

Por Álvaro Figueiró



Para tentar definir o estilo do novo álbum do Muse, The Resistance, eu deveria empregar oitava rima, mas não com a mão de Camões e sim com a do Padre Macedo: há um misto de grandiosidade e pretensão, cujo resultado, porém, é bem palatável. Que a banda, cedo ou tarde, fosse fazer um álbum como esse, com uma gorda seção sinfônica, não era nenhuma novidade para quem tivesse algum contato com Absolution e Black Holes and Revelations. O problema é que, em meio à trabalheira que é harmonizar uma orquestra, esqueceram da emotividade que deveria estar nas notas dos violinos, violas, violoncelos.

Ao arsenal de misturança que o trio já manejava com destreza – eletrônico, progressivo, citações de compositores eruditos, metal –, ousaram acrescentar o fanquemélodi: Undisclosed Desires poderia facilmente haver sido composta e interpretada por ninguém menos do que Latino ou Stevie B, embora nambos os casos estaríamos diante de suas respectivas magnae opera. I Belong to You corporifica o espírito de pastiche ao sanduichar uma ária do velho Saint-Saëns (com sotaque de francês aprendido pelo Instituto Universal), coadjuvada na saída pelo mais bizarro solo de clarineta baixo desde... desde que o instrumento foi inventado. Uprising retira boa parte de sua energia da nostalgia do ouvinte, já que o rife eletrônico que abre a peça só pode remeter-nos aos perrengues de infância diante dum Phantom System municiado com Castlevania; Resistance, cheia de sintetizadores fantasmagóricos e mudanças brutais de dinâmica, toca quando nos aproximamos do chefão final... Já que estamos gastando nas comparações, que dizer daquela canção, se é que merece o nome, que resume a megalomania do álbum? A primeira parte de Exogenesis lembra alquando trilha sonora de filme, sem dúvida concernente a abduções e mancomunações entre governos e multinacionais, John Williams no power chord; a segunda trilha a vereda que o Muse sempre seguiu quando há pianos e cordas em redor, ou seja, virtuosismos e falsetes desesperados de Bellamy; a terceira involui um piano belamente meditativo para uma balada banal em que o patos se quer espremer dos violinos e da sustentação de agudos nos vocais – cascatas de vocais. Guding Light achei michuba, mas me cheira a essas que se tornam queridinhas do público. United States of Eurasia sumaria os efeitos de seja lá qual droga que aditivou a banda (a julgar pela capa toda cheguei, presumo LSD): começa Coldplay, metamorfoseia-se do nada em Queen, mantém um momento John Zorn (Khebar) ou tema d’O Clone e finda longamente com Chopin, o Chopin das caixinhas-de-música querendo soar desenho da Disney, arrematado pelo ruído dum avião (garanto que semelhante descrição é fidedigna e que a fiz sóbrio!).

No mundo tatibitate do roque, no fastio de compassos quartenários e letras de amor, a iniciativa do Muse é louvável: tentou-se fugir à pasmaceira, mas há ainda algo de sol-e-dó, verso e refrão, com o grande inconveniente que essas estruturas soem desconhecer: as canções não parecem grudar, com poucas exceções carecem daquele poder de fixação característico da música profunda – não a meramente alta. Nesse sentido, a faixa mais bem lograda é mesmo a que roubaram do Latino, a mais simples de todas, pois os pizzicati formam a matéria-prima do chiclete melódico. Quem não gosta de Muse continuará sem gostar tampouco os fãs encontrarão motivos para desilusão e ir curiosear substâncias daninhas (p. ex., sucessos da cúmbia como Alma Bella, que acabei de descobrir em Lima).

Aonde The Resistance poderá levar? A uma futura obra-prima ou à carreira solo de Bellamy...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

CD Review: Magna Sina - Victim of Yourself

Por Artur Henriques



Quem for pegar o EP Victim of Yourself para ouvir não deve esperar ouvir algum tipo de novidade sonora, pois se não, vai se decepcionar. Pois a banda Magna Sina tem como proposta fazer um Heavy Metal tradicional (com pitadas de Hard Rock) sem grandes firulas, exotismos ou invencionices. E na verdade eles se saem muito bem dentro desse espírito de trabalho.

Acredito que há dois elementos que contribúem para o bom rendimento desse EP, são eles: o vocal da frontwoman Mariana Gouvêa, e os riffs e solos de guitarra proporcionados pela dupla Arnaldo Ferradosa e Eduardo Capella. Mariana é detentora de um timbre de voz bonito, e um estilo vocal que privilegia uma forma mais grave de cantar, mas que é ao mesmo tempo melódica; o que é bastante interessante, principalmente nos tempos de hoje em que a maioria das garotas que cantam Heavy Metal ou querem cantar que nem as “divas” do Gothic Metal ou no estilo gutural (influência da crescente popularidade da banda Arch Enemy).

As músicas em si, como dito antes, não são grandes mistérios: melodias simples (que se pretendem marcantes), riffs diretos e refrões no estilo “empolga galera”. Aqui não poderia deixar de citar a música Neverland Innocence que consegue fazer tudo isso com uma excelência digna de uma banda veterana; se eu pudesse dar algum conselho para a banda seria justamente a de no futuro, quando gravarem um álbum completo, aproveitarem e regravarem essa música; pois por ela ser muito boa merecia uma melhor gravação.

Quanto, a gravação, o que dizer além do que já foi dito em relação a outros lançamentos cariocas? Aqui quem assumiu a mixagem foi o baixista Daniel White, não tendo qualquer indicação de quem fez a masterização (se é que teve um processo de masterização). Fica então a dica de terceirizar o processo de mixagem e materização no futuro para a obtenção de um som mais “límpido”, pois guitarra a todo o volume quase que abafando por completo os outros instrumentos (ironicamente, não se ouve direito o baixo na maior parte das músicas) não combina tanto assim com a proposta musical da banda...



Magna Sina:

Mariana Gouvêa – vocal
Daniel White – baixo
Arnaldo Ferradosa – guitarra
Eduardo Capella – guitarras
Erick Rhamusia – bateria

Track List:

1 – Victim of Yourself
2 – Neverland Innocence
3 – Gone Down
4 – All Storms

Produção Rodolpho Rebuzzi

Mixagem Daniel White

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CD Review: Statik Majik – Redemption

Por Artur Henriques



Amaldiçoados!

A banda Statik Majik vêm chamando atenção no cenário Heavy Metal nacional sobretudo devido ao fato deles “praticarem” um som que apesar de ter muitos fãs em terras tupiniquins quase não tem representantes nacionais do gênero: trata-se do Stoner Metal. O EP Redemption trouxe para Renato França (baixo), Marlon Guedes (guitarra), Luis Carlos (bateria) e Rafael Tavares (vocal) - a formação que atuou na divulgação do EP - reconhecimento a nível nacional tanto com relação aos fãs de Stoner quanto à crítica especializada; e teve o seu ponto alto com a participação da banda no já consolidado festival Roça´n Roll.

Um Êxtase Pavoroso

O EP começa com a faixa título, que na verdade é um número instrumental que visa dar ao ouvinte uma introdução; mas a pergunta que ficou martelando a minha cabeça ao ouvir o CD várias vezes foi: “era realmente necessária a inclusão dessa primeira faixa instrumental”? A música é tão curta que quando você acha que vai começar alguma coisa ela acaba, servindo apenas para encher lingüiça...

Redemption começa de fato não com a faixa título, mas sim com a música seguinte: Reality. Aqui a banda mostra a que veio, com o riff de guitarra marcante de Marlon conduzindo a música. Nessa mesma faixa também já é possível identificar aquele que será o grande destaque de todo o EP: a cozinha formada por Evandro Souza (que gravou todos os baixos presentes no EP) e Carlos. O aspecto negativo fica por conta da performance do vocalista Rafael que nessa música têm uma atuação apagada.

A cozinha continua sendo o grande destaque em Damned (onde também é possível ouvirmos um melhor aproveitamento do estilo vocal de Rafael). Já nas duas últimas músicas (Nothing Left to Admire e Dreadful Ecstasy) reside o ponto alto do EP. Aqui tudo se combina de uma forma alquimística: a cozinha coesa e forte de Carlos e Evandro, os riffs de guitarra hipnóticos de Marlon, e o vocal distintivo de Rafael. Nothing Left to Admire chega inclusive a namorar em um determinado momento a sonoridade Doom Metal!

O que mais me incomodou na performance da banda foram os solos de guitarra de Guedes; apesar dele ser bastante eficiente em criar riffs que casam perfeitamente com o estilo preconizado pela banda, senti falta de um pouco mais de cuidado na hora de solar. Em vários momentos do EP as músicas pediam por solos mais “envenenados”. Já em relação ao vocalista Tavares, foco de uma certa polêmica, devo dizer que conforme fui ouvindo o CD mais e mais vezes fui me acostumando com o seu estilo de cantar; não sei se foi lavagem cerebral (os famosos “brainworms”) ou o quê, mas o fato é que cada vez mais o estilo do carinha começou a se fixar na minha mente como sendo um bom par para o som da banda, ajudando a dar um ar meio psicodélico ao som, mesmo que muitas vezes em detrimento de uma técnica vocal mais refinada...

Não resta nada para admirar

Das considerações finais eu não poderia deixar de tocar no assunto “qualidade de gravação”. Por mais chato que seja assumir a posição de reclamão, não consigo ficar quieto com a situação das bandas cariocas referente a esse assunto específico; bandas que vem gravando seus álbuns em outras partes do país tem conseguido obter em média resultados muito mais satisfatórios do que aquelas que optam por fazer seus registros aqui no Rio. Quais seriam os motivos para isso? Não saberia dizer com precisão, mas me arrisco a afirmar que seja a falta de bons estúdios especializados no gênero pesado (o Rio tem alguns dos melhores estúdios de gravação do Brasil, mas que tem um custo além da conta para a maior parte das bandas de Heavy Metal), e principalmente falta de pessoal qualificado para operar essas gravações. Não que não existam pessoas qualificadas para tal coisa aqui no Rio, elas apenas parecem não ser em quantidade suficiente para a demanda que existe em nossa cidade. É só pensarmos nos melhores registros (em termos de gravação) laçados por duas bandas cariocas nos últimos anos; estou me referindo as bandas Tribuzy e Imago Mortis. Ambas tiveram que fazer todo o processo de gravação (caso do Imago Mortis) ou parte dele (caso do Tribuzy) fora do Rio para obter um resultado satisfatório! Portanto, apesar de considerar a qualidade de gravação do EP do Statik Majik muito aquém do que seria desejável, é fato de que isso não é um problema específico da banda, e sim um problema generalizado da cena carioca.

No momento atual a banda Statik Majik encontra-se próxima de lançar seu álbum full-lenght chamado Stoned On Music, com mixagem feita por Flavio Pascarillo (Tribuzy/Nordheim), o álbum será lançado pela Be Magic Records. Espero que agora eles consigam superar esse problema. A banda mudou a sua formação e conta com um novo baixista, Thiago Dominogorgoth que também assumiu o posto de vocalista (que passou a ocupar depois da saída do Rafael). O primeiro single do novo registro (chamado Shadows of Hope) já está disponível para ser baixado de graça no site http://www.statikmajik.net/.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

CD Review: Gunpowder – Killture Part One – imposing freedom lies



Gunpowder – Killture Part One – imposing freedom lies
Gravadora: (lançamento independente)


Por Artur Henriques (publicado originalmente no site Metal Ground)

A banda Gunpowder, como tantas outras que batalham na cena underground nacional, deve encontrar muitos percalços ao longo de seu caminho, um deles deve ser com certeza a falta de apoio por parte das gravadoras ou selos. Só isso para explicar a demora para o lançamento de seu álbum de estréia, afinal Killture Part One está pronto desde 2005, e só agora, demorados 2 anos depois o álbum consegue ganhar a luz do dia. Esse fato torna-se ainda mais estranho ao deparamos quanto à ótima qualidade das músicas e músicos presentes no referido trabalho.

Ao pegarmos o CD para ouvir e darmos uma folheada no encarte que o acompanha uma coisa fica clara: Lucian Vaskcellus é a mente, alma e coração da banda. Afinal ele atuou como produtor, letrista, compositor, guitarrista, vocalista e ainda por cima fez a arte da capa ao lado de Najah Zein! E como Lucian se sai? Muito bem na verdade, no que tange a música (que acredito ser o mais importante para nós) ele demonstra uma competência acima da média, tanto como guitarrista, quanto como vocalista. Basta dizer que como guitarrista ele sabe juntar riffs marcantes (na melhor escola do Thrash Metal) com solos bastante técnicos (que em alguns momentos me lembrou o estilo preconizado por Yngwie Malmsteen), e como vocalista ele é um show à parte. É simplesmente um dos vocais mais versáteis que eu já tive o prazer de ouvir, trafegando numa mesma música entre um vocal gutural e um “operístico”, passando por outras técnicas, algo realmente impressionante! Michael Kiske, Rob Halford, Bruce Dickinson são alguns dos nomes que saltam à mente ao ouvir as diferentes “camadas” de voz que Lucian explora.

Essa confluência de referências faz com que Gunpowder produza um som que a própria banda classifica como “Power Prog” mas que na verdade vai para além disso. Em vários momentos do CD é possível captarmos influências do Thrash Metal e do Death Metal das antigas. E isso só seria possível se o restante dos integrantes do grupo fosse tão bom quanto seu líder, e felizmente eles são. Mario Ruas (bateria) e Daniel De Castro (teclado, e que também gravou o baixo no CD) se mostram excelentes músicos, principalmente Mario que produz linhas de bateria das mais interessantes.

Sendo um álbum conceitual, acredito que seria leviano da minha parte não abordar as letras contidas no álbum. Na verdade, as músicas versam sobre alguns dos problemas atuais: guerras, violência urbana, problemas ecológicos, o choque de civilizações entre Ocidente e Oriente (com a tentativa de imposição da “democracia” e da “liberdade” ao mundo todo). A banda inclusive demonstra um forte pessimismo em relação ao futuro da humanidade, uma certa escatologia, o fim de tudo (como deixa bem evidente a última música After All). Permeia por todo o álbum uma certa aflição em relação à condição humana, nesse aspecto me lembrou bastante o grupo Megadeth da época do álbum Countdown To Extinction.

O álbum é todo muito bom e fica difícil apontar um destaque, mas a música World Disaster é com certeza um “hit” em potencial. Possuidora de riffs e refrão marcante, e de duração razoável essa música poderia fazer grande sucesso se entrasse na programação das rádios especializadas que andam brotando Internet afora.

As críticas negativas ao CD ficam referentes a pouca quantidade de músicas existentes de fato (apenas 6, sendo as outras faixas introdutórias) e outra é a pós-produção. Isso porque apesar da competente mixagem feita por Dennis Pombo (guitarrista da banda Imago Mortis, ex-Apocryph) senti falta de uma masterização do trabalho para deixar o som mais “polido”. Alguns ouvintes mais exigentes (e chatos) podem acabar considerando o álbum uma “Demo-Tape” de luxo.

Independente disso, o fato é que com esse álbum, o grupo Gunpowder se consolida como um dos maiores nomes do cenário carioca. E espero que a banda consiga se fazer ouvida pelo público e que também consiga divulgar o álbum de forma adequada. E que venha a parte dois!

Nota: 9,0


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Para quem quiser conhecer mais a respeito do Gunpowder:

Site - http://www.gunpowdermetal.com/
E-mail para contato - gunpowder@gunpowdermetal.com

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

CD Review: Manowar – Gods of War

Por Wesley Rodrigues

Essa resenha foi escrita há muitos meses e ficou tanto tempo engavetada porque eu queria transcrever algumas partes de um texto ao qual eu faço referência aqui, mas nunca consegui acesso a ele para tal. Um milhão de desencontros e esquecimentos impediram que o meu amigo Léo me emprestasse a maldita revista. Perdidas todas as esperanças de um dia tê-la em mãos e a paciência de segurar esta resenha por tanto tempo, decidi publicar a resenha incompleta mesmo. Dedico o post ao meu irmão, que me apresentou ao Manowar há uns, sei lá, onze anos atrás.



Os extravagantes americanos do Manowar lançaram ano passado este disco que não foi lá muito bem recebido pelo público e pela crítica. Até a banda que costuma ter sempre um pé fora da realidade reconheceu isso. Gods of War acabou gerando mais estímulo para chacota do grupo, como se os corpos banhados em óleo, as roupas de couro apertadas e todo aquele discurso “morrer pelo metal” não fossem suficientes.

Mas esta resenha não compartilha de opiniões tão negativas quanto recorrentes. O disco tem excelentes passagens do mais puro e bom metal e isso consegue salvá-lo apesar de momentos de menor inspiração e experimentações enfadonhas. É o que pretendo defender comentando uma a uma as faixas desse disco, mesmo correndo o risco de fazer os leitores desistirem de ler a resenha por ser tão grande e entediante (“assim como Gods of War”, diriam os detratores do Manowar).

A primeira faixa é a orquestrada Overture to the Hymns of the Immortal Warriors. Nada mal para uma abertura. O que mata é que ela é muito grande, maior que o próprio nome. Por causa de seus seis minutos e vinte segundos, merece ser ignorada pra sempre.

Depois desta introdução, vejam só, vem outra introdução: The Ascension. Essa é menor, tem dois minutos e meio, mas isso já é o suficiente para deixar alguém impaciente. Até que, finalmente, o ouvinte detecta uma guitarra em King of Kings, um metalzão de refrão excelente e grande solo de Logan. Há nela uma parte de narração mas que não consegue esfriar.



Em seguida, entra Army of The Dead part I, mais uma música para embromação. Esse tipo de coisa é justificada pela banda por se tratar de um álbum conceitual e que está se contando uma história. Por isso, em muitos momentos (entre as músicas e durante elas) o metal pára para dar lugar à história. Isso torna o disco bem cansativo. Até porque esse negócio das letras sobre vikings milhares de bandas têm explorado contínua e cretinamente, sem trazer grandes novidades. E o Manowar não se limitou a usar esse tema como letras de suas músicas, mas quis contar uma história manjada como essa entupindo o cd de todo tipo de recurso adicional como narrações, sonoplastia e tudo o mais, um esforço que não poderia ter outro resultado se não encher o saco! Não que os vikings, as batalhas, Odin, etc. não sejam interessantes. Muito pelo contrário. Mas o Manowar levou o tema à exaustão nesse disco e ainda por cima do modo mais chato, piegas e batido possível. É esse o principal motivo de crítica ao cd, uma opinião que até onde eu vi é unânime. Acho que ela tem sido uma barreira para que se perceba o que há de bom em Gods of War.

Chegamos à faixa Sleipnir que tem um refrão emotivo e marcante, até por que é cantado inúmeras vezes. Grande música que sem dúvida funciona bem nos shows. Além disso, tem outro bom momento de Logan. Depois, entra Loki God of Fire e o banger pode estar convencido de que fora o blábláblá o disco é realmente bom.

Blood Brothers (eu já vi esse título antes) tem como belo tema a amizade. Mas o Manowar já fez baladas melhores. Overture to Odin, outra orquestrada, termina majestosamente para dar lugar a....The Blood of Odin, uma narração de quatro minutos insuportável. Até que entra Sons of Odin para deixar injuriado o bom banger que ouviu dizer coisas como “Este novo do Manowar é um lixo” e provar que se deve buscar opinião própria ao invés de dar muito crédito à dos outros (no que se inclui, é claro, a desse resenhista).



A faixa-título trabalha arranjos de violino e metais para trazer um clima épico. Legal. Army of the Dead part II é um coro liderado por Adams e não precisa ser ouvida. Odin é uma música mais lenta e similar a outras feitas pelo Manowar. Não impressiona muito mas ainda assim é boa. O mesmo vale para a balada Hymn of the Immortal Warriors. Por último, temos a faixa bônus Die for Metal. Com uma sonoridade mais tradicional, é uma música bem Manowar. Até nas letras que mostram mais uma vez a mania de perseguição que a banda tem (They can’t stop us Let them try) e a idéia do Heavy Metal como a coisa mais importante da vida.

É bem verdade que o Manowar não é metade do que diz que é. A coroa que alega sua, uma monte de bandas merece mais. Mas ainda assim são bons pra caralho e Gods of War mostra isso, apesar de não ser uma maravilha de disco. Estamos bem longe portanto do que disse Régis Tadeu em relação a este trabalho. Me parece que a intenção máxima dele aqui não foi fazer uma avaliação equilibrada mas sim promover seu estilo piadístico. O Manowar é trampolim perfeito para quem quer fazer humor fácil, e Régis se aproveitou disso ao invés de usar uma argumentação equilibrada. Deu uma de Diogo Mainardi do Metal. Uma audição sem pré-conceitos vai revelar que Gods of War (e o Manowar) merece mais respeito.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

CD Review: Hicsos - Technologic Pain



Hicsos - Technologic Pain
Gravadora: Dynamo Records


Por João Rafael Gualberto

O Hicsos, formado em 1990, é um dos principais nomes da cena Thrash brasileira e, dedicando-se a um Thrash Metal com bastante influência de Slayer, Kreator e Nuclear Assault, a banda vem conquistando também boa projeção internacional. Integrado por músicos de ótima qualidade, o grupo apresenta nesse trabalho (Technologic Pain – Dynamo Records) um som forte, marcante, que segue linhas tradicionais capazes de agradar a qualquer apreciador do bom metal; uma pegada firme nas guitarras – integradas por Nilmon Filho e Antonio Sabba, que vêm sendo considerados a dupla de guitarras revelação do cenário brasileiro, segundo matéria da Cover Guitarra (a edição com o bom e velho Randy Rhoads na capa) – garantem à banda um som de qualidade inquestionável. Embora não falte qualidade à cozinha, composta pelo baixista Marco Anvito e pelo batera Marcello Ledd, bem como ao vocal, também executado por Anvito, deve-se salientar que o destaque do disco fica com as guitarras. Riffs pesados, variados, além de ótimos solos dão vazão ao melhor que se pode esperar de um disco de Thrash Metal. Tanto que nesse início de ano o Hicsos conquistou seu lugar entre as 10 melhores bandas nacionais na votação da revista Roadie Crew.

A primeira faixa deste álbum, Face To Face, caracteriza um Thrash Metal dentro dos padrões clássicos, e representa a sonoridade que se ouve até o final do disco. Com mudanças constantes de andamento e solos muito bem encaixados, a faixa lidera o disco e inspira a vontade de prosseguir com a audição. Segue a esta Agony Sellers, num estilo ‘bate-estaca’ que dispensa apresentações. A letra, uma das melhores, é um ataque contra o charlatanismo por trás de pregações religiosas que prometem o céu em troca de devoção e entrega (financeira, sobretudo). Com apenas 2:27 a música dá o recado muito bem dado!

A terceira música de Technologic Pain é a faixa homônima. A música aponta um dos dramas contraditórios da humanidade, enfatizando o despropósito a que se presta a tecnologia quando se volta para a destruição. Com um riff principal que prende a atenção, uma aurora de pessimismo nos arranjos, e solos que parecem desolados, trata-se de uma música inspirada e exemplo de bom metal. Depois, Builder of Imagination, mais uma composição com teor pessimista. Apresenta-nos os dilemas típicos de um soldado no front, com suas convicções desmanteladas pela bruta e estúpida realidade da guerra. Nota 10 para mais este instrumental, com verdadeiras marteladas no começo da música! É sempre importante comprometer o instrumental e a sonoridade de uma música (ou um álbum) ao tema que apresenta. Essa competência não falta à banda!

E o disco segue em alto nível: Cry of Souls e Violence and Blood apresentam ótima sonoridade. A primeira conta com uma das poucas passagens leves do disco, com ótimos solos de guitarra. Já a segunda é uma tremenda pedrada, fazendo jus ao nome, e em muito faz lembrar o Kreator. Candyman, a sétima faixa, carrega muito peso em passagens trincadas de bateria, e ótimas levadas. Urban Scene carrega mais uma boa dose de pessimismo na parte lírica, atacando os problemas urbanos característicos de nossas grandes cidades: violência, pré-conceito... “a paz grita... ninguém escuta!” ótima faixa!

O disco termina com 3 músicas especiais. A primeira delas, Mea Culpa, trata-se de uma verdadeira acusação dos problemas causados pelo homem ao mundo e a ele mesmo. A letra ataca (à semelhança da segunda faixa do disco) as religiões e a forma como usam da fé para transformar seus seguidores em “puppets”. O discurso da letra (em primeira pessoa) é levado a cabo pela própria entidade maligna usada como bode expiatório (Diabo?) a qual muitos invocam para gerar o medo e o terror psicológico entre as pessoas a quem se quer dominar. Figura talvez mais citada e descrita do que o próprio Bem, o Mal aparece sempre nos discursos religiosos mais exaltados, cujas únicas conseqüências acabam sendo fanatismo, exploração e violência. Nem o demo em pessoa talvez fosse tão competente para fins malignos como alguns pregadores que andam pela Terra. Assim, digamos que, se o Diabo pudesse se manifestar de alguma forma, talvez fosse essa a sua manifestação diante das mazelas humanas, um legítimo I don’t give a fuck!

Por último, duas canções em português, a primeira, Pátria Amada, uma crítica à discrepância entre o Hino nacional brasileiro e as realidades do Brasil. A letra recorre aos próprios versos do Hino para desnudar os problemas do país. Encerrando o disco, Ritual, faixa instrumental, um tanto nebulosa, que tem no baixo o seu carro-chefe e não conta com a presença de bateria.

Enfim, um disco para bater cabeça e se revoltar um pouco! Em essência, Thrash total!!!!!!!



Hicsos:
Narcelo Ledd – Bateria
Antonio Sabba – Guitarra
Nilmon Filho – Guitarra
Marco Anvito – Baixo e Vocal

terça-feira, 29 de abril de 2008

CD Review: King Diamond - The Puppet Master

Nota: Esse review foi originalmente escrito na forma lusitana da língua portuguesa. O blog Arise! optou por manter dessa forma no intuito de preservá-lo como foi concebido.

King Diamond - The Puppet Master

Por PhiLiz

Introdução
Que não reconhecer imediatamente o nome mencionado acima, pode parar de ler. Isso. Agora, ou vão imediatamente à procura de álbuns de King Diamond ou então podem ir enfrascar-se com bandas de Metalcore da pior qualidade.

Quem começou a cantar sadicamente "Abigail..." sabe perfeitamente que se fala de um dos maiores e mais influentes músicos de Metal. Uma personagem transversal a géneros, portadora de um consenso peculiar face à enorme diversidade de sonoridades que cada trabalho seu alberga.

É redundante (e desnecessário, porque deveria ser cultura geral) estar aqui a dizer o quão brilhante é a sua carreira a solo ou o seu trabalho seminal com Mercyful Fate. Não se fazem elogios à carreira de King Diamond. Vai-se ouvir os álbuns e começa-se a tentar - inutilmente - cantar em falsete.

Chega de história. Kim Bendix Petersen é dono de uma das mais peculiares e fenomenais vozes dentro do panorama metaleiro. Mas não é só. A criatividade lírica, a imaginação para pintar sombrias e emotivas paisagens em forma de notas musicais e ainda a colaboração do brilhante guitarrista Andy LaRocque fazem de qualquer álbum de King Diamond uma experiência única.

The Puppet Master não é excepção. Como é hábito na banda, temos um álbum conceptual. Neste caso à volta de... claro, fantoches. Intrigante...? POUCO BARULHO!

Let The Show Begin



Alinhamento
01. Midnight
02. The Puppet Master
03. Magic
04. Emerencia
05. Blue Eyes
06. The Ritual
07. No More Me
08. Blood To Walk
09. Darkness
10. So Sad
11. Christmas
12. Living Dead

Ano 2003

Editora Metal Blade (nota: para os EUA e Europa)

Faixa Favorita 10. So Sad

Género Heavy Metal

País Dinamarca

Banda
Andy LaRocque - Guitarra, Teclados
Hal Patino – Baixo
King Diamond [Kim Bendix Petersen] - Voz, Teclados
Livia Zita - Outras Vozes
Matt Thompson – Bateria
Mike Wead – Guitarra



Review
Eu não gosto de álbuns conceptuais. Geralmente são aborrecidos, excessivamente longos, presunçosos, pouco emotivos e as histórias não são grande coisa. Mas mais importante que tudo, relegam o facto da banda estar a tentar fazer boa música para um plano demasiado secundário, isto é, torna-se mais importante o conceito do álbum do que propriamente fazer boa música. Isso enfada-me profundamente.

No entanto, há sempre excepções. King Diamond é brilhante e parte desse brilhantismo advém do facto dos seus álbuns serem conceptuais. Esta particularidade, no meu caso, ainda gera maior devoção aos trabalhos da banda, uma vez que se revela uma excepção a uma regra quase nunca quebrada.

Em The Puppet Master temos a morfética história começada na mística cidade de Budapeste no século XVIII, durante a época natalícia. A personagem principal, baptizada apropriadamente de 'Unfortunate Man' vai a um teatro para assistir a um espectáculo de marionetas. Ai, após o espectáculo, conhece 'Victoria', pela qual se apaixona de forma quase mágica. O sentimento é correspondido e os dois iniciam uma relação. Um dos seus interesses comuns e que fomenta a relação é precisamente o gosto por fantoches. Passa um ano desde estes acontecimentos e a relação vai correndo maravilhosamente até que um dia 'Victoria' vai de novo ao teatro dos fantoches e desaparece...!

Vou parar a narração da história-conceito do álbum. Não quero estragar o prazer a quem poderá ainda ir ouvir o álbum de acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.

Adianto apenas que o resto da história é brilhante e completa (sendo reciprocamente completada) na perfeição a música. Musicalmente este álbum está ao nível de obras primas como Abigail e Them. A produção? Os pormenores são mais que audíveis e tudo está sublimemente colocado, por isso nada a dizer.

Destaque mais que óbvio para a voz "multi-facetada" de King Diamond. Conforme as personagens vão variando assim o tom de voz. Desde o seu famoso falsete aos tons mais graves e agressivos, assistimos a mais um espectáculo do que penso ser "A" voz de Heavy Metal. A capacidade de transmitir sentimentos é assombrosa. A voz aqui é utilizada como um verdadeiro instrumento. Aliás, é o instrumento de mais relevo.

Andy LaRocque surge ao melhor nível. Solos fenomenais e cheios de expressividade formam a simbiose perfeita com uma atmosfera de terror que se quer presente.

Dois pormenores também dignos de menção. Uma das marcas mais distintivas entre o trabalho a solo de King Diamond em relação a Mercyful Fate é o uso mais pronunciado de teclados no projecto em "nome próprio". Aqui não é excepção. Seja para criar um ambiente fantasmagórico, mais alegre ou mais triste, os teclados são sempre bem demarcados e destacam-se em várias faixas do álbum como por exemplo em Blue Eyes ou So Sad.

Por último, uma surpresa. O uso de uma voz feminina em vários momentos dá um toque mágico e refrescante à personagem de 'Victoria', bem como adiciona um elemento mais de interesse ao álbum.

Na generalidade o álbum faz é capaz de fazer algo que muito poucos conseguem. Além de se centrarem numa história (de terror) interessante conseguem adoptar os acontecimentos da história e a parte musical a várias emoções humanas, sejam elas a raiva, a tristeza, a perda, ou quaisquer outros que desfilam neste "show" de King Diamond.

Sendo um álbum conceptual é essencial ser ouvido de seguida e como uma peça só. No entanto, os lamentos tristes dos teclados e as vozes em So Sad tornam a décima faixa a minha preferida do álbum.

Conclusão
Se necessário fosse o álbum poderia ser sintetizado em três palavras: "É King Diamond". A partir daqui toda a grandiosidade inerente à banda estaria resumida. Durante quase uma hora o desfilar de grandes temas e episódios de histórias vai deixar o ouvinte exausto... mas incrivelmente satisfeito.

Após vinte anos a lançar material de excelência, King Diamond parece não abrandar. Enquanto a imaginação o permitir, parece que o mundo vai ser bombardeado com lançamentos de uma qualidade superior. Ninguém se cansa disso, por esse motivo, só temos que agradecer ao dinamarquês satânico e à sua banda.

terça-feira, 11 de março de 2008

CD Review: Andre Matos – Time To Be Free


Andre Matos – Time To Be Free
Gravadora: Universal Music


Por Artur Henriques

Deve ser difícil ser Andre Matos (Virgo, ex-Angra, Shaman e Viper), afinal estando algo próximo de duas décadas de carreira, agradar aos velhos e novos fãs não é uma tarefa fácil. Mas eis que depois de mais um conturbado processo de separação de banda, Dedé nos brinda com mais um álbum. Contendo ao seu lado os já velhos companheiros Luis Mariutti (baixo), Fabio Ribeiro (teclado), Hugo Mariutti (guitarra) e os novos membros Andre Hernandes (guitarra) e Rafael Rosa (bateria, e que já não se encontra mais na banda, sendo substituído pelo prodígio Eloy Casagrande).

Mas é importante frisar que todos os integrantes da banda (menos o baterista Rafael) participaram do processo de composição das músicas, que ainda contou com ajuda externa de Pit Passarell (baixista da banda Viper, da qual Matos fez parte), Roy Z (guitarrista e produtor de renome) e Alberto Rionda (Avalanch). Ficando para Andre Matos o monopólio das letras das músicas.

Logo com a introdução orquestral da faixa Menuett, que emenda diretamente na música Letting Go podemos conferir uma volta de Matos ao gênero que lhe fez famoso: o Metal Melódico. Diga-se de passagem que é muito bom poder ouvir o vocal do Andre soar como antigamente, deixando as linhas vocais mais simples da época do álbum Reason para trás. Logo de cara a produção do álbum se mostra excelente, indicando que foi acertada a decisão de dividir a produção do álbum entre Roy Z e Sascha Paeth. Digo isso porque em Reason (último álbum da primeira formação do Shaman) Sascha parecia já ter dado tudo o que tinha que dar ao lado da banda, e por outro lado, Roy Z parece ter a estranha mania de homogeneizar o som das bandas com o qual ele trabalha. Juntar os esforços desses dois grandes produtores, assim como a seus estilos diferentes, era o melhor que eles poderiam fazer.

O trabalho da dupla de guitarras também se mostra ótimo e é responsável por alguns dos grandes momentos do álbum. E por falar em guitarras, elas são incrivelmente marcantes na música Rio, que tanto emula elementos do primeiro e segundo álbum da banda Shaman. A letra da música versa sobre a “Cidade Maravilhosa” e é um destaque à parte, e se caracteriza por ao mesmo tempo ser uma homenagem e um lamento. Mas quem melhor do que o próprio Andre Matos para falar sobre isso? Eis um trecho da entrevista que ele deu para a edição número 109 da revista Roadie Crew:

“Sobre o significado, uma boa parte da minha família ainda vive no Rio de Janeiro e passei anos da minha infância lá. O Rio que conheci quando era garoto para o Rio de hoje mudou muito. Foi interessante que quando vi esse filme (nota do blogueiro: está se referindo ao filme Cidade de Deus), que trata mais ou menos aquela época do final dos anos 70, fiquei muito tocado, tendo sensações que eu tinha quando era criança e que foram mudando com o tempo. Esta música é uma comparação do que era a realidade naquela época para o que é hoje. Ela representa aquela velha dicotomia entre o bem e o mal. Na minha cabeça ela é um tipo de homenagem à beleza do Rio de Janeiro, um dos locais mais lindos do mundo, que ao mesmo tempo está tão corrompido com tanta violência. Nesta música mostro que a violência e a beleza podem conviver, não apenas numa cidade ou país, sendo que muitas vezes isso acontece dentro das pessoas.”

Remenber Why mantêm o alto nível, graças principalmente ao seu ótimo refrão. Já How Long (Unlished Way) começa com um som meio experimental para depois desembocar num puta Heavy Metal, que em alguns momentos me lembrou bastante a música Don´t Despair (gravada em versão Demo pelo Angra mas nunca lançada oficialmente).

Looking Back remete aos momentos mais experimentais do álbum Ritual. Apostando numa repetição constante do refrão e por isso mesmo acaba sendo a música mais cansativa do álbum, apesar do meio da música ser bem interessante graças ao instrumental competente e virtuoso. Looking Back é na verdade o elo fraco do álbum.

Face The End por sua vez é para mim um dos grandes destaques do álbum. Tendo um certo ar da fase Virgo, essa música possui uma bela melodia e um dos refrões mais grudentos já gravados por Dedé. Time To Be Free começa nesse mesmo estilo Virgo de ser, para depois descambar num Heavy Metal Melódico típico da época do Angra. Time To Be Free é a tentativa de Matos de criar seu épico particular, sua carta manifesto, e talvez por isso mesmo tenha sido escolhida para ser a faixa título de seu primeiro álbum solo.

Rescue começa parecendo um refugo das gravações do Ritual, mas acaba por se mostrar a música mais pesada de todo o álbum. Os vocais guturais de Sander Gommans dão um toque todo especial à música. Logo em seguida vem o que para mim é o grande destaque do álbum: a música A New Moonlight. A nova versão para a música Moonlight originalmente composta por Andre e gravada no álbum Theater of Fate da banda Viper. A nova versão além de ficar mais longa também apresenta elementos mais experimentais. É simplesmente impossível destacar algo nessa incrível música, mas seria um sacrilégio não mencionar a sua letra, que assim como a própria música é bela. O que me faz constatar algo que já penso há muito tempo, Andre Matos é não só um dos melhores letristas do Heavy Metal nacional, como também a nível internacional.

Endeavour termina o álbum de forma digna com seu Heavy Metal de primeira. Pois é, quem é rei nunca perde a majestade, em seu primeiro álbum solo, Andre Matos demonstra que ainda têm muita lenha para queimar. Mas apesar de Time To Be Free ser um álbum muito bem executado, com algumas composições bastante inspiradas e gravado de forma soberba ele está longe de representar um marco como foram certos álbuns, tais como Theater of Fate, Angels Cry, Holy Land ou Ritual. Fica para a próxima...

Nota: 9.5

sábado, 8 de março de 2008

CD Review: Sebastian Bach - Angel Down


Sebastian Bach - Angel Down
Gravadora: EMI


Por Carlos Gonçalves

Desde que saiu do Skid Row, Sebastian Bach lançou alguns projetos solo, um DVD bem duvidoso e participou da segunda parte do projeto Frameshift, fora os inúmeros programas de TV, musicais, reality shows e uma infinidade de coisas inúteis. Até que finalmente chega ás lojas “Angel Down”, onde Bach apresenta um trabalho consistente e seguro, talvez o melhor de sua carreira. Contando com um time invejável, formado pelos guitarristas Metal Mike (Halford, Painmuseum) e Johnny Chromatic, Steve DiGiorgio (Sadus, Testament) no baixo e Bobby Jarzombek (Halford, Painmuseum) na bateria.

Esse disco conta com a produção de Roy Z, que se consolida cada vez mais como um dos melhores produtores de Heavy Metal da atualidade. E nós podemos conferir ainda uma inesperada, ou no mínimo curiosa, participação do lendário vocalista “Axl Rose” em três musicas.

Logo na primeira música, “Angel Down”, Bach nos brinda com uma paulada na orelha. Pesada, moderna e com Bach cantando de forma bem rasgada. Em seguida, “you don`t understand”, com uma veia mais melódica e uma ótima interpretação vocal. A primeira e esperada participação de Axl vem no ótimo cover para “Back In The Sadle” do Aerosmith. Em um grande dueto com Bach, Axl mostra que ainda está com sua voz afiada como uma navalha. A próxima é a empolgante "(Love Is) A Bitchslap" Que conta com um bom solo de Metal Mike e Johnny Chromatic.“Stuck Inside” vem fechando a fantástica participação de Axl Rose no disco. Alternando momentos de calmaria e selvageria.

Uma das mais nervosas do disco, “American Metalhead”, trás aquela gritaria característica de Bach, e uma avalanche de riffs pesados (parecem bigornas caindo em minha cabeça). A sombria “Negative Light”, que chega a flertar com o Trash Metal. Parece que Bach arrancou suas bolas, ele está atingindo notas altíssimas. E para fechar a trinca de peso, a cadenciada e com um refrão grudento “Live & Die”.

Bem, prepare um bom drink, chame sua garota e ouça a emotiva “By Your Side”, capaz de emocionar uma pedra. Com um grande destaque para os vocais limpos de Bach.Vamos agora com o rock’n roll de “Our Love Is A Lie”. Com um clima setentista, “Take You Down With Me” trás um vocal bem versátil de Bach. E para fechar temos as boas e pesadíssimas “Stabbin`Daggers”, “You Bring Me Down” e mais uma balada, “Falling Into You” que não deixa nada a desejar à primeira.

Pois é, castrado ou não, Bach provou que ainda tem muita lenha para queimar. Mostrando grande desenvoltura como compositor (claro que com uma ajudinha de Roy Z), conseguiu calar a boca de quem esperava um trabalho apático e repleto de baladas piegas.Ele nos presenteou com um típico álbum de Heavy Metal onde conseguiu unir dois extremos (emoção e selvageria).



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

CD Review: Neutralis – Facing the Pain


Neutralis – Facing the Pain

Por Wesley Rodrigues

O quinteto carioca mostra nesse EP que é uma banda acima da média. As influências declaradas da banda são múltiplas; vão de Halford a Pantera, passando por Candlemass, mas Neutralis não se assemelha totalmente a nenhuma delas. Na verdade, a banda consegue mostrar alguma personalidade nas faixas que compõem o disco.

São ao todo três composições intensas, inteligentes, bem gravadas, marcadas pelo peso, com bons solos, bem variadas entre si e que indicam uma banda de potencial criativo. “Facing the Pain” é um metalzão direto que nos ganha no refrão. “Chained” tem uma outra levada, menos acelerada, e o melhor solo do disco. “The Unknown Island” é uma música marcada por variações e tem momentos de flerte com estilos extremos.

Apesar da competência de todos os integrantes, o que rouba a cena aqui são os vocais. Flaveus van Neutralis tem uma voz ótima, forte e mostra versatilidade em uma performance irretocável. Ora agressivo, ora em tons mais dramáticos, as linhas vocais são todas marcadas por muito feeling e boa dose de insanidade.

Em suma, um ótimo disco que cria não pequenas expectativas em torno de futuros trabalhos da banda. Quando falam em “peso, atitude e sentimento”, eles não fazem propaganda enganosa e parecem ter resumido bem sua essência. Não sei se é por causa do meu espírito provinciano, mas dá uma satisfação fudida saber que trabalho de tão alto nível está sendo feito no Rio.
Para ouvir Facing the Pain basta fazer o download na site: www.neutralis.net

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

CD Review: Hangar – The Reason Of Your Conviction


Hangar – The Reason Of Your Conviction
Gravadora: Marhceco Records


Por Artur Henriques

The Reason Of Your Conviction é o sonho do baterista Aquiles Priester (Angra, Freakeys, Almah, ex-Di’anno), seu delírio e sua sublimação criativa. Talvez afirmar isso fosse o suficiente para descrever esse terceiro trabalho da banda Hangar. Afinal, Aquiles atua aqui não só na condição de batera, mas também como letrista de todas as músicas, co-autor das músicas, além de tomar as rédeas da produção (contando com ajuda de Heros Trench, Marcello Pompeu e Fábio Laguna).

Acredito porém, que The Reason of Your Conviction merece mais comentários. Afinal a banda, que é completada por Nando Fernandes (vocal e também integrante da banda Cavalar), Eduardo Martinez (guitarra, Freakeys, ex-Panic), Fábio Laguna (teclado, Freakeys e Angra) e Nando Mello (baixo), é responsável pelo lançamento de um dos melhores álbuns de 2007.

Esse álbum já nasce como um clássico do Heavy Metal brazuca, e isso em grande parte é devido à enorme qualidade dos músicos envolvidos assim como das músicas executadas. As músicas são sempre assinadas por mais de um integrante, e todos colaboraram pelo menos em uma música (é o caso do vocalista Fernandes) e até o ex-vocalista Michael Polchowicz chegou a colaborar com algumas músicas desse álbum.

Mas seria possível classificar o tipo de som encontrado? O Hangar executa basicamente um Power Metal, que em alguns momentos do álbum assume até mesmo umas tonalidades mais progressivas, e até mesmo Metal Extremo aparece na fórmula da sonoridade da banda (a participação de Vitor Rodrigues do Torture Squad nas músicas Hastiness e Everlasting Is The Salvation não me deixam mentir). Portanto para os ouvintes que estão apenas acostumados a ouvir o Metal Melódico, de bandas como Angra, podem estranhar um certo peso maior na música do grupo.

E por falar em Angra, devo dizer que fiquei bastante feliz de constatar que Aquiles voltou a tocar bateria de um jeito mais criativo e excitante, parecendo deixar o marasmo das linhas de bateria óbvias da época do Aurora Consurgens para trás. Mas não só de Aquiles é feito esse álbum, além dele acredito que também chamam bastante atenção o já conhecido tecladista Fábio Laguna e o excelente vocalista Nando Fernandes, que faz um trabalho sensacional nesse álbum, com bastante personalidade e que em alguns momentos me lembrou o trabalho do vocalista Jorn Lande no Masterplan.

O álbum também conta com outras participações especiais, como por exemplo a de Antoniela do Canto (locutora do canal HBO). E de ninguém mais ninguém menos que a de Arnaldo Antunes (ex-Titãs), que ao lado de Antoniela faz a narração que dá início à história contada no decorrer do álbum.

Diga-se de passagem, o conceito por trás do álbum parece ter sido alvo da mais alta dedicação por parte da banda, tendo em vista que eles não só optaram por fazer um álbum conceitual como também estabelecendo a conexão entre as letras da música, as imagens do encarte do CD e o videoclipe (da música Call Me In The Name Of Death). A história gira em torno da mente de um serial killer, desde seu primeiro ato até o surpreendente final.

A versão nacional do álbum ainda conta com uma faixa bônus e com um DVD bônus (que contêm uma seção de fotos, o videoclipe já referido anteriormente, assim como seu making off).

Acho impossível apresentar alguma música de destaque para esse álbum, pois aqui tudo está pensando nos mínimos detalhes e o melhor que posso dizer é isso: ouçam esse álbum!

Nota: 10

Track List:
1 Just The Beginning
2 The Reason Of Your Conviction
3 Hastiness
4 Call Me In The Name Of Death
5 Forgive The Pain
6 Captivity (A House With A Thousand Rooms)
7 Forgotten Pictures
8 Everlasting Is The Salvation
10 One More Chance
11 When The Darkness Takes You
12 Your Skin And Bones (faixa bônus)




sábado, 26 de janeiro de 2008

CD Review: Puscifer - "V" is for Vagina


Puscifer - "V" is for Vagina

Por Vagner "Zero" Oliveira

Puscifer é o nome do projeto solo de Maynard James Keenan, vocalista das bandas Tool e A Perfect Circle, que já fez inúmeras participações com Nine Inch Nails, Alice in Chains, Rage Against the Machine, Tori Amos, David Bowie, Jane's Addiction e Deftones entre tantos artistas. Quando este projeto foi iniciado, eram músicas nas trilhas sonoras dos filmes da série Underworld e em Jogos Mortais II.

Entretanto, esta é a definição que ele dá a este projeto em seu MySpace: "Welcome to Puscifer, my creative subconscious. Welcome to the party that goes on in my head 24 hours a day. Welcome to my island of misfit ideas. The space where my Id, Ego, and Anima all come together to exchange cookie recipes. This is a space without any hard edges. It's a space with no clear or discernable goals. CHECK YOUR OVER INFLATED EXPECTATIONS AT THE DOOR. Cuz this is simply a playground for the various voices in my head. Come play with us." Tradução/adaptação do trecho em negrito: "Deixe suas grandes expectativas de lado"

O disco começa com Queen B, música que gerou o primeiro vídeo e single do disco. Para quem está acostumado com as suas outras bandas, recebe um certo estranhamento ou ouvir um som que lembra mais a uma boate de strip-tease. Batidas que fazem o ouvinte se envolver e imaginar um ambiente de dança sensual.

Seguindo o mesmo estilo, começa DoZo (palavra em japonês para "sirva-se" e também o nome de um modelo de calcinha que é vendido em seu site). Ela possui um andamento semelhante a Queen B mas é cantada num estilo mais próximo do rap (lembrando mais uma vez que esse projeto não tem nada a ver com as bandas em que ele é vocal ou com os estilos das mesmas) incluindo ao fundo algumas palavras indicando que algo está ocorrendo.

Nas primeiras batidas de Vagina Mine, percebe-se o início da mudança de estilo. O progressivo começa a ser percebido, lembrando algumas músicas do Tool com a diferença de uma pegada mais eletrônica e ainda com os vocais num estilo rap.

Momma Sed inicia-se com um simples e lindo dedilhado de violão. Ela é, talvez a melhor música do disco. Totalmente no violão com uns poucos efeitos eletrônicos, consegue atrair o ouvinte por ser simples, calma e tranqüilizadora. O backing vocal feminino forma uma bela sintonia com o vocalista do A Perfect Circle.

Em Drunk with Power há mais uma mudança de estilo. Um blues lento com gaita bem relaxante que é fechado ao som de acordeão. A faixa seguinte dá um susto no ouvinte como se fosse um "Tá na hora de acordar".

The Undertaker é uma velha conhecida dos fãs. Ela fazia parte da trilha sonora de Underworld: Evolution. Engraçado que a versão do filme é um remix que saiu antes da original. Para quem estava acostumado com a remix, ocorre um certo estranhamento com o andamento e de como ela é cantada mas, a partir do primeiro refrão, as semelhanças com a remix começam a ser reparadas e a experiência é mais intensa. A partir daqui o som começa a ficar mais denso.

Trekka inicia com um som mais denso do que a anterior. É o tipo de música perfeito para encerramento de filme. Comparando-a com outros trabalhos, ela se assemelha a Crimes do álbum Thirteenth Step do A Perfect Circle. Indigo Children tem uma base totalmente eletrônica e um dos vocais mais graves misturados a uma linha mais falada ao tom natural. Como Vagina Mine, há um excesso de repetições em alguns trechos mas nada que possa incomodar quem esteja conhecendo o trabalho.

Quase terminando o álbum, Sour Grapes é o ponto em que mais se relembra Tool e A Perfect Circle. Não por causa da sonoridade, e sim por ser uma faixa de "enrolação". Uma base é mantida enquanto que uma voz fica falando. No disco Ænima, do Tool, na faixa Die Eier Von Satan, uma voz, em alemão começa a falar como se fosse um discurso de Hitler, como se fosse um discurso de mobilização quando na verdade, a voz estava lendo UMA RECEITA DE BOLO. Maynard sempre adorou esse tipo de brincadeira mas isso é um comentário à parte.

Rev 22:20 (Dry Martini Mix) é outra música que foi tocada nos filmes. A original apareceu no primeiro Underworld e o primeiro remix, Rev 22:20 (Rev 4:20 remix),apareceu em Jogos Mortais 2. O título da música é a abreviatura de Revelations 22:20 (Apocalipse 22, versículo 20). Um dos últimos versículos da Bíblia no qual ele faz uma piada de cunho sexual e religioso baseado nos sentidos empregados na palavra "come". Nesta versão ela se encaixa perfeitamente como música de um típico barzinho de filme estadunidense. A mixagem e edição para esta versão foram muito bem trabalhadas dando a impressão de que ela foi realmente gravada ao vivo em um bar.

"V" is for Vagina é um bom trabalho do Puscifer (nome o qual é mais um trocadilho de cunho sexual e religioso) Para os fãs inveterados de suas bandas, é um pouco impactante a primeira vez em que este álbum é escutado. Mas, depois de ouvido e entendido, é possível pegar uma nova interpretação ou auxiliar no entendimento das músicas do A Perfect Circle e do Tool.

Nota: 8,0